15 de mar. de 2011

Renault pede desculpas após denúncia de espionagem

Montadora acusou executivos, mas Promotoria não encontrou provas. Acusados, que haviam sido demitidos, poderão voltar à empresa francesa.

carlos ghosn renault (Foto: Pierre Verdy/AFP)
Brasileiro Carlos Ghosn falou à TV francesa TF1
na última segunda (Foto: Pierre Verdy/AFP)
O presente da Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, pediu desculpas na última segunda-feira (14) a três executivos que foram demitidos "por engano", segundo a montadora, após serem acusados de vender dados de projetos da empresa. Eles se diziam inocentes.
A Renault levou o caso à Justiça Francesa em janeiro passado, e o pedido de desculpas veio depois de a Promotoria de Paris dizer que não encontrou nenhuma evidência de espionagem.

Nesta terça (15), o governo francês, que detém 15% da Renault, criticou a montadora. "Acho anormal que uma empresa tão grande quanto esta tenha decaído para o amadorismo", disse o porta-voz do governo, François Baroin, em entrevista à TV francesa. "Deve haver consequencias", completou. Mas o ministro da Indústria, Éric Besson, cumprimentou Ghosn pelo pedido de desculpas. "O que ele disse ontem foi muito importante... Mas não foi o fim da história".
A Renault pretende reintegrar os executivos ao seu quadro de funcionários. Ghosn e o chefe de operações, Patrick Pélata, também pretendem encontrá-los para discutir compensações pelo prejuízo à imagem deles. Segundo jornal "Wall Street Journal", Ghosn teria dito que Pélata chegou a colocar seu cargo à disposição, mas o CEO se recusou a demiti-lo. Mas Ghosn teria concordado que ele, Pélata e outros executivos envolvidos nas demissões abrirão mão do bônus de 2010. A montadora também diz que irá rever seus procedimentos de segurança.
Entenda o caso
O escândalo surgiu em janeiro passado, quando a fabricante de veículos apresentou denúncia à Justiça da França, dizendo que havia sido vítima de uma rede organizada internacional que tentou roubar da empresa informações econômicas, tecnológicas e estratégicas a favor de interesses estrangeiros. O foco da espionagem seriam os veículos elétricos, a principal aposta do Grupo Renault Nissan para os próximos anos.
O jornal "Le Figaro" publicou que a suposta rede de espiões havia movimentado uma conta bancária na Suíça e outra em Liechtenstein, com 500 mil euros e 130 mil euros, respectivamente, e apontou que o dinheiro procedia da China Power Grid Corporation, um gigante da distribuição elétrica com base em Pequim. No entanto, a China negou qualquer envolvimento no caso.
Ao mesmo jornal a Renault afirmou que não deu tempo de a empresa ser prejudicada: “Nenhum tesouro tecnológico ou estratégico, no que diz respeito a inovações, vazou para fora da empresa, incluindo as 200 patentes inscritas ou em processo de inscrição”.
A Promotoria investiga a atuação de Dominique Gevrey, funcionário do departamento de segurança da montadora, a quem a Renault dado dinheiro para que pagasse a informantes em troca de detalhes sobre o suposto vazamento de dados e as transações bancárias. O promotor Jean-Claude Marin disse que Gevrey foi encontrado pela polícia francesa na última sexta (11), quando tentava pegar um voo para Guiné, na África.
O advogado dele, Jean-Paul Baduel, disse nesta terça que Gevrey chegou a ser detido, mas não indiciado. "Ele é inocente", afirmou. "Ele vai à África seis ou sete vezes ao ano."

Fonte: G1
Disponível no(a):http://g1.globo.com/carros

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