7 de jul. de 2011

O rali é a modalidade mais difícil do automobilismo



Muitos de nós já são grandes fãs do rali, mas o piloto Jeff Zurschmeide diz que, se você se interessa por automobilismo, os ralis devem estar no topo da sua lista. Aqui está o porquê.
No começo da era do automóvel todas as corridas eram ralis – não existiam autódromos e ruas pavimentadas eram raras fora das cidades.
Por isso a única forma de fazer uma corrida de carros era partir do ponto A e correr até o ponto B. Foi o que fizeram em 1894. O desafio era chegar (com o carro) a Rouen partindo de Paris, uma distância de 127 km. O carro vencedor completou o percurso em 6h48min – três horas e meia à frente do segundo colocado. A velocidade média foi de 17 km/h.
Aí está: uma corrida que usava estradas não pavimentadas para ir de um ponto a outro. Quase 117 anos depois o Oregon Trail Rally foi realizado entre 13 e 15 de maio, no Portland International Raceway e nas estradas que levam ao Columbia Gorge. Os carros são um pouco mais rápidos, mas os princípios fundamentais da corrida são os mesmos: piloto e navegador em um carro que deve chegar de um ponto a outro o mais rápido possível.

Entrei no rali como navegador do carro 33, um Alfa Romeo GTV6 1982 pilotado por Austen Angell. Embora o Alfa seja uma escolha peculiar em tempos de carros de tração integral como os compactos da Subaru e Mitsubishi, o Alfa GTV6 tem uma grande história no WRC e foi um dos principais carros de sua época.

Os ralis hoje

O ambiente no Oregon Trail Rally era uma boa mistura de equipes de fábrica e talento local, trazendo equipes como o Subaru Rally Team USA, de David Higgins e Dave Mirra; Andrew Comrie-Picard, do Canadá, patrocinado pela Scion; e Dillon Van Way no Ford Fiesta liderando o rali e conquistando os fãs. Outros talentos locais completavam o grid e inspiravam os fãs.

O apelo do rali é fácil de compreender – os carros são modelos de rua, bastante conhecidos e populares entre os jovens. O lugar está cheio de Subarus Impreza WRX e STI, Mitsubishis Lancer Evolution e outros carros de baixo custo (nos EUA) como o Volkswagen Golf. Não há nenhum monoposto aqui, apenas versões preparadas de carros que os expectadores dirigem diariamente. Além disso, o tipo de pilotagem do rali é cheio de derrapagens controladas de lado, saltos enormes e o assovio longo e cativante das turbinas cheias. Os ralis são feitos sob medida para os espectadores gratuitos, ainda que a maior parte da ação aconteça em algum lugar no meio do mato.

O que você precisa saber de verdade

Não é o malabarismo automotivo diante dos espectadores que traz os competidores para o rali. O fato é que o rali é a modalidade mais difícil de automobilismo, e o desafio e a adrenalina da velocidade atrai as pessoas. Aqui está o segredo:

Ralis são caros. Algumas equipes acabam gastando 250.000 dólares ou mais em um carro. O custo dos pneus, reparos e danos ultrapassam facilmente o valor a do carro. Além disso, um carro de rali consegue correr umas 20 corridas antes de ser aposentado – e estou falando do chassi, aqui. As soldas rasgam, as junções estouram e os pontos de fixação da suspensão acabam deformados em algumas corridas. Os pneus também duram uma ou duas corridas.
Quase metade dos corredores não consegue completar a corrida. Carros não gostam de ser abusados, mas os ralis são feitos de abusos. Braços de suspensão quebrados, rodas trincadas e motores estourados são comuns no rali – isso sem contar os carros batidos.
Você não está correndo em uma pista com medidas de segurança planejadas. O slogan usado no rali é “Carros de verdade, estradas de verdade, rápido de verdade”. Você corre em estradas de terra ou cascalho no meio do nada. A estrada está cercada de árvores e o lado de fora da curva é ingreme e cheio de pedras. No rali você não roda, ajeita o carro e volta à pista.
Pilotos de rali precisam ser os melhores. O piloto de rali precisa estar acostumado com drifts de quatro rodas, a colocar o carro de lado para não perder velocidade, a saltar e a andar na velocidade máxima em um ambiente de baixa aderência e com pouquíssimo espaço para erros. Além disso, piloto e co-piloto devem estar aptos para consertar o carro em um espaço à beira da pista e ficar de olho no tempo e no material de navegação. O co-piloto precisa ler as anotações e o piloto precisa compreender um código completo que descreve precisamente o que vem adiante. Os pilotos de rali precisam saber se há uma curva fechada no topo do aclive que está se aproximando a 160 km/h, sem ângulo de visão.
Por isso, se você reclama sobre o custo das arrancadas, ralis de clássicos ou da preparação do seu carro de track day, é melhor agradecer por gastar tão pouco.
Ah… meu final de semana no Alfa Romeo? Superamos um pneu furado, superaquecimento e chuvas torrenciais, mas quando saltamos uma rampa e batemos o fundo do carro com força suficiente para quebrar o protetor de cárter, soltar a transmissão a 120 km/h e tirar os amortecedores traseiros dos coxins, nosso fim de semana estava completo.
Não disse que era difícil?
Esta história foi publicada originalmente em MyRideIsMe.com em 2 de junho de 2011, e foi reproduzida com permissão do autor.

Fonte: jalopnik.
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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