André Ribeiro venceu primeiro Grande Prêmio da Indy disputado no Brasil, em 1996, realizado no Rio de Janeiro Foto: Getty Images |
"Correr em casa é muito diferente. Lembro que fiquei três dias e três noites sem dormir depois de ganhar no Rio, tamanha era a excitação, a quantidade de promoções e eventos nos dias seguintes", conta Ribeiro, que superou nomes importantes do automobilismo mundial para vencer a prova no Autódromo de Jacarepaguá, como os americanos Michael Andretti e Jimmy Vasser, os brasileiros Gil de Ferran e Emerson Fittipaldi, e o italiano Alex Zanardi.
Passados 15 anos da sua vitória no Grande Prêmio do Rio de Janeiro de Fórmula Indy, o que você ainda lembra daquela prova?
André Ribeiro: Eu lembro bastante da corrida. Foi tamanha emoção, repercussão, que foi um negócio difícil de esquecer. Primeiro em função do contexto da corrida. O Brasil vinha de uma fase de baixo astral em relação ao automobilismo pela morte do Ayrton Senna alguns anos antes, a Fórmula 1 estava em baixa e a Indy acabou tendo uma dimensão muito grande. Foi a primeira corrida no país, então aquela vitória trouxe um atrativo, uma alegria que os brasileiros há tempo não sentiam. Tive o privilégio de vencer outras provas como as 500 milhas de Michigan, que era considerada a corrida mais perigosa do mundo, mas nada se compara a vencer em casa.
Qual a diferença de correr no seu país em relação às outras provas do campeonato?
André Ribeiro:Naquele fim de semana, todos meus amigos, toda minha família, todas as pessoas que se envolveram de alguma forma na minha carreira estavam lá, o que normalmente não acontece. Em Michigan, acabou a corrida, todo mundo foi embora, coloquei o troféu debaixo do braço e fui para o hotel. No outro dia já estava viajando. Lembro que fiquei três dias e três noites sem dormir depois de ganhar no Rio, tamanha era a excitação, a quantidade de promoções e eventos nos dias seguintes.
Essa atmosfera especial é uma motivação para os pilotos brasileiros?
André Ribeiro: Acho que isso tanto pode ajudar, quanto pode atrapalhar. Ajuda porque a energia é absurda, pelo menos as vezes que corri aqui senti isso. É uma energia muito grande, que te estimula, mas se você não souber lidar com isso acaba prejudicando. Porque isso pode deixar você ansioso, assustado, distraído. Depende de como cada um vai lidar, o assédio é grande e é diferente.
Você acha que os brasileiros têm chance de aproveitar essa energia e fazer uma boa prova em casa?
André Ribeiro: Eu acho que o Tony Kanaan tem boas chances, o Helinho Castroneves também. A Bia Figueiredo está melhorando do braço, o que é uma coisa espetacular. As pessoas às vezes não têm noção de que ela dirigiu a última corrida em Long Beach com uma mão só, é quase surreal. É óbvio que ela tem a outra mão, mas não tem o tato, nem a mobilidade do pulso que você precisa para virar o volante. Acho que a Bia tem chances de fazer uma corrida boa, mas não tem condições para vencer. Se isso acontecesse seria uma grande surpresa. O Vitor Meira foi muito bem no ano passado 3º colocado , conhece o circuito e pode vir motivado. De forma geral o Brasil tem boas chances.
Qual sua opinião sobre os circuitos de rua da Indy, especialmente o de São Paulo?
André Ribeiro: O contexto de hoje é semelhante ao que vivi. Você tem pilotos jovens e várias pistas novas. Sempre gostei muito de circuitos de rua, porque além de ser desafiador, aproxima demais o público da corrida e São Paulo é um excelente exemplo disso, com a Reta do Sambódromo. Acho bacana e para o Brasil ter esses eventos é fundamental. Fora São Paulo, não me lembro de outra cidade que tem dois eventos de alto nível, como a Fórmula 1 e a Indy. Acho que só Indianápolis, que recebe a Nascar e a Indy.
E os problemas ocorridos na prova do ano passado? Os pilotos reclamaram bastante da Reta do Sambódromo ser escorregadia.
André Ribeiro: Acho essas coisas fantásticas e são normais. Corri na primeira prova de rua de Miami, no centro da cidade, e teve diversos problemas. Lá as chicanes eram feitas com estruturas plásticas que tinham água dentro. Então, os carros tocavam nessa estrutura, que estourava e toda a água ia parar na pista. Era um negócio bizarro, mas faz parte. Me lembro de uma corrida em Detroit, que aconteceu o mesmo do que em São Paulo, de a parte de concreto da pista ser lixada durante a noite. Isso acontece em muitos circuitos pela primeira, a F-1 mesmo já teve problemas em Mônaco, na Austrália as zebras também se soltavam. É claro que com os anos vai melhorando, vai evoluindo.
Fonte: terra.com.br
Disponível no(a):http://esportes.terra.com.br
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