8 de abr. de 2011
Garagem dos Sonhos: McLaren F1
Eu sei, já falamos bastante dele aqui um sem número de vezes. Além disso, o novo MP4-12C cometeu a heresia de superá-lo em alguns números. Mas em nosso universo de carisma, exclusividade, significado e paixão chamado Garagem dos Sonhos, este carro continua no topo. E ali permanecerá.
Na cabeça de qualquer pistonhead o McLaren F1 é o maior sinônimo da palavra sonho. Na verdade ele pode muito bem ser o maior supercarro já fabricado. Deve ser por isso que o sultão do Brunei tem (tinha?) oito desses. Dê só uma olhada.
Como muitas outras ideias, o McLaren F1 surgiu de um desenho em um guardanapo. Enquanto esperava o avião, o projetista, engenheiro-chefe e mago Gordon Murray propôs a ideia de construir o supercarro definitivo, o maior esportivo de todos os tempos, a Ron Dennis, CEO da McLaren.
Ron gostou. A ideia não era nova ou devastadora: coloque um motor muito potente em um carro leve para dar aos entusiatas a pilotagem de sua vida. Carroll Shelby fazia exatamente o mesmo há anos. Contudo, o que fez este projeto tão bem sucedido foi a execução, que é melhor descrita como impecável. Não, melhor que impecável. O F1 é o supercarro versão 2.0.
O que ele tem de tão especial? Bem, na verdade, tudo. Começando pelo incrível motor. Desde o começo Murray especificou que o motor teria que ter aspiração natural. Apesar de criar montes de potência, a aspiração forçada tinha alguns inconvenientes. Um problema é que à medida em que a complexidade aumenta, a confiabilidade diminui. Certamente não quebraria o encanto, mas quando você se propõe a construir o melhor esportivo da história, ter um carro na oficina não é nada bom. Mas o outro problema com compressores e turbos é que quando eles estão girando o motorista tem menos controle sobre o motor, como se houvesse um amortecimento entre a usina e o pé direito do motorista. Nada bom, dizia Gordon Murray.
Murray procurou um motor. Primeiro tentou com a Honda e depois com a Isuzu. A Honda era uma possibilidade real, uma vez que seus motores foram usados nos carros de corrida da McLaren por um bom tempo. A Honda acabou desistindo e a McLaren decidiu que, por mais apropriado que o V12 Isuzu pudesse ser, eles precisavam de um fabricante com alguma credibilidade em esportivos. É aqui que entra a divisão M da BMW. Quem poderia ser melhor para construir um motor?
Murray pediu que a potência fosse de 550 cv e o peso máximo de 250 quilos. Os engenheiros da BMW entregaram a ele um V12 de alumínio com 265 quilos que gerava 627 cv de potência e 66 kgfm de torque, com comando duplo variável para as 48 válvulas. Murray aceitou.
Obviamente um M70 customizado é um motor espetacular. Mas se você quer produzir o melhor superesportivo do mundo, vai precisar de muito mais que um monte de potência. O McLaren F1 foi o primeiro carro de produção a ter um monocoque de fibra de carbono, derivado dos carros de corrida da McLaren. Caso você esteja se perguntando, a palavra monocoque é o termo em francês para “monocasco”, o que significa que a carroceria faz parte da estrutura do carro e aumenta e suporta a torção, em vez de construir um chassi e montar sobre ele uma carroceria que não atua como reforço. Isso mesmo, é um jeito francês e metido de dizer “monobloco”.
A construção de um monobloco usando fibra de carbono foi um grande avanço, uma vez que garantiu ao F1 uma inigualável relação peso/potência. Quão inigualável? O F1 foi lançado em 1994 com uma relação peso/potência de 1,99 kg/cv. Quando a Ferrari Enzo foi lançada em 2002, conseguiu “somente” 2,3 kg/cv. Foi preciso o superlativo Bugatti Veyron para bater o F1 com seu 1,88 kg/cv (apenas para comparar, o espartano SSC Ultimate Aero TT tem uma absurda relação de 0,99 kg/cv).
Se você ainda não percebeu até agora, o McLaren F1 é rápido. Na verdade, chamar o F1 de “rápido” é como chamar Anderson Silva de “lutador”. Diz o que faz, mas não mostra o estrago. Então vamos relembrar o quão insano o McLaren F1 é. A aceleração de zero a 96 km/h é feita em 3,2 segundos. Zero a 160 km/h em 6,3. O quarto-de-milha é despachado em 11,1 segundos a 220,8 km/h. Zero a 240 km/h em apenas 12,8 segundos e para largar do zero aos 320 km/h é preciso em exatos 28 segundos. Mas claro, o F1 não para por aqui. Em uma reta longa o bastante ele pode chegar a 384 km/h. Em 1994. E esta é apenas a versão “normal”.
Sem contar os sete protótipos, a McLaren construiu apenas 100 F1. Dos quais 72 eram carros “normais” e 28 foram modificados para corridas. Cinco LM, ou LeMans, foram construídos. Os F1 LM eram 45 quilos mais leves que o modelo padrão (que pesava 1140 kg). Os LM também tiveram seus motores modificados para gerar 680 cv. Um novo transeixo reduziu a velocidade máxima para apenas 369 km/h, mas era capaz de atingir os 160 km/h em apenas 5,9 segundos, um recorde mundial. O F1 LM também era capaz de acelerar de zero a 100 km/h e depois frear até a imobilizade em 8,5 segundos, outro recorde. Todos os LM foram pintados de laranja papaya, exceto os dois vendidos ao sultão do Brunei, que foram pintados de Garagem dos Sonhos: McLaren F1">preto e prata.
Como a McLaren era um fabricante de carros de corrida, 28 F1 GTR foram construídos para as pistas, e um deles venceu as 24 Horas de LeMans de 1995. Outros dois F1 GT foram construídos para homologação. Eles eram basicamente versões de rua e sem asa traseira dos GTRs de traseira alongada. A maioria dos GTRs, quando aposentados das pistas, foram convertidos em modelos de rua, com abafadores e sem placas restritoras.
Poderíamos divagar sobre ele o dia todo. O F1 foi um dos primeiros carros de produção seriada a usar a downforce como auxílio no desempenho. O motor produzia tanto calor que folhas de ouro do ônibus espacial foram usadas como isolamento no cofre do motor. Ele gerava cerca de 1,3 G de aceleração lateral. O motorista/piloto sentava-se no meio, enquanto sua esposa e outra senhorita ficam atrás dele, uma em cada lado. Ele tem malas exclusivas para serem acomodadas perfeitamente nos bagageiros laterais.
Mas tudo o que você precisa saber antes de colocá-lo em nossa garagem dos sonhos é que o McLaren F1 deteve o título de carro mais rápido do mundo por inigualáveis 12 anos. Isso é mais tempo que qualquer outro supercarro. Ah, e tem mais um detalhe: o F1 tinha uma caixa de marchas de verdade, completa com embreagem e alavanca de câmbio. Nada de aletas e botões no volante.
Fonte: jalopnik.
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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