16 de jul. de 2011
Melodia automotiva do passado: Simca V8
O leitor pode ter estranhado o título desse post. Mas eu vou explicar. Há muito tempo, quando comecei a escrever as primeiras linhas sobre automóveis e seus efeitos na mente de todo apaixonado, li um parágrafo que me chamou atenção. E muita.
A matéria era sobre máquinas clássicas e automobilismo. Em determinado trecho o autor falava sobre o ronco inacreditável dos Simca Chambord quando vinham subindo a rua e passavam rasgando a reta. Achei incrível e isso ficou na minha mente durante anos.
Na verdade os carros da marca ficaram conhecidos por diversas razões. Uma delas era o conforto, além do luxo e elegância singulares de suas linhas. Outros motivos incluíam apelidos no mínimo estranhos, tais como maestro, já que provocava um concerto em cada esquina, ou Belo Antonio, alusão a um filme da época onde o ator principal esbanjava beleza e virilidade, mas deixava a desejar entre quatro paredes.
Passei um bom tempo procurando um deles para satisfazer a minha curiosidade, ainda sobre o ronco do motor, até que encontrei esse exemplar, em excepcional estado de conservação, que ilustra o post dessa semana. O clássico pertence ao médico João Reinaldo Abrahão e foi restaurado durante quatro anos.
Antes de falar sobre ele, vale a pena relembrar a história desse carro. O Chambord foi lançado por aqui em 1959. Ele trazia itens de luxo inexistentes em outros modelos e um acabamento de primeira linha. O ponto fraco era o motor, um V8 com 2,3 litros e apenas 84 cv. Um local que indico para pesquisa é o portal Simca, com fotos de época e fichas técnicas detalhadas.
O modelo também fez sucesso nas pistas de corrida, com vitórias importantes em provas de longa duração, tendo ao volante nomes como Chico Landi e Walter Hahn Jr. Na TV, ficou famoso como a viatura do “Vigilante Rodoviário”.
O exemplar do vídeo é um Tufão 1965. Nessa época o V8 recebeu alguns ajustes e entregava aproximadamente 100 cv. A versão Rallye, mais esportiva, trazia carburadores duplos e acréscimo de 20 cv na potência. Mais tarde o motor Emi-Sul, que contava com câmara de combustão hemisférica, encerrou a linha com 140 cv.
Mas a idéia é falar do ronco. Ao girar a chave, o ruído ecoou na rua como algo realmente forte, com personalidade (o leitor confere isso na metade do vídeo). O câmbio de três marchas sincronizadas na coluna exige prática e alguns quilômetros de aprendizagem.
Seguimos pela rua próxima ao estádio do Pacaembu ronronando de forma impressionante. Na subida seguinte o veterano tomou fôlego e subiu com vitalidade, deixando o som ainda mais fantástico. E como dizia a velha canção da banda Camisa de Vênus: “Nem Gordini nem Ford, o bom era o Simca Chambord”.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/
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