A pergunta que sempre nos fazemos quando estamos escrevendo mais um texto para a nossa Garagem é: o que faz um carro dos sonhos? São muitas variáveis a se considerar, desde o impacto emocional, relevância histórica, construção luxuosa, desempenho invejável, e por aí vai. Claro que é fácil fazer uma lista de carros que nos tiram o fôlego e abrem um rombo na carteira, mas desenvolver uma paleta equilibrada não é tarefa das mais simples. É fácil listar algumas dezenas de carros lendários cobertos de história do período pós-guerra e escrever algumas linhas sobre eles, mas isso seria chato demais. Às vezes um carro sem história alguma — ou até uma certa má fama — é tão espetacular quanto um clássico. Algo como o Caparo T1.
É quase racional (de uma maneira doentia, claro) que o Capato T1 fosse fruto das mesmas mentes que trouxeram ao mundo o McLaren F1. O carro feito para superar todos os outros, marcar presença em pôsteres que cobriram as paredes dos quartos de todos os garotos e estampar as páginas de todas as revistas da época. No entanto, mesmo com seu design e todas as inovações técnicas, ainda era algo convencional. Claro que havia o motor V12 BMW e a carroceria exótica estavam lá, bem como sua performance inigualável, mas e se retirássemos tudo o que não fosse necessário até sobrar apenas a essência da velocidade?
Este foi o desafio com o qual os engenheiros do Caparo se depararam. Começando com um monocoque todo de fibra de carbono inspirado nos carros de corrida, os ex-engenheiros da McLaren Ben Scott-Geddes e Graham Halstead lideraram a equipe de construção do T1 com peças que, quase em sua totalidade, são adaptadas das pistas. O motor é baseado em uma unidade que competiu na Fòrmula Indy — um V8 de 3,5 litros que gira a até 10 500 rpm. A usina de 583 cv trabalha em conjunto com uma transmissão pneumática de fibra de carbono e magnésio. O projeto da transmissão já fala por si só o nível absurdo da engenharia empregada nesse carro, algo sem limites e que beira o irresponsável. Esses caras são construtores de carros de corrida de verdade, a ponto de terem criado pacotes aerodinâmicos intercambiáveis, com o intuito de adaptar o desempenho para altas velocidades e corridas de curta ou longa duração.
Pesando apenas 464 kg, o Caparo T1 envergonha qualquer outra máquina com seu inteligente aproveitamento de compostos na carroceria. Para se ter uma ideia, isso é nível de Fórmula 1. Em seu review do Caparo, Jeremy Clarkson nos lembra que a relação peso-potência do T1 é duas vezes melhor do que a do todo-poderoso Bugatti Veyron — duas vezes! Parece mais um avião a jato com asas invertidas do que um carro. De zero a 100 km/h em meros 2,5 segundos. De zero a 160 km/h em apenas 5 segundos.
No pico de seu efeito aerodinâmico, sua aceleração horizontal chega a 2.5 g. Naturalmente, quando abaixo da velocidade necessária para que essa força apareça, a potência absurda e o baixíssimo peso se combinam para criar um carro que é um verdadeiro soco na cara — e com razão, afinal, se você paga 350 mil dólares para ter o automóvel de rua definitivo, é bom que ele seja estupidamente rápido e que te castigue sempre que cometer um erro, sem se valer de parafernalha eletrônicas para proteger alguém que ouse pilotar além do que sua capacidade permite, certo?
Jason Plato, do Fifth Gear, viu seu Caparo T1 pegar fogo enquanto acelerava a 250 km/h. Na sua vez de pilotá-lo, Jeremy Clarkson confessou estar com medo – e comprovou seus temores ao perceber que o T1 só ganha aderência em altas velocidades, quando o downforce o empurra contra o chão. Em curvas mais lentas e principalmente na chuva, o carro é um convite para acidentes incontroláveis. Mesmo assim, com The Stig ao volante, o Caparo baixou em inacreditáveis sete segundos o recorde do Koenigsegg CCX na pista do Top Gear.
E assim voltamos à pergunta ‘o que é um carro dos sonhos?’ Se o sonho for performance completa e irrestrita, é difícil imaginar outra coisa que supere a capacidade do T1. Se um carro dos sonhos é algo que inspirou e ainda inspira outros carros, novamente é difícil imaginar algo mais puro do que o T1. Se você fosse nos perguntar que carro será lembrado como a principal influência para a próxima geração de supercarros, apostaríamos todas as fichas que esse carro seria o Caparo T1. Em forma e função, brutalidade e desempenho, este carro não tem equivalentes, e é por isso que ele faz parte de nossa Garagem dos Sonhos.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/
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