Sem economizar em luxo e tecnologia, a versão Saga do Miura avisava a hora de prender o cinto ou abastecer
Por Fabiano Pereira | Fotos: Christian Castanho"Aqui está uma das maneiras de se dirigir um carro do século 21. A outra é esperar 14 anos." Pode até soar presunçoso, mas o texto do anúncio do Miura Saga de 1986 não estava distante da realidade. O modelo era mesmo um mostruário dos mais sofisticados recursos de bordo para automóveis. Até para os padrões atuais o nível de equipamento do Saga impressiona. Nos anos 80, então...
Revelado no Salão do Automóvel de 1984, a nova versão era o topo de linha da marca - custava 58 milhões de cruzeiros, equivalente a 102 500 reais hoje. O Saga parecia uma versão de três volumes do Targa e do Spider. Sem o vinco diagonal dos outros dois e com frisos que percorriam as laterais, o estilo imprimia discrição, embora a frente pronunciada contrastasse com o volume curto do porta-malas. Mas seu forte eram os itens de série, como teto solar, bancos de couro, ar-condicionado e trio elétrico.
A TV em preto e branco no meio do painel era um luxo para a á epoca |
Com o motor 1.8 a álcool do Santana, que estreava nos Miura com o Saga, os 1 200 kg (70 kg mais que o sedã VW) davam trabalho a seus 92 cv - havia ainda a versão a gasolina de apenas 87 cv. Até então os Miura só usavam motores VW 1.6, refrigerados a ar e depois a água. Assim, a esportividade mesmo ficava por conta do visual. O Saga alcançava 175 km/h e ia de 0 a 100 km/h em 13 segundos, segundo a fábrica. O destaque mecânico eram os freios a disco nas quatro rodas, algo que só o Alfa Romeo 2300 Ti4 tinha. Já em 1985 o Saga correspondia a 60% da produção da Miura.
Requinte garantido pelo interior todo de couro |
O motor Volksvagen 1.8 tambem vinha do Santana |
Acima do rádio, está a pequena TV preto e branco japonesa de série, com tela de 5 polegadas, equivalente à de um celular atual. O toca-fitas Tojo traz equalizador, próximo ao controle do computador de bordo. Com sistema de voz, este avisa o motorista sobre funções como afivelar o cinto de segurança, abastecer, checar temperatura do motor e a pressão do óleo e retirar a chave do contato - o computador também controla o sensor crepuscular. Não faltava nem uma minigeladeira, instalada na lateral esquerda do banco traseiro.
O Saga não tinha o vinco lateral tipico dos Miura |
TOURADA
A empresa gúcha Besson Gobbi, proprietária da Miura, buscou o nome da marca no esportivo homônimo italiano. Lançado em 1966, o Lamborghini Miura criou a tradição dos nomes de touro de briga espanhóis nos carros da marca. Com um V12 de 350 cv, chegava a 280 km/h e voava de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos.
Motor: dianteiro, 4 cilindros, longitudinal, 2 válvulas por cilindro, carburador duplo, refrigeração a água, a gasolina
Cilindrada: 1 984 cm³
Diâmetro x curso: 81 x 86,4 mm
Taxa de compressão: 8,5:1
Potência: 87 cv
Torque: 14,6 mkgf
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: cupê de 2 portas
Dimensões: comprimento, 453 cm; largura, 169 cm; altura, 133 cm; entreeixos, 258 cm; peso, 1 200 kg
Suspensão dianteira: independente, McPherson, braços triangulares transversais, barra estabilizadora, molas helicoidais
Suspensão traseira: eixo rígido, barra estabilizadora, molas helicoidais
Freios: disco nas 4 rodas
Pneus: liga leve, 6,5 x 14; pneus 195/70 SR14Fonte: quatrorodas
Disponível no(a):http://quatrorodas.abril.com.br
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