10 de set. de 2011

Como matar um carro elétrico


Quem matou o carro elétrico? O blog Kicking Tires do Cars.com matou um na última semana. Aqui está o que acontece quando você esgota a bateria de um Nissan Leaf até o fim.
Com todo o papo sobre a ansiedade com a autonomia dos carros 100% elétricos, ficamos nervosos com nosso Nissan Leaf apenas algumas vezes desde que o Cars.com o comprou em fevereiro, e graças a pequenos ajustes de velocidade e aquecimento, evitamos maiores problemas.
Curiosos com a experiência de uma bateria morta e a promessa da Nissan de guinchamento gratuito para quem ficar “com o tanque vazio”, nós intencionalmente planejamos um uso além do limite.
Começamos a rodar com o painel indicando cerca de 25 quilômetros de autonomia, e tudo continuou bem até que o indicador de autonomia chegou aos 13 quilômetros e começou a piscar e uma voz disse, “Bateria com carga baixa” (“low battery charge” em inglês). Como se os avisos não fossem suficientes, no painel principal de instrumentos do Leaf surgiu um ícone vermelho iluminado com uma bomba de combustível e o computador de bordo foi tomado pelas palavras “Nível da bateria está baixo” (“battery level is low”). Um ícone de aviso geral apareceu no topo do painel de instrumentos, perto da linha de visão do motorista, e até mesmo o sistema de navegação ao centro tinha uma mensagem de pouca carga, a qual você podia pressionar para ver uma mensagem em tela cheia com a opção para localizar pontos de recarga próximos.
Não sei o que mais a Nissan poderia ter feito para alertar o motorista, fora a aplicação de um choque elétrico, mas isso não ajudaria a autonomia.

Com cerca de seis quilômetros de autonomia, a voz avisou, “Carga da bateria muito baixa. Gostaria de localizar um ponto de recarga próximo?” O indicador de autonomia não mostrava mais um número, como se dissesse, “é por sua conta agora”. Rodamos cerca de 25 quilômetros até então, então estávamos às cegas. A tela de LCD exibia uma janela de aviso com a opção de localizar um ponto de recarga. Pressionamos o botão “Sim”, e o local mais próximo era a casa do editor Eric Rossi, a 9,4 quilômetros de distância. O carro automaticamente armazenou sua localização na primeira vez em que recarregou ali.
Será que chegaríamos? Bem, não era esta a questão; queríamos esvaziar a bateria, então permanecemos nas avenidas, sem o atrevimento de entrar na rodovia. Os minutos se passaram. A velocidade moderada e o clima agradável manteve o Leaf rodando (e rodando), e começamos a imaginar se o nosso Dodge Challenger com um V8 6.4 que acompanhava a aventura ficaria sem combustível primeiro.
Depois de mais uns seis quilômetros, chegamos ao objetivo – o modo tartaruga. A voz disse, “O fornecimento de energia foi limitado.” A tela do computador alternava entre as mensagens: “A potência do motor foi limitada” e “O nível da bateria está baixo”, e um ícone laranja de tartaruga aparecia ao centro.
A potência realmente havia sido limitada. O Leaf acelerava a uma razão de cerca de 1,5 km/h por segundo, então o mais rápido que consegui ir pelas ruas foi 45 km/h entre os semáforos. Este modo foi pensado exclusivamente para mantê-lo longe das avenidas e rodovias, e parar de andar. Nós continuamos.

Conseguimos cerca de 1,5 quilômetro a mais do Leaf, até que finalmente paramos depois de 34,7 quilômetros desde o começo do teste. O carro ficou em Neutro e não voltava para Drive ou Ré. O Cars.com matou um carro elétrico. As luzes e todos os instrumentos continuavam funcionando, incluindo o ar condicionado.
Às 15:45 liguei para a assistência e apertei 1 para indicar uma bateria arriada, tentando imaginar se isso era para uma bateria comum ou um veículo elétrico. Uma atendente surgiu e fez todas as perguntas de praxe. Ela disse que o guincho estava coberto pela garantia e eu seria guinchado a uma concessionária Nissan. Perguntei se ao invés disso poderia ser levado para a casa de Eric, a cerca de três quilômetros. Ela disse que sim, já que qualquer distância inferior a 80 quilômetros era permitida.
Com a minha permissão, ela usou meu celular para determinar minha localização (com uma precisão assustadora) e disse que eu logo receberia uma ligação de confirmação. Oito minutos se passaram desde que liguei. Às 16:00 uma ligação automática informou que um guincho estava a cerca de uma hora de distância. Chegou às 16:40, instalou o gancho do para-choque dianteiro e o puxou à caçamba. O motorista deixou o carro – praticamente dentro da apertada garagem de Eric – e partiu às 17:27.
Desde o momento em que o carro parou de rodar, por volta das 15:40, menos de duas horas haviam se passado. Foi chato, mas não custou nada e nem foi complicado. Imaginamos que ficar a três quilômetros de nosso destino é uma situação realista para um motorista que calcula mal a autonomia de seu carro, e ressaltou como uma unidade de recarga móvel poderia ser interessante, como demonstramos anteriormente. Com esta opção, nós poderíamos ter acrescentado carga suficiente para chegar a casa no tempo gasto para preencher a papelada para o motorista do guincho. O carro não precisaria ser lotado no caminhão, e poderíamos ter economizado outros trinta minutos do processo.
No entanto, poderia ter sido pior. Se não estivéssemos tão perto da casa de Eric, teríamos que ir a uma concessionária ou outro ponto de recarga nível 2 onde o carro ficaria por algumas horas ou mesmo a noite toda. Isso seria muito mais inconveniente que uma bateria comum descarregada ou um tanque vazio.
Um último dado: apesar de termos rodado 34,7 quilômetros, após uma estimativa de 25,7 quilômetros, a autonomia total desde o último ciclo de carga foi de 115,8 quilômetros, abaixo dos 173,8 quilômetros estimados pelo carro. Parte do trecho rodado foi de rodovia, diferente das velocidades mais baixas (e mais fáceis para a bateria) que usamos durante o teste, mas o clima estava perto das condições ideais.
Depois de testar de fato a autonomia, ao invés das estimativas do carro, tudo indica que a autonomia estimada pelo EPA (agência de proteção ambiental dos Estados Unidos) de 117 quilômetros é muito mais realista que a propaganda da Nissan de “até” 160 quilômetros. Foi o que havíamos suspeitado desde o começo.
Outro detalhe interessante: depois de três horas de recarga no nível 1 – o cabo de recarga em 120 volts que geralmente soma cerca de oito quilômetros de autonomia por hora – o Leaf estimava a autonomia em apenas 6,5 quilômetros. Nós realmente acabamos com a carga do carro.


Fonte: jalopnik.com.br
Disponível no(a)http://www.jalopnik.com.br

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