16 de jun. de 2013

F-1:Há 20 anos, morria Hunt: o grande playboy da F1


James HuntJames Hunt
James Hunt ficou talvez mais famoso por seu estilo fora das pistas do que dentro. Festas, bebida, drogas e mulheres, muitas mulheres. Lendas crescem até hoje em torno de seu nome. Sua legião de fãs segue aumentando, ainda mais quando são feitas comparações com o jeito moderado dos pilotos da atualidade. Não é à toa que Kimi Raikkonen, o que mais foge dos padrões de hoje, o homenageia constantemente.

Ele não foi o maior piloto de seu tempo. Passou longe disso. Conquistou seu título mundial em 1976, muito graças aos problemas de Niki Lauda, que quase morreu em um famoso acidente de Nurburgring e depois se retirou da prova final, no Japão, por causa da forte chuva em Fuji. Mesmo assim, ficou apenas um ponto à frente do rival.
Por outro lado, seria injusto dizer que ele era mau piloto. Hunt era rápido, com um estilo agressivo, explorando os limites do carro e da pista. Por isso ficou conhecido pelo apelido “Hunt the Shunt”.
Hunt nasceu em uma família conservadora e seus pais insistiam em tentar manter uma educação bastante rígida aos seus filhos. Mas desde criança, ele já demonstrava seu espírito rebelde. Começou a fumar aos dez anos de idade e aprendeu a dirigir em um trator, durante férias que passava em um fazenda em Gales.
A obsessão por corridas aconteceu ao ver seu irmão participar de provas com Mini em Silverstone aos 17. Para conseguir o dinheiro para iniciar sua carreira, trabalhou em uma empresa de telefonia.
Seu começo na F1 não poderia ser por outra equipe. Após se destacar em campeonatos de turismo e na F3, estreou no Mundial pela equipe Hesketh, do excêntrico Lord Hesketh, por quem já competia na F2. O relacionamento dos dois seria fruto de muitos rumores, jamais comprovados. Foram dois pódios em sete corridas em sua primeira temporada.
James Hunt
James Hunt
Nos dois anos seguintes, ele conseguiria mais sete pódios e uma vitória, no GP da Holanda de 75, em um campeonato em que ele terminaria na quarta posição, atrás de Niki Lauda, Emerson Fittipaldi e Carlos Reutemann.
Sem dinheiro para continuar com sua equipe, Lord Hesketh foi obrigado a fechar o time e Hunt ficou sem vaga para 76. O inglês começou desesperadamente a procurar um lugar até que Emerson Fittipaldi resolveu deixar a McLaren para correr pela equipe de sua família: a Copersucar. O time então resolveu assinar com Hunt, que aceitou um contrato de 200 mil dólares, bastante baixo até para a época. A única cláusula que ele não topou foi a que o obrigaria a vestir terno para eventos de patrocinadores, aos quais ele aparecia de camiseta e jeans, e em muitas ocasiões, descalço.
Aquela temporada acabou sendo de longe o melhor momento de sua carreira, apesar de um começo muito ruim. Nas seis primeiras corridas, ele terminou apenas duas, com um segundo lugar na África do Sul e uma polêmica vitória na Espanha, em que chegou a ser desclassificado por uma irregularidade em seu carro, decisão que mais tarde foi revista. Enquanto isso, com uma grande regularidade, Lauda disparou na liderança do campeonato com 48 pontos contra 15 de Hunt.
James Hunt, com sua McLaren, em 1976
James Hunt, com sua McLaren, em 1976
Mas a situação mudaria a partir da oitava etapa. O inglês da McLaren conquistaria cinco triunfos e veria seu rival sofrer um grave acidente em Nurburgring, que o tiraria das etapas da Áustria e Holanda.
De forma quase milagrosa, o austríaco conseguiu não só sobreviver às queimaduras de sua batida na Alemanha como retornar às pistas cerca de um mês e meio depois para disputar o GP da Itália, a quatro corridas do final da temporada. Neste momento, Lauda ainda tinha uma vantagem de 14 pontos no campeonato, mas o rival seguia em grande fase, conquistando vitórias enquanto ele se esforçava para completar as corridas.
Os dois chegaram à prova final, no Japão, com Lauda apenas três pontos à frente de Hunt. Nas semanas anteriores à corrida, o inglês ficou em um hotel em Tóquio, com seu amigo de maluquices Barry Sheene, campeão de motovelocidade, consumindo drogas e recebendo diversas aeromoças da British Airways. Segundo o próprio piloto, ele transou com mais de 30 mulheres em pouco mais de 10 dias.
Perda de foco? Nada. No dia da prova, uma grande chuva desabou em Fuji. Lauda desistiu da corrida e Hunt, com um dramático terceiro lugar após ser obrigado a fazer um pitstop por causa de um problema no pneu, levou o título. Claro, celebrou muito, e desceu do avião na Inglaterra completamente bêbado, precisando de ajuda para andar.
James Hunt
James Hunt
Ele não conseguiu, porém, manter o momento. Conquistou apenas mais quatro vitórias na carreira. Em 78, o acidente de Ronnie Peterson no GP da Itália, em Monza, afetou profundamente Hunt. Ele, junto Patrick Depailler e Clay Regazzoni, resgataram o sueco de seu Lotus em chamas, mas o piloto acabou morrendo mais tarde no hospital. Assim como vários outros pilotos da categoria, Hunt culpou Ricardo Patrese pelo acidente.
Em 79, apesar de sua temporada anterior ter sido ruim, Hunt recebeu um convite para pilotar para a Ferrari, mas, não querendo se envolver com a política interna que sempre foi muito forte na equipe italiana, acabou se transferindo para a Wolff, já que a McLaren também dava sinais de decadência. Porém o campeonato acabou sendo uma decepção e ele resolveu encerrar sua carreira.
Ele se tornou então comentarista da BBC e manteve seu posto por 13 anos, mantendo um estilo polêmico, com palavrões, tiradas irônicas e muitas vezes até xingando alguns pilotos. Algumas ficaram famosas, como quando criticou Andrea De Cesaris: “Ele realmente deveria ser chamado de ‘De Crasheris’. Ele destruiu tantos carros em testes! Ele é uma vergonha para si mesmo, sua equipe e do esporte, e talvez ele deveria se aposentar”. Ou Nelson Piquet, quando o brasileiro já estava na Lotus, em 1989, iniciando a fase final de sua carreira: “Ele não tem nenhuma motivação. Ele está na F1 só para manter seu iate e seu helicóptero.”
Confira no vídeo da transmissão do GP de Mônaco de 1989, em que após o narrador Murray Walker dizer que Rene Arnoux comentou que ele não tinha um bom rendimento porque estaria tendo dificuldade para se adaptar aos motores turbo , James Hunt retruca: “Ele falou merda”.

 James Hunt morreu em 15 de junho de 1993, aos 45 anos, com ataque cardíaco fulminante. Independente de seus feitos dentro da pista, Hunt será para sempre lembrado pela forma como levou a vida, sempre no limite. Nos próximos meses, sua figura deve passar a ganhar espaço não só entre os fãs do automobilismo com o filme Rush, que irá estrear no circuito comercial de cinemas em setembro contanto a história do campeonato de 76 e que deve fazer a sua personalidade ser mais conhecida. Por isso, prepare-se e lembre-se: “Sexo, o café-da-manhã dos campeões”.

Observação do  Editor :
Não há campeão sem um pingo de sorte. Se Jackye Stwart também não tivesse tido seus problemas, difilmente saberíamos se Emerson Fittipaldi seria campeão em 1972.
Mas parabéns a Tazio por relembrar de James Hunt, ex-hippie e ex-lixeiro do metrô de Londres, Hunt foi o que nunca escondeu: rebelde em tudo e falava mesmo a verdade.
Espero que Tazio tenha mais matérias sobre esse inesquecível ídolo.
Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br

Nenhum comentário: