19 de out. de 2013

O novo Chevrolet Corvette é fodástico até debaixo de chuva

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Finalmente eu me dei conta: o Corvette Stingray 2014 não é de 2014. Na verdade ele é o Corvette 2024. A General Motors tem uma máquina do tempo, e eles usam para trazer estes carros de volta para nossa época depois de os produzirem com tecnologia do futuro.
Só pode.
Esta é a única maneira de explicar por que o novo Corvette C7 — que a esta altura já tem um visual bem conhecido — é tão mais avançado, em todos os sentidos, do que o C6 que ele substitui. Só assim para entender seu interior fantástico, sua caixa manual de sete marchas, os aplicativos para monitorar o desempenho, as telas digitais, e como seu V8 small block com injeção direta entrega 460 cv e ainda consegue rodar 12 km com um litro de gasolina na estrada.
Poucos carros — talvez nenhum — melhoraram tanto de uma geração para outra.
O Stingray não é só “tão bom quanto dizem”, e não apenas “faz juz a todo o hype”. O Stingray é, provavelmente, o melhor esportivo que os EUA já produziram. E ele é bom até na chuva.
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Tenho que começar esta análise dizendo que, infelizmente, não guiei o Corvette no melhor tempo para se guiar um Corvette. Na sexta-feira, a região de Washington estava no meio de uma chuva torrencial que durou dias.
Chovia na maior parte do tempo em que fiquei atrás do volante, e isto nunca é bom quando se está tentando extrair o máximo potencial de um esportivo de tração traseira super potente que adora rabear. Mas, com um pouco de sorte, bastante cautela e uma boa ajuda do controle de tração, consegui dirigir o carro da melhor maneira que pude. Prometo que, em breve, vou testá-lo com tempo bom.
Por dentro, o C5 era um festival de plásticos baratos e barulhentos, ergonomia terrível, e qualidade de construção extremamente suspeita. Este era o maior problema de todo Corvette desde sempre: muita potência por um preço relativamente baixo, mas o mesmo interior de qualquer outro Chevrolet barato do mesmo ano.
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Por isto o que me deixa mais surpreso com o novo C7 é a melhora do interior. A tela multitoque de 8 polegadas, os mostradores digitais, o volante agressivo, os pedais de alumínio perfeitos para o punta-tacco, os painéis de fibra de carbono, o head-up display holográfico, as costuras no couro, os controles do climatizador do lado do passageiro, e a sensação geral de qualidade que o interior transmite fazem do C7 um salto gigantesco sobre seus antecessores, incluindo o C6.
Na verdade, eu diria que o interior do C7 é o melhor entre todos os GM que já dirigi.
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A Chevrolet também merece elogios por ter implantado muita tecnologia no novo Corvette, porém sem exagerar como os alemães. Tudo é orientado para o ato de dirigir, não à custa do mesmo.
Por exemplo, a inclusão de botões de verdade para funções essenciais como o climatizador. Tudo é fácil de entender e operar, de modo que você não precisa gastar seu tempo mexendo com uma tela se não quiser. Você pode se focar na direção.
E é dirigir que você quer, não é? Mas a abundância de água no asfalto tornou necessários alguns ajustes. Usando o seletor do Drive Mode abaixo da alavanca do câmbio, me disseram para selecionar o modo Weather, um dos cinco modos que também incluem Tour (normal), Sport (diversão), Track (diversão em dobro) e Eco (ninguém vai usar este).
O modo Weather reduz um pouco a resposta do acelerador e aumenta o controle de tração consideravelmente. Claro, você ainda consegue andar bem rápido, mas este ajuste te ajuda a manter o carro na estrada. Ele torna o C7 divertido mesmo em condições terríveis.
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Mas depois que eu peguei o jeito, o modo Weather já não era o bastante para mim e, a pedido do instrutor, mudei para o modo Sport. Foi como se o Stingray tivesse acordado de uma soneca de péssimo humor — o escapamento fica mais barulhento, preenchendo a cabine com um rosnado grave e nervoso mesmo em marcha lenta.
Eis o que você precisa fazer quando se sentar ao volante do Stingray: encontre uma estrada bacana e deserta. Largue com vontade em primeira e deixe as rodas encontrarem a tração. Suba o giro até 6.500 rpm — o começo da linha vermelha, mude para a segunda, e chegue à linha vermelha de novo. Deixe o ronco glorioso do novo motor LT1 encher seu ouvidos, e os ouvidos de todos os outros carros e pedestres ao seu redor. É tudo de bom.
O Corvette se atira para a frente de um jeito que te faz perder o fôlego e se agarrar no banco. No acabamento 3LT com o pacote Z51, os 460 cv e 64,3 mkgf de torque levam o carro de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos, colocando-o na frente do Corvette C6 Z06. Duvido que eu tenha chegado perto disso na estrada molhada, mas acredito que ele seja mesmo capaz disso.
Você pode até descobrir sozinho, se quiser. O novo conjunto de apps do carro, que aparecem no painel e podem ser acessados por meio dos botões no volante, permitem que você meça o 0-100, aceleração lateral, pressão dos pneus e outros fatores que te dizem como está seu desempenho. Lembra muito o Nissan GT-R.
Mesmo no meu test drive limitado, a dinâmica soberba do Stingray ficou aparente logo de cara. Com uma distribuição de peso próxima de 50/50, relativamente enxutos 1.490 kg e a suspensão magnética, o Corvette é ágil e bem disposto.
A direção elétrica muito boa ajuda — normalmente eu não gosto desta tecnologia, mas no Corvette ela transmite uma boa parcela das condições da estrada, ao mesmo tempo em que oferece um controle preciso do carro.
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Falando no volante, atrás dele ficam as borboletas que ativam o sincronizador de rotações. Você sabe que ele está ligado quando o pequeno número no painel, que indica em que marcha você está, fica laranja.
Era meio estranho usar o recurso no começo, especialmente porque eu não percebi que ele estava ligado. Reduza uma marcha e o computador aciona levemente o acelerador, muito mais rápido do que um ser humano pode fazer com os pés. Estou tão acostumado a fazer tudo sozinho que desliguei o sistema depois de um tempo, mas ele é divertido de brincar e pode ser uma boa ferramenta para baixar tempo na pista.
Mas, apesar de toda a tecnologia, todo o refinamento, o carro ainda é um Corvette. A posição do motorista, a curvatura do capô, a entrega de potência e o ronco do LT1 serão imediatamente reconhecidos por qualquer um que tenha guiado um Corvette nos últimos 20 anos. A Chevrolet o melhorou, mas não perdeu a noção do que ele deve ser — um esportivo brutalmente rápido e visceral que compete com carros europeus e tem uma personalidade tipicamente americana, tudo sem quebrar a conta bancária do seu dono como uma Ferrari, Porsche ou Jaguar fariam. Ele só não tem as limitações de antes.
O que a GM fez foi fazer o Corvette que a gente sempre soube que eles seriam capazes de fazer. Claro, ele sempre foi rápido e (relativamente) acessível, mas agora tem muito mais truques na manga.
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Você não precisa mais dizer “ah, o interior é horrível, mas pelo menos ele é rápido” ou “é, ele não é muito bem acabado, mas pelo menos é muito mais barato do que uma Ferrari. Ele é simplesmente um esportivo fantástico, custe o quanto custar — ainda mais por US$ 51.000 (R$ 110 mil) pelo modelo básico ou US$ 65.000 (R$ 140 mil) pelo Z51.
O mais louco é que a Chevrolet está só começando. Eles não dizem ainda, mas pode ter certeza que uma versão mais potente, algo como um Z06, Z07 ou ZR1, está a caminho. Mal posso esperar para ver onde eles vão melhorá-lo. Quem sabe o que mais a GM está aprontando?
Enquanto não descobrimos, eu seria muito feliz com este carro. Mas sem tempestades, por favor
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