17 de mai. de 2011

Teste: Ferrari FF honra sua linhagem

Fotos: Divulgação
Teste: Ferrari FF honra sua linhagem

F de favorita - Ferrari FF é testada em diversas situações e esbanja categoria em todas elas 
por António Sousa Pereira

A FF é uma Ferrari diferente. Distinta de todas que já foram criadas pelo mais célebre fabricante de automóveis do planeta. Até o nome sugere isso: dispensa as habituais e rebuscadas analogias com a mecânica, e se chama, singelamente, FF – Ferrari Four. O "sobrenome" é por oferecer quatro assentos de verdade e por utilizar tração 4X4 – algo inédito na marca de Maranello e com um sistema igualmente único.
O objetivo é imodesto: alterar por completo o conceito do que é um esportivo e revolucionar o mundo automotivo. E ser uma Ferrari que pode ser utilizada em qualquer circunstância, por qualquer condutor, em qualquer latitude e em qualquer época do ano. Para tanto, o FF combina a esportividade do 599 GTB Fiorano – o tempo realizado por ambos no circuito de Fiorano é muito semelhante – com uma versatilidade nunca vista num Ferrari.

    A estética é outro ponto forte. Devido à configuração tipo "shooting break" da carroceria, é inevitável a comparação com o antigo BMW Z3 Coupé. Os cuidados aerodinâmicos também são minuciosos, com inúmeros elementos que ajudam a reduzir o coeficiente de arrasto a 0,32 Cx e garantir uma elevada estabilidade a alta velocidade. Na dianteira, os faróis parecem ter vindo direto da 458 Italia. Na lateral, o destaque é do teto com caimento acentuado na traseira.

    O interior é anunciado como o mais espaçoso da gama da Ferrari. Os quatro lugares individuais permitem uma viagem em família, mesmo para pessoas de mais de 1,80 m atrás, segundo a fabricante italiana. Do mesmo modo, o porta-malas é um dos grandes atributos do FF: na configuração de quatro lugares, oferece 450 litros. E, com os dois bancos independentes traseiros rebatidos, ele cresce até 800 litros.     

    Mas o que mais se destaca no FF é o seu sistema de tração integral, concebido e patenteando pela Ferrari. De funcionamento distinto dos demais, só atua quando realmente é necessário. Tudo isso para acalmar os puristas, já que, em condições normais, somente as rodas traseiras fazem força no chão. Quando se exige que as dianteiras também o façam, o sistema de tração integral 4RM atua sem qualquer necessidade de intervenção do motorista e, muitas vezes, sem que ele sequer perceba sua ação.

    A FF também é caracterizada pela vanguarda mecânica. É o primeiro automóvel com motor V12 – de 660 cv e um torque absurdo de 71 kgfm – e tração integral a contar com diferencial eletrônico traseiro. E ainda o primeiro a combinar um propulsor deste gênero com uma transmissão de sete velocidades e dupla embreagem – derivada da que equipa os bólidos que a Ferrari utiliza na Formula 1.

    O modelo já está sendo vendido na Europa, pela "módica" quantia de 330 mil euros, algo em torno de R$ 760 mil. Mas a grande quantia não afastou os aficcionados que já encomendaram 800 unidades da FF. A produção será completa até o fim do ano, com lista de espera de doze meses. Esforço recompensado para pilotar o quatro lugares mais potente do planeta.



Primeiras impressões
   
Puro prazer

    Tirol/Áustria e Alpes italianos – A Ferrari mostra muita confiança com a sua mais nova criação. Isso porque, na hora de apresentar à imprensa, a marca de Maranello escolheu começar o teste por uma estação de esqui a 2.223 metros de altitude, ao Sul de Tirol, na Áustria. Lá, foi criada na neve uma pequena pista improvisada para demonstrar as capacidades do modelo mesmo sobre pisos de menor aderência.

    Apesar da temperatura amena e da neve começando a derreter, a experiência foi suficiente para perceber que o FF – que, de específico para a neve contava apenas pneus de Inverno Pirelli Sottozero – se comporta com uma facilidade inusitada sobre uma superfície tão exigente, mesmo a velocidades pouco recomendáveis. Apesar dos receios – afinal, eram 660 cv e 71 kgfm sob o pé direito –, a FF arrancou de forma pronta, suave e franca, sem nunca perder a compostura. O funcionamento do sistema de tração integral 4RM é sem ruído, vibrações ou reações bruscas – tudo com a maior simplicidade e suavidade. A Ferrari também se mostrou muito preocupada com o desempenho na neve ao desenvolver duas novas posições no "manettino" – que muda as configurações do carro dependendo da situação de acordo com a escolha do motorista – Wet e Ice-Snow, destinadas a permitir conduzir depressa sobre neve e gelo.

    De volta ao “nível do mar”, sobre o asfalto dos Alpes italianos, como seria de esperar, a posição de condução é simplesmente soberba, os bancos oferecem um bom apoio lateral e o volante com todas as funções integradas já é familiar.

    Em linha reta, marca pontos a fantástica sonoridade do 6.2 V12, que se transforma em música para os ouvidos. As respostas do motor são fenomenais, que se comporta com a mesma facilidade e prontidão quando se circula na cidade a velocidade reduzida ou em estrada aberta a ritmos mais proibitivos – com o ponteiro do conta-giros a “disparar” em direção às 8.000 rpm. A caixa de velocidades é capaz de garantir um fornecimento de potência ininterrupto e, com isso, não é difícil alcançar os 300 km/h em um curto espaço de tempo. E tudo com uma estabilidade direcional notável.

    Mas é em curva que, de fato, o FF mais surpreende e convence. Como o sistema 4RM funciona “apenas” até aos 204 km/h, era enorme a curiosidade de verificar como o sistema que reparte o torque de forma independente por cada roda funcionava na prática. Tanto que a Ferrari incluiu no carro de testes dos jornalistas um visor que ilustrava, em tempo real, a percentagem de torque enviada para cada eixo.

    E não restam dúvidas de que, sobre asfalto com boa aderência, tal transferência não supera os 20 ou 30% para o eixo dianteiro, como a marca afirma. Ainda assim, é o suficiente para contribuir de forma decisiva para que rapidamente se esqueça das dimensões e peso do FF, mesmo em curvas mais fechadas, onde é fácil chegar a velocidades de impor respeito graças à confiança transmitida pelo soberbo sistema de freios. Após vários quilômetros devorando pequenas retas e exigentes curvas, o veredito é simples: não existe no mercado automóvel deste porte capaz de transmitir tanta emoção.

    No fim ficou óbvio o acerto da aposta da Ferrari no FF. Sem dúvida o seu modelo mais espaçoso e versátil, fácil de utilizar em qualquer situação. Mas que também não deixará de convencer os mais exigentes pela sua extrema eficácia e pelo supremo prazer de condução que oferece – um superesportivo para toda a família.




Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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