8 de fev. de 2011

Conheça Jules, o único Rolls-Royce a participar do Rali Dakar


Nos primórdios do Rali Dakar, quando não se tratava de uma viagem sul-americana e sim de uma corrida contra a morte até a capital do Senegal, passando pelo Saara, um bando de franceses malucos (e provavelmente ricos) inscreveram um Rolls-Royce Corniche equipado com tração 4×4 e motor Chevrolet de 5.7 litros. Eles não conseguiram terminar a prova, mas isso não os impediu de entrar para a história com o carro mais insólito a participar do Dakar.

 O ano era 1981. Thierry de Montcorgé era um experiente piloto de rali, com passagens por Bandama e Nice-Abidjan, mas procurava algo diferente para fazer. Foi então que, durante um animado jantar com os amigos, surgiu uma estranha aposta: preparar um Rolls-Royce para correr no Paris-Dakar.

Foram dois meses e mais de duas mil horas de trabalho, e o resultado é que de Rolls-Royce na verdade o carro já não tinha quase nada. A carroceria, feita em poliéster a partir da original, pesava apenas 8o kg. As portas, capô e tampa do porta-malas foram feitas em alumínio. Por baixo, uma estrutura tubular reforçada para maior segurança.

O motor Chevy L 5.7 foi escolhido a dedo pelo engenheiro responsável pelo projeto, Michel Mokrycki, e entrega respeitabilíssimos 355 cv. Para alimentá-los, nada melhor do que um colossal tanque de combustível de 330 litros, que foi estrategicamente instalado atrás dos bancos dianteiros. E para levar toda essa potência para as quatro rodas (ou você achou que o carro não receberia um sistema de tração 4×4?), a caixa automática foi substituída por uma transmissão Toyota de quatro velocidades. O Rolls Royce Jules pesa apenas 1400 kg, o que garantiu uma ótima relação peso-potência.
Mas por que ele se chama Jules? É aí que a tudo fica ainda mais curioso: entre os cinco patrocinadores cotados para bancar a loucura estava Christian Dior (isso mesmo, o estilista!). Ele utilizou o Rolls-Royce para divulgar sua então nova fragrância, Jules, que acabou cedendo seu nome ao Corniche.

Mesmo com todo o empenho e dinheiro gastos no projeto, o final da história do Jules não foi dos mais felizes. Dos mais de 170 carros inscritos no evento, o Rolls-Royce conseguiu manter a 13ª posição durante a maior parte da corrida, feito impressionante para um carro de luxo no meio de bólidos feitos para encarar a areia do deserto. Porém, o eixo de direção não resistiu à agressividade imposta pelo trajeto, causando um acidente. Thierry e seu navegador, Jean-Christophe Pelletier, não se deram por vencidos e tentaram consertar o eixo. O reparo demorou tempo demais, desclassificando a dupla. Porém, com o carro pronto, eles decidiram continuar o caminho até Dakar, no Senegal. Jules foi um dos 40 carros a terminar o percurso.

Após o rali, o Rolls-Royce Jules nunca mais participou de corridas. Permanece em exposição, na França. Mokrycki está vendendo o Corniche por 250 mil euros,  e por mais 30 mil oferece restauração completa, com eixos modernos e discos de freio maiores. É uma grana preta, mas há de se concordar que nenhum Spirit of Ecstasy viu tantas aventuras e diversões quanto esse aqui.


Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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