Semana passada, a notícia de que a De Tomaso quer renascer a partir de um SUV destacou o seguinte debate: até que ponto um utilitário de luxo pode dar sustentação financeira a uma marca de esportivos? Os números de venda da Porsche no Brasil são os mais representativos para entendermos a questão.
O índice abaixo é um recorte da tabela de emplacamentos da ABEIVA em 2010. Clique para ampliar:
Como podemos ver, o número de Cayennes emplacados por aqui (514 unidades) foi maior do que o número de 911, Boxster, Cayman e Panamera somados. Diante de tantos $$$, fica difícil não concordar que um SUV de sucesso pode sim garantir o leitinho milionário das crianças da Porsche, permitindo que a marca continue seus investimentos em superesportivos que nem sempre vendem tanto quanto deveriam.
Nós do Jalopnik costumamos tirar um barato do Cayenne simplesmente porque achamos o carro feio. Este é um critério subjetivo, claro. Em todos os outros itens de análise possíveis, o jipe de luxo da Porsche não possui defeitos, pelo contrário: tem potência, conforto, dirigibilidade e segurança como poucos.
Para clientes menos viscerais, mais interessados na grife e no luxo do que no valor simbólico e performance do 911, o Cayenne é o sonho embalado para presente, uma máquina com todas as concessões possíveis para um público que torna-se cada vez menos entusiasta. Mesmo assim, sem toda a história de glórias e a presença dos 911 atuais, o Cayenne deixaria de fazer sentido.
A De Tomaso, por outro lado, quer fazer o caminho inverso. Fora do mercado há décadas, com admiradores concentrados entre o nicho de aficionados pelos esportivos do passado, ela quer primeiro agradar o grande público de SUV para depois financiar seus carros mais matadores. O problema é que esse grande público mal deve saber o que significa De Tomaso – ao contrário da Porsche, ou da Ferrari.
Se for para arriscar um palpite, eu diria que não vai dar certo…
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://jalopnik.com.br
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