15 de jun. de 2011

Aceleramos o Nissan March, que chega em outubro

Compacto da Nissan é o primeiro popular japonês no país e irá enfrentar Uno e Gol

Ricardo Sant'anna, da Cidade do México
Nissan
March não foge às origens: segue design "simpático" dos compactos japoneses, mas e necessário tempo até se acostumar
A partir de outubro, a dupla Gol e Uno terá um concorrente incomum. O Nissan March chega com a responsabilidade, e talvez a vantagem, de ser o primeiro “popular” de uma marca japonesa no país. Importado do México (e, portanto, isento dos 35% de Imposto de Importação), ele desembarca com a missão de ser um compacto diferente. “Os consumidores não compram carro popular com emoção, mas por ser a única opção possível. Queremos mudar essa história com um modelo inovador”, afirma o norte-americano Erik Gottfried, gerente de marketing e planejamento estratégico do March no Brasil.

Desenvolvido pela matriz no Japão, o hatch não causa amor à primeira vista. É preciso tempo para se acostumar ao visual dele. Com 3,78 m de comprimento e 1,66 m de largura, tem porte similar ao do Fiat Uno. As linhas arredondadas garantem estilo simpático, com direito a “olhos bem abertos”, graças aos faróis redondos. A traseira causa estranheza devido às pequenas lanternas nas extremidades. Mas se o design não inova, o projeto sim: foi feito para usar menos peças e, com isso, ser mais leve. A versão avaliada (1.6) pesa apenas 960 kg, com 18% a menos de componentes, diz a Nissan.

Nissan
À venda em outubro, o March será fundamental para a Nissan alcançar 5% do mercado brasileiro até 2014
É debaixo da carroceria que se esconde um dos destaques do March. A nova plataforma V da Nissan, que dá origem também ao sedã Sunny (chega ao Brasil em 2012) e a um monovolume que está fora dos planos para o mercado nacional. “A plataforma é versátil e permite um carro com teto alto, grandes vidros e rodas nas extremidades. Tem ótimo espaço interno e ampla visibilidade”, ressalta Gottfried.

Ao abrir a porta, porém, já notamos o primeiro ponto negativo: o acabamento dos painéis de porta, com plástico não muito animador e parafuso exposto. O banco é confortável, com revestimento simples. O painel segue o mesmo padrão: traz material agradável, design pouco inspirado e sistema de som do tipo double-din na parte superior, com os comandos do ar-condicionado logo abaixo. O rádio se destaca pela qualidade, infinitamente melhor aos concorrentes do mesmo nível, com bons alto-falantes e ótima sintonia.

Nissan
Há três porta-copos, além de mais nichos nas portas e sobre o pequeno porta-luvas. Quem se acomoda no banco traseiro não encontra espaço de outro mundo para as pernas, mas garante um bom recuo para a cabeça, graças ao teto alto. O porta-malas de 265 litros é tão compacto quanto o dos concorrentes.

A Nissan não esconde que projetou o March para países emergentes como o Brasil, com asfalto judiado e trânsito caótico. Assim também é o México, onde o carro foi apresentado oficialmente aos jornalistas brasileiros. Topo de linha, a versão avaliada tem motor 1.6 16V a gasolina, de 106 cv e com 14,5 kgfm de torque. É no cenário urbano que o hatch se sai melhor. Os vidros amplos proporcionam ótima visibilidade, inclusive na traseira e nas laterais, dotadas de retrovisores altos. O tamanho compacto facilita as manobras em meio ao trânsito, assim como as balizas.

Nissan
Interior simples foi pensado para economizar peças. Sistema de som surpreende pela qualidade
Interior simples foi pensado para economizar peças. Sistema de som surpreende pela qualidade
Ao dar a partida, nota-se um motor liso e silencioso, bastante agradável para quem está a bordo. O propulsor nasceu a partir da unidade 1.8 do Tiida, e será flex no Brasil. Segundo a Nissan, ele é capaz de alcançar até 15 km/l de consumo na cidade, número que deve piorar com a gasolina brasileira, dotada de etanol. Na primeira volta, a direção elétrica se mostra bem justinha e o câmbio revela engates rápidos e precisos. No entanto, a relação longa não deve agradar aos brasileiros.

Nissan
Instrumentos são simples e medidor de gasolina é digital
É preciso pisar fundo no ace-lerador para explorar a melhor faixa de torque, que só aparece em rotações elevadas. Quer exigir um pouco mais do carrinho? Você irá passar calor, pois a diferença de desempenho com o ar-condicionado desligado é nítida. Mas vale lembrar que a avaliação foi feita a 2.200 m de altitude, o que compromete o desempenho. A suspensão também não gosta de pressa. É macia, com um comportamento muito semelhante ao dos Fiat, que priorizam o conforto. “A versão brasileira será mais firme”, antecipa Gottfried.

Na estrada, o March pede intensidade em algumas ultrapassagens. O conta-giros aponta 3.500 rpm a 120 km/h, em 5ª marcha (valor normal para um 1.6), mas falta fôlego nas manobras. E vale lembrar que a versão que deve ser a mais vendida no Brasil terá o mesmo 1.0 16V flex do Renault Sandero, de 77 cv. Ou seja, emoção não é a praia desse Nissan.

O pacote de equipamentos ainda não está definido, mas a marca pretende seguir o caminho dos concorrentes. “Posso adiantar que o preço partirá de um número que começa com 2”, indica Gottfried. O fato é que o March deverá vir bem equipado por R$ 29.900 na versão 1.0 de entrada, ultrapassando os R$ 36 mil no modelo 1.6 topo de linha. A gama de cores chamativas, com tons de azul, vermelho e laranja, focará o público jovem, assim como as propagandas do carro. Embora a marca não confirme, a expectativa é que o March ultrapasse as 5 mil unidades vendidas por mês até 2014, quando a Nissan pretende alcançar 5% do mercado brasileiro.

Qual será a estratégia? Fazer referência à qualidade dos modelos japoneses e dar três anos de garantia. Incomodar o líder Gol não é tarefa fácil, mas, pelas qualidades do March, é algo perfeitamente possível. O problema é que ele não estará sozinho: em pouco tempo, compactos da Toyota, Honda e Hyundai engrossarão as fileiras de miniorientais no Brasil.


Nissan
Porta-malas tem capacidade para 265 litros. Motor 1.6 rende 106 cv, mas será flex no Brasil

Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/

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