28 de jun. de 2013

F-1Entre glórias e dificuldades, os 600 GPs da Williams


Principais modelos da Williams ao longo de sua história (Divulgação/Williams)Principais modelos da Williams ao longo de sua história (Divulgação/Williams)
 
Cento e catorze vitórias, 127 pole positions, 131 voltas mais rápidas, 297 pódios, 2.750 pontos marcados, 33 dobradinhas, sete títulos de pilotos e nove de construtores. Todos esses números colocam a Williams como a terceira equipe mais vencedora da história da F1, atrás somente de Ferrari e McLaren.

É um legado existente desde o final dos anos 60, quando Frank Williams inscreveu um Brabham BT26A para Piers Courage disputar o GP da Espanha de 1969. Desde então, a Frank Williams Racing Cars participou de várias corridas com chassis comprados e se envolveu em algumas estranhas parcerias (Politoys, Iso e também com Walter Wolf). Ao vender seu time para Wolf, aliás, Frank decidiu recomeçar tudo do zero e fundou a Williams Grand Prix Cars, que enfim permitiu a ele se estabilizar como construtor de sucesso, em 1977.
Essa miscelânea de acordos, desacordos, idas e vindas é um complicador enorme para definir, ao certo, quantas corridas a equipe tem na F1. Se contarmos todas as participações de um carro com o selo FW na categoria, o número fica em 611. Contudo, 13 dessas provas, ocorridas em 1976, não são levadas em conta pela equipe, pois são exatamente da época em que a estrutura foi vendida para Walter Wolf.

Dessa forma, de acordo com suas próprias contas, a Williams completará neste fim de semana, em Silverstone, 599 GPs na F1, com a marca de 600 sendo alcançada sete dias depois, em Nurburgring. Mas a escuderia se deu a liberdade de antecipar as comemorações, para que elas ocorressem em sua corrida doméstica. Os festejos serão estendidos até a Alemanha, prova em que o número 600 estará estampado nas laterais do FW35 e o nome dos 691 funcionários da casa serão gravados nos macacões dos pilotos.
“Para uma equipe independente, alcançar 600 corridas na principal categoria do automobilismo é uma marca notável. 78 times já entraram e saíram, ou mudaram de dono desde nossa fundação. Essa longevidade é um atestado para as milhares de pessoas que se sacrificaram tanto para que chegássemos até aqui. Parece certo celebrar essa marca no seio do automobilismo britânico, junto de nossos leais fãs”, declarou Sir Frank.
Em 2013, conforme já explicamos neste texto, a Williams vive o pior começo de temporada de sua existência. A fase ruim é só mais uma mostra da montanha-russa que é a história dessa esquadra: repleta de altos e baixos, intercalando momentos de grandes glórias com outros de intensas dificuldades. Para que o douto leitor possa ter um pequeno panorama do que estamos falando, preparamos um especial para relembrar em que situação se encontrava a equipe cada vez que completou uma centena de GPs.
GP 100 – ITÁLIA 1983
Jacques Laffite sequer se classificou para o GP da Itália de 83
Jacques Laffite sequer se classificou para o GP da Itália de 83
Em 1983, a Williams já havia se estabelecido como uma das grandes da F1. Nos três anos anteriores, cacifara dois títulos de pilotos (Alan Jones, em 80, e Keke Rosberg, em 82) e outros dois de construtores (80 e 81). A demora para aderir à era turbo, porém, já cobrava seu preço, e o time vinha fazendo uma temporada complicada naquele ano, com a singela vitória de Rosberg em Mônaco como principal resultado.
Poucos dias antes da etapa de Monza, Frank Williams havia testado pela primeira vez os propulsores turbocomprimidos da Honda, no circuito de Donington. Mas ainda havia arestas a se aparar e o time teve de seguir com os velhos de guerra Cosworth DF até a penúltima etapa do ano. No velocíssimo circuito italiano, um motor aspirado não tinha a menor chance e Rosberg não passou da 16ª colocação no grid. Jacques Laffite foi ainda pior e nem se classificou. Na corrida, o finlandês terminou em nono, mas tomou um minuto de penalidade por queima de largada e acabou posicionado em 11º.
GP 200 – BRASIL 1990
Em seu GP 200, a Williams estava tentando consolidar a parceria com outra grande montadora, a francesa Renault. Antes, ao lado da Honda, a escuderia viveu uma grande fase entre o final de 1985 e 1987, garantindo outros dois construtores em sua sala de troféus, Além disso, foi durante esse período que Nelson Piquet chegou ao tricampeonato, também pilotando o carro construído por Frank Williams e Patrick Head.
Ao final daquele ano, a fabricante japonesa preferiu se mudar para a McLaren e a Williams teve de se reestruturar mais uma vez, passando um ano com os limitados motores Judd até fechar contrato com a marca gaulesa. 89 foi um ano de desenvolvimento e o segundo lugar nos construtores acabou sendo um baita lucro (consequência, em boa parte, da inconstância da Ferrari).
As coisas começaram ainda melhor em 90 e, no GP do Brasil, segunda etapa do ano, Thierry Boutsen e Riccardo Patrese alinharam na segunda fila do grid, só atrás das McLarens. Entretanto, o desenrolar da prova se mostrou cruel para ambos: enquanto o italiano abandonou, com problemas de vazamento de óleo, o belga errou a entrada de seu pit e bateu contra seus mecânicos, danificando a asa dianteira e prejudicando a campanha. Ele receberia a linha de chegada em quinto.
GP 300 – SAN MARINO 1996
Damon Hill, durante o GP de San Marino de 1996
Damon Hill, durante o GP de San Marino de 1996
1996 foi um dos anos de maior domínio da Williams na F1, com 12 vitórias em 16 provas. Os fãs e a própria equipe mal sabiam, mas aquela temporada marcava o início do fim da parceria com a Renault, bem como os penúltimos títulos de pilotos e construtores para a escuderia.
Apesar da semelhança com o carro de 95, o modelo FW18 trazia algumas inovações, especialmente na caixa de câmbio, mais leve e confiável. Com esse modelo, Damon Hill e Jacques Villeneuve já haviam faturado as quatro primeiras etapas do calendário, e o inglês voltou a dominar o GP de San Marino, 300º da equipe, chegando ao seu quarto triunfo no ano.
GP 400 – ÁUSTRIA 2002
Ralf Schumacher, durante o GP da Áustria de 2002
Ralf Schumacher, durante o GP da Áustria de 2002
Com toda a certeza, a antológica polêmica gerada pela Ferrari naquele domingo de dia das mães fez com que ninguém se lembrasse do GP da Áustria de 2002 como a 400ª corrida da Williams na F1. Mas era. Nessa fase, uma nova fabricante fazia parte do cotidiano da equipe, a alemã BMW, que tentava reproduzir o sucesso alcançado por Honda e Renault anos antes.
Até consolidar a parceria com os bávaros, Frank Williams amargou uma saída repentina da montadora francesa, tendo de passar duas temporadas seguidas usando motores defasados da marca até se restabelecer. Depois de um ano transitório em 2000 e outro com saldo de quatro vitórias em 2001, a Williams já aspirava ao título novamente. Só não contava com o fato de a combinação Ferrari-Michael Schumacher estar em tamanho auge. Por isso, nem mesmo a vitória de seu próprio Schumacher, o Ralf, no GP da Malásia, fez com que a equipe britânica gerasse qualquer incômodo aos italianos no restante do ano.
E assim foi em Spielberg: Ralf até conseguiu um segundo lugar no grid, mas não foi páreo para o irmão mais velho desde a largada. Mais tarde, o germânico ainda seria superado pelo companheiro Juan Pablo Montoya, e os dois levariam seus respectivos FW24 à terceira e quarta posições na linha de chegada.
GP 500 – MALÁSIA 2008
Nico Rosberg, durante o GP da Malásia de 2008
Nico Rosberg, durante o GP da Malásia de 2008
Sem alcançar os resultados esperados entre 2000 e 2005, a BMW decidiu alçar voo solo a partir de 2006, deixando a Williams novamente na mão. Sem fornecedora oficial de motores, a equipe britânica fechou um acordo com a Cosworth para aquele campeonato, que acabou se mostrando um verdadeiro fiasco. Por isso, Frank Williams batalhou até conseguir se vincular à Toyota a partir de 2007.
Mas a verdade é que a tradicional equipe de Grove já havia deixado de ser uma das protagonistas no grid, e o GP de número 500, o da Malásia de 2008, deixou isso em evidência: Nico Rosberg e Kazuki Nakajima se classificaram somente em 16º e 22º, respectivamente, completando as ações em 14º e 17º.

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