1 de jul. de 2011

Puma: o charme do felino brasileiro



Quando pensamos no conceito de fora-de-série rapidamente a idéia de algo artesanal vem à mente. Na verdade esse estilo reinou no Brasil em parte durante a década de 70 e, em especial, nos anos 80, com diferentes marcas.

Atualmente, como salientei na matéria sobre o Lobini, não temos muitas opções. Vale lembrar que com a abertura das importações, em 1990, a tecnologia e custo-benefício dos carros estrangeiros acabou com os últimos sobreviventes do nosso mercado.
Mas falando sobre nacionais que fizeram história, a Puma merece especial atenção. O primeiro modelo da marca surgiu em uma fazenda na cidade de Matão. Rino Malzoni botou sua idéia no papel e com a ajuda de Anísio Campos, o mago do design da época, conseguiu transformar seu sonho em realidade.
Originalmente projetado sobre uma plataforma DKW, o modelo ganhou mais estilo em 1968, passou a contar com a confiável mecânica Volkswagen e se tornou um dos carros mais belos já produzidos. As exportações começaram a todo vapor na década de 70 e o felino feito de fibra de vidro ganhou fãs na Europa e Estados Unidos.

A carroceria com duas janelas, chamada de “tubarão” – basta reparar nas entradas de ar laterais que mais parecem guelras – fez um tremendo sucesso. Essa geração tem um quê esportivo e cheio de personalidade. A partir de 1976 o Puma passou a contar com o chassi da Brasília e cresceu um pouco de tamanho.
Mas o nosso foco é 1971, ano do clássico da matéria. A carroceria em tom cinza combina perfeitamente com o interior preto e o painel com toques de marrom. O carro pertence ao administrador Julio Fachin, e a primeira vez que vi a máquina passando pela rua fiquei sem palavras.

Este Puma foi comprado no Rio de Janeiro. Segundo me contou o dono, a tarefa ingrata do carro era puxar uma carroça de cachorro quente pelas ruas, para que o proprietário pudesse ganhar a vida como vendedor ambulante. Não dava pra fazer isso com um Fusca?
Desse modo o trabalho de restauração levou aproximadamente um ano e meio. A espera valeu a pena. A originalidade foi restaurada ao máximo. Destaque para os detalhes do painel e o raro volante Fórmula 1 fabricado pelos irmãos Fittipaldi, acessório da moda nos anos 70.
Mas vamos dar uma volta. O ronco do motor boxer é grave. Aliás, os leitores vão notar que o ruído interno é um pouco alto dentro do carro. É necessário aumentar o volume do computador por conta disso. Mas nada que estrague o prazer de dirigir.
O clássico traz o kit Puma, um opcional de fábrica, que elevou a cilindrada pra 1.700 cm³ e contou com a adoção de carburação dupla e direito a um ronco mais esportivo. Com essas mudanças ele produz aproximadamente 110 cv de força. Nada mal para um veículo que pesa menos de 700 kg.

A posição de dirigir é bem baixa. Isso é uma qualidade. A visibilidade é restrita, pelo menos através do espelho retrovisor externo, consequência do apaixonante desenho do carro. Outro item que acho perfeito é o par de bolhas de acrílico nos faróis. Em 1974 a marca resolveu retirar esse toque de esportividade. Foi um erro.
Voltemos às sensações. Primeira engatada, o combustível sendo jorrado nos Weber 44 e pé embaixo. O clássico rapidamente pede outra marcha e segue com disposição pela rua. O câmbio de quatro marchas não decepciona, apesar de muita gente não gostar dessas transmissões.

Outro detalhe é que o pequeno esportivo quase some atrás dos carros, mesmo os sedãs menores. Com ônibus e caminhões o cuidado deve ser redobrado. Porém ele roda com charme, atraindo vários olhares após 40 anos de vida. E como dizia o folheto de época: “bom mesmo é ser minoria”.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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