Seguindo em frente com as lembranças automotivas iniciadas na semana passada, hoje vamos dar uma olhada nos esportivos da década de 90, época da abertura das importações, e que viu a chegada de BMW, Audi, Mitsubishi, Alfa, Subaru e outras marcas de renome. Vista em perspectiva, essa situação ajuda a desmistificar um pouco a desculpa de que hoje não temos mais esportivos nacionais simplesmente porque os importados tomaram seu lugar. Na verdade, esse lugar continua vago, como você verá a seguir.
Começando pelo Gol, o destaque vai para o GTI, o primeiro carro nacional com injeção eletrônica lançado no finalzinho dos anos 80. O hatch se tornou o mais rápido do Brasil e vinha equipado com o motor de 2,0 litros, 120 cv brutos e o já conhecido acabamento esportivo caprichado, com bancos Recaro, estofamento cinza e escapamento Kadron. Inesquecível.
Na geração seguinte, a bolinha, a versão iria se despedir do mercado com o Gol mais potente já fabricado: o GTI 16V. O motor alemão de 2,0 litros, comando multiválvulas e com 145 cv brutos aliados ao baixo peso deu origem a um verdadeiro mito urbano. A velocidade máxima passava dos 200 km/h, além do charme do ressalto sobre o capô e do estofamento bicolor opcional.
Antes, ainda na linha Volkswagen, o GT se transformou em GTS e seguiu firme como carro-esporte. A versão com comando bravo e aproximadamente 105 cv brutos (reais) era mais acessível que o irmão eletrônico, e fez fama nas mãos de preparadores. Seu sucessor foi o TSi, que já não aparentava nenhum outro diferencial, além das rodas e spoilers, apesar de ter tido uma versão com motor 2.0.
O Kadett GS – depois GSi – era algo realmente interessante. O projeto europeu trazia as linhas mais modernas do mercado nacional na época, e naturalmente esportivas. Aliás, até hoje são belos carros. Ele recebeu um motor de 2,0 litros e 110 cv (com injeção 120 cv), molas e amortecedores recalibrados, relação de marchas mais curta e o inédito sistema com bolsas de ar na parte traseira. Por dentro, seu painel digital impressionava. Por fora, a versão conversível foi provavelmente o mais exclusivo carro de série da GM brasileira: sua carroceria era enviada até o estúdio Bertone na Itália para ser modificada, e só então retornava ao Brasil para a montagem final.
Outro ícone europeu que chegou na metade da década foi o Corsa GSi. O foguetinho que revolucionou o mercado de populares no Brasil trazia um moderno motor Opel de 1,6 litro, 16 válvulas e 108 cv. O bloco feito na Hungria estava bem à frente de outros produtos da marca por aqui, e o desempenho fazia jus à sigla: 0 a 100 km/h em pouco mais de 9 segundos e velocidade máxima na casa dos 192 km/h.
E tinha mais. Quem se lembra do Vectra GSi? O motor de 2,0 litros e 16 válvulas com pistões forjados despejava nada menos do que 150 cv no asfalto. Os 100 km/h eram atingidos em 8,5 segundos, e a velocidade máxima de 207 km/h o tornou o mais veloz do país. As rodas de 15 polegadas viraram febre na época.
Na Ford o XR3 seguiu a linhagem, mas recebeu um coração novo após a criação da Autolatina. O motor idêntico ao do Gol GTS casou bem com o ótimo acabamento e deu vida nova ao modelo. Em 1992 a série Formula fez sucesso com os amortecedores eletrônicos.
No ano seguinte ele recebeu uma reformulação, motor de 2,0 litros e freios a disco nas quatro rodas. Particularmente não é minha geração favorita, mas muita gente considera esse o seu ápice. Cinco anos mais tarde a RS chegou ao mercado, mas como era idêntica mecanicamente às outras versões, vamos deixá-la em segundo plano, apesar do elogiável motor Zetec.
A Fiat teve nos anos 90 uma trajetória com grandes lançamentos. O Uno 1.5 R se tornou 1.6 e deu lugar a um verdadeiro mito: o Turbo i.e. Esse sim, o primeiro nacional turbinado de fábrica, provocava palpitação pelas ruas, a começar pelas cores: preto, vermelho e amarelo. A opção verde viria mais tarde. Todas elas traziam para-choques gulosos, e foram fabricadas em números bem limitados.
O bloco de 1,4 litro e 114 cv entregava esportividade de sobra a um carro tão pequeno e leve. Imagine um Uno chegando aos 195 km/h? E não era só isso. Painel completo com fundo vermelho, a mesma cor dos cintos de segurança, e um kit estético primoroso faziam com que fosse reconhecido de longe.
Nessa esteira da novidade surgiu o Tempra Turbo. O modelo de duas portas entregava 165 cv, rugia como um trovão acima dos 3 mil giros e chegava aos 220 km/h. A suspensão foi toda redimensionada para maior potência e comportamento esportivo. A versão Stile tinha o mesmo desempenho, mas com um toque de classe – ou caretisse, dependendo do gosto.
No final da década o Marea Turbo chegou como um sinal de que a Fiat realmente prezava aqueles que escolhem seu carro pela potência e nervosismo do motor. Equipado com um cinco cilindros de 2,0 litros e 182 cv, trazia as características entradas de ar no capô, painel com fundo branco e pedaleiras. Bastava enfiar o pé no acelerador para escutar o ronco único da turbina em funcionamento, sempre com relativa discrição visual.
Acabou? Que nada. O Tipo bravo, chamado Sedicivalvole, com motor de 2,0 litros, 16 válvulas e 137 cv era outra arma da marca italiana. Ele podia ser reconhecido pelas saias laterais e detalhes vermelhos. No interior bancos esportivos e emoção de sobra para destacar da versão comum que chegou a ser o carro mais vendido no Brasil, mesmo sendo importado, até que uma série de incêndios acabasse com sua reputação.
Vocês viram como o post foi extenso? Acredito que na próxima seqüência vou usar metade do texto, devido à falta de novidades. Muitos desses modelos descritos acabaram destruídos em rachas ou caíram na mão de proprietários que não deram o valor que eles mereciam.
Olhando todas essas opções, custa acreditar que esse mercado é tão pobre em opções mais apaixonantes hoje em dia. Aliás, o pessoal falou sobre os esportivos das décadas de 60 e 70. Fiquem tranqüilos. Eles terão um tópico especial. Afinal, deram o pontapé inicial para toda essa brincadeira.
Fonte:jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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