16 de mai. de 2011

Cafe Racer - a antítese das choppers americanas para meu amigão Wiler



“Eu trago em mim dois corações, um que é… dos carros, e outro das motocicletas”. Que me perdoe Paulinho Moska, mas iniciar este post embalado por suas canções foi mais do que inspirador. Apaixonado por carros desde que minha vaga lembrança percorre meus arquivos mentais, as motos sempre me fascinaram também.
Por cuidado de mãe, juizo imbuído à marretadas e duas filhas pequenas para criar, tenho me contentado apenas em escrever sobre elas (vez ou outra dando algumas voltas na moto da empresa apenas para saciar desejos, mas ó, é segredo!).
Não gosto de ver vídeos na internet sem muito conteúdo. Vídeos de cenas isoladas e takes sem aleatórios nao fazem muito meu estilo, por isso me identifiquei bastante com as produções de Benedict Campbel sobre a Kott Motorcycle de Dustin Kott. O nome do filme é Cafe Cowboy (vale pegar uma pipoca e um refri).

Cafe cowboy from benedict campbell on Vimeo.
Ele retrata a história da Kott Motorcycles, onde Dustin Kott fabrica suas motocicletas desde os anos ’70 ao melhor estilo Cafe Racer, tratando-as como obras de arte únicas. Em uma das cenas do vídeo é possível ouvir de Dustin: “os Hot Rods são a versão americana das Cafe Racers na Inglaterra”. Pode até parecer petulância, mas as raízes realmente são as mesmas. Para quem não entendeu o título do filme, Cafe Cowboy é uma referência à confusão em que Kott se meteu ao produzir Cafes no país das Choppers.
Uma Cafe não tem excessos. Tudo deve ser essencial e estar em perfeita harmonia. Cada uma é feita sob medida para seu proprietário. A especialidade é a customização de motocicletas Honda da década de ’70 com quatro cilindros. A empresa fica próximo a Los Angeles, e Dustin Kott fabrica artesanalmente cada peça utilizada. “Não sou exatamente apaixonado por motocicletas Honda, mas aos meus 18 anos, era isso que eu poderia comprar a um preço acessível” – diz ele em seu site. Sua primeira motocicleta foi um presente de seu avô e hoje está guardada com muito carinho em sua oficina.

Sobre as Cafe Racers
Após a Segunda Guerra Mundial, a produção de motocicletas era bastante restrita. Assim como nos Hot Rods, o jeito foi improvisar. Na década de ’50, alguns Ton-up boys (título dado aos pilotos que ultrapassam as 100 mph) uniram um potente motor de Triumph em um chassi de Norton e toda a lataria moldada a ferro, marreta e solda para melhorar a aerodinâmica. Estava pronta a primeira motocicleta da marca Triton (Triumph + Norton), a primeira Cafe Racer.

Na mesma balada dos Ton-up Boys vieram os Rockers, na década de ’60. Estes eram pilotos que utilizavam em suas vestimentas de couro diversos adereços metálicos, calças jeans surradas e botas de aviador. Andavam geralmente em bandos e tornaram as corridas sempre comuns nos arredores dos cafés – daí veio o nome do estilo. O rock’n roll sempre embalava os encontros e as músicas nas jukebox. Os Cafe Racers acabaram se tornando uma subcultura européia que os pais temiam e as garotas se derretiam.

Na Europa de estradas tortuosas as motocicletas migraram para outro extremo daquelas feitas nos EUA, onde grandes estradas retas cortavam o país. No estilo Chopper, o piloto anda folgado, largado sobre a moto. Nas Cafes, a motocicleta tornou-se mais ágil e com maior maneabilidade. Não é uma motocicleta confortável por conta da posição, mas a intenção nas Cafés é que elas fossem aerodinâmicas, ágeis e rápidas, com bancos retos, guidons caidos, tanques de grandes proporções e um chassi bem rígido. A grosso modo, seria como comparar os Muscle Cars com os pequenos roadsters ingleses.
A questão a ser resolvida era simples: colocava-se uma música na jukebox, e o piloto deveria sair de um café (lanchonete), ir a um ponto pré-determinado e retornar ao café antes que a música escolhida parasse de tocar. A mesma música tocava para o desafiante; quem chegasse antes era o vencedor. Um segundo objetivo era fazer com que sua motocicleta ultrapassasse a barreira das 100 milhas por hora, o que já estava intrínseco no objetivo principal uma vez que geralmente estes percursos tinham cerca de 3 milhas de distância e as músicas (no estilo Rockabilly) geralmente tinham cerca de dois minutos.

Outras motos apareceram na mesma época, fazendo bastante sucesso com seus motores de grande cilindrada e ausência de carenagem, até que as montadoras enxergaram o mercado e passaram a oferecer motos prontas. Medidas extremas já não eram necessárias para obter uma peça diferenciada, e ter uma Cafe Racer passou de busca por desempenho a uma questão de estilo. Hoje, várias empresas fabricam motocicletas assim.
Um dos principais cafés da época era o Ace Cafe, em Londres. O local funcionou de 1938 a 1969, tendo sido reconstruido depois da Segunda Guerra. Foi fechado e deu lugar a uma borracharia, sendo re-inaugurado em 1997 com a ordem de resgatar a memória do local. O bar funcionava 24 horas e tornou-se um dos principais pontos de apoio aos motoristas da estrada A406 e dos motociclistas que paravam no local para ouvir música e jogar conversa fora.
E para os que acham as Cafe Racers um tanto quanto antiquadas e com cara de “CGzinha véia”, saiba que foram elas que incentivaram um novo estilo de personalização das motocicletas mais novas, chamadas de StreetFigthers.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/

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