16 de mai. de 2012

O mistério dos pneus Cooper Cobra que explodem



Pneus com letrado branco – o clássico estilo raised white lettering (RWL) – são o sonho de consumo de nove entre dez entusiastas fãs de muscle cars. Firestone Wide Oval, Goodyear Poliglas… muitos deles saíam de fábrica com estes pneus, cujo visual lembra o dos carros de corrida da época.

No Brasil, infelizmente, só há basicamente uma opção RWL com cardápio respeitável de medidas nos aros 14 e 15: os Cooper Cobra Radial G/T. E, por algum motivo que estamos tentando descobrir, está acontecendo uma onda de explosões destes pneus com consequências nada agradáveis para os carros e seus donos. Veja alguns destes casos neste post.

Este foi um dos primeiros casos de que tive notícia. Fevereiro de 2009. Alexandre, dono deste belo Dodge preparado com um motor de 360 polegadas cúbicas, estava fazendo algumas aferições no dinamômetro quando, repentinamente…

…o pneu fez jus ao nome e, bem, descamou a banda de rodagem da estrutura. Felizmente, apesar da malha exposta nos ombros, ele não chegou a explodir e a carcaça manteve a pressão. De acordo com o dono, o dino chegou a registrar 222 km/h nas rodas antes da rasgação. O importante é lembrar que o código de velocidade dos Cooper Cobra é T, para até 190 km/h. Isso explica, mas não justifica. Sim, pela falta de vento relativo, um dinamômetro esquenta bastante o pneu. Sim, o carro estava 32 km/h acima do código dele. Mas não parece justificável o pneu se desagregar desta forma com diferença tão pequena de velocidade.
Este outro Dodge não teve a mesma sorte. O pneu traseiro esquerdo explodiu quando seu dono seguia na rodovia, causando uma guinada em sobre-esterço para fora da rodovia e uma pancada inevitável em um barranco, com danos respeitáveis à lateral e à caixa de ar. Para a nossa alegria, o Dart já está sendo restaurado e ficou liso, liso.

Neste caso, não sabemos a velocidade exata do carro, mas surpreende a forma como o pneu se desestruturou: não há nada senão uma cinta de borracha e aço abraçando a roda. Com este incidente, nos perguntamos se houve algo parecido com o caso do Alexandre no dinamômetro: a banda de rodagem se solta da carcaça, a malha fica exposta, com o atrito a temperatura sobe e o pneu explode. Cadê o CSI?

Contudo, é simplista demais botar a culpa nos donos nos dois primeiros incidentes e encerrar o caso. Principalmente quando vemos uma foto chocante como esta. Cooper Cobra Radial G/T, medida 235/60 R15. O relatório que recebi: “após 80 km de viagem, em asfalto de boa qualidade, em um final de tarde de 25 graus e na reta. O dono do carro estava com a família e vinha tocando numa boa, respeitando os limites de velocidade. Pneu com 28 libras de pressão”.

É chocante como a malha simplesmente se partiu como barbante podre. Outro fator preocupante: diferentemente do primeiro caso do post, o rompimento aconteceu no meio do flanco (lateral) do pneu, um lugar muito atípico. Com isso, nos perguntamos se não há um problema grave de projeto, controle de qualidade ou os dois.
Nesta outra situação, o dono teve a sorte de detectar o problema antes de algum acidente. A carcaça deste Cooper Cobra já era, está desestruturada. Seria uma questão de poucos quilômetros antes do pneu se desmembrar.

Este é o caso mais recente, não tem nem um mês. Pneus novos, recém instalados em uma Veraneio 1966. Aqui, a desestruturação da carcaça ocorreu na junção entre a banda de rodagem e o flanco, quase como se o pneu tivesse sido mal recauchutado. Considerando que esta é uma Veraneio basicamente original, é certeza de que o veículo não estava próximo a 200 km/h.

Por enquanto, não temos idéia do que pode estar causando estas explosões. Tenho mais dois casos de conhecidos, mas infelizmente não há fotos. O que importa é o seguinte: as circunstâncias dos incidentes mostram que você não precisa estar acima do código de velocidade dos Cooper Cobra para que eles explodam, e como eles têm se desmembrado de forma diferente, talvez estejamos diante de um sério problema de controle de qualidade, provavelmente relacionado à contenção de custos e até à funcionários insatisfeitos.
Estou especulando, mas não sem base: há alguns anos, a Cooper Tires deixou de fabricar exclusivamente nos EUA e começou a investir em fábricas no oriente – entenda isso por China. Em 2008, a marca andava mal das pernas e inclusive contou com a boa fé de seus funcionários, que abriram mão de US$ 31 milhões em benefícios para ajudar a Cooper Tires a não afundar.

Em novembro do ano passado, a fábrica de Ohio se recusou a negociar melhorias de condições com seus empregados e fechou a porta da planta, impedindo o acesso dos mesmos (foto acima). Desde então, a planta usa funcionários temporários para produzir pneus. Representantes que estão negociando a situação com os funcionários antigos acreditam que a Cooper Tires está prestes a encarar uma série crise financeira. Some esta situação às explosões e fica fácil de questionar o controle de qualidade, seja em materiais ou em processos.
Na dúvida, evite usar pneus Cooper Cobra. Melhor ficar sem letras em alto relevo nos pneus que ganhá-las em uma lápide. Ainda esta semana faço um post sobre quais opções de pneus nós, entusiastas fãs de muscle cars, temos por aqui. Nem tudo está perdido. Veja o meu caso com pneus Altimax
http://novoblogdolargartixa.blogspot.com.br/2012/02/sac-continentalgeneral-tire-altimax.html
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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