1 de jun. de 2011

Flashback: ao volante do Ariel Atom 3


É difícil encontrar um supercarro mais dedicado ao ato de dirigir que o Ariel Atom 3, um carro que já está se tornando uma lenda. E se você é um piloto igualmente dedicado, é difícil encontrar algo melhor, como pudemos ver na pista molhada de Lime Rock.

Sim, supercarros saem de fábrica mais bonitos, mas eles têm uma “lataria”. O Atom basicamente tem capas que cobrem as partes quentes e peças móveis, pelo menos a maioria delas. Supercarros costumam ser mais luxuosos, mas eles têm “interiores” enquanto o Atom tem um par de bancos – e falando sério, com sua estrutura exposta, praticamente não tem exterior. Mas se você for o piloto certo, seu visual está na medida certa – lá está o motor, ali estão os Bilsteins, os freios estão ali (Alcons no nosso exemplar), e temos também os pneus (Toyo R888). É o lugar certo para se estar. Trata-se de uma ferramenta, e assim como a faca de um chef ou a peixeira da sogra, feito da forma mais simples e direta possível, sem nada além do necessário para gerar velocidade nos eixos certos.
Infelizmente, a fantástica pista de Lime Rock não pode colaborar, já que chuviscou o dia todo e seu asfalto parecia com a pele escorregadia de uma cobra preta – onde não se formou uma poça d’água, então ficamos restritos a algumas voltas na pista de autocross. Foi desapontador, mas me deu tempo para conversar com o pessoal da Trak Motorsports International, que assumiram a tarefa de fabricar o Atom a partir de 2008. Eles já tinham experiência com o modelo, e sabiam o que fazer com o carro.
Primeiro, decidiram substituir o Ecotec do Atom 2, que era prático mas não empolgava. Voltaram às origens do Atom com uma versão do K20A quatro cilindros 2.0 encontrado nos Civic Type R e Mugen  do mercado japonês, um motor potente que entrega 248 cavalos em sua configuração naturalmente aspirada ou 304 com um supercharger da Jackson Racing. “É um motor compacto e nervoso, um motor de competição”, disse o engenheiro da TMI. E ele não esconde; o Atom nunca chegou a ser lento em sua curta existência, mas o Atom 3 com supercharger chega aos 100 km/h em menos de três segundos. Agora é uma ferramenta de velocidade muito mais útil, e ainda é razoavelmente barato para ter e manter.
Não pude comprovar os números de desempenho na pista de autocross, é óbvio. No breve contato que tive com o carro, o motor era flexível o bastante para que pudesse ficar em terceira e acelerar numa boa. O vice-presidente da TMI, Mark Swain, nos contou que o carro era um instrumento direto e transparente – “Ele faz exatamente o que você mandar. Exatamente.”
A curta e úmida experiência preso em cinco pontos confirma a frase. O Atom responde o comando do volante imediatamente, portanto não se desconcentre. Ele acelera imediatamente; esteja pronto. E freia da mesma maneira, menos quando para enquanto segue de ré porque você não prestou atenção suficiente no quão rápido ele vira e acelera – e mesmo assim, só está seguindo suas ordens, como disse Swain. O Atom definitivamente tem tanta velocidade quanto você pode tirar dele. Assim como qualquer ferramenta, ele revela os pontos fortes e fracos de seu usuário; você pode usar a faca do chef para preparar um banquete ou pode arrancar sua mão em um momento de desatenção.

Mais tarde, surgiu um traçado seco na pista e Swain, que é um piloto extremamente rápido para alguém que tem o título de vice-presidente, nos permitiu dar algumas voltas pela pista de Lime Rock para sentir o potencial do carro. Eu esperava que o Atom, correndo em um circuito de verdade, fosse parecer frenético e nervoso, mas não foi o caso; a pista ainda úmida não atrapalhou mesmo nas partes em que a água cruzava a pista, se portou bem nos esses, e apesar da velocidade impressionante, pareceu firme e comportado. O Atom pode ter perdido o gás no final da reta de 600 m, já que sua máxima é de “apenas” 225 km/h, mas nada que atrapalhasse a experiência.
Então se você é dedicado o bastante, ou tem a paciência para tentar se tornar um piloto à altura, e tem a grana necessária, por favor, compre um Ariel Atom 3. É um carro fenomenal para as pistas, e em alguns lugares pode até ser usado nas ruas. É o melhor negócio em termos de supercarros. E no final das contas você vai se tornar um piloto melhor com ele.
Publicado originalmente no dia 2 de setembro de 2009.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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