Boxberg/Alemanha – Em seu imenso campo de provas localizado na cidade de Boxberg, ao Sul da Alemanha, a Bosch reuniu nos dias 13 e 14 de junho mais de cem jornalistas especializados em automóveis, vindos de dezenas de países dos cinco continentes. O objetivo da multinacional de sistemas automotivos, sediada na vizinha Stuttgart, era divulgar seus atuais produtos e também dar pistas sobre as novidades que irão chegar aos automóveis nos próximos anos. Com o tema “O carro do futuro está aqui – com soluções inteligentes da Bosch”, o principal foco da 61º Simpósio da Bosch com a Imprensa Automotiva Internacional foram os chamados sistemas automatizados de direção. Ou seja, equipamentos que ajudam a manter os veículos dentro dos parâmentos de segurança das ruas e estradas, independentemente das eventuais desatenções dos motoristas – apontadas em pesquisas como a causa da imensa maioria dos acidentes. Mas os dispositivos "verdes", que geram a redução no consumo de combustível e na emissões de poluentes, também tiveram lugar de destaque no evento.
O simpósio foi aberto com uma série de conferências dos principais executivos da Bosch, para que seus principais sistemas automotivos fossem explicados em detalhes e todos os participantes tivessem a oportunidade de fazer suas perguntas e esclarecer dúvidas. Também foram apresentadas estatísticas sobre a brutal redução nos mortos e feridos em acidentes na Europa, atribuídas à expansão de sistemas de segurança automotiva nos últimos anos, como ABS, airbags e controles de tração. O aumento da conectividade entre os veículos e com as ruas e estradas é apontada pela Bosch como a mais forte tendência para os sistemas automotivos dos próximos anos. A proposta é que, com maior troca de informações, seja possível minimizar ainda mais os acidentes. Após as palestras, os diversos equipamentos produzidos pela Bosch em todo o mundo ficaram expostos num grande “showroom”, onde podiam ser manuseados e ter suas respectivas "anatomias" devidamente “destrinchadas” em russo, espanhol, ou uzbeque, entre vários outros idiomas, pelos técnicos trazidos de diversos países. O resultado era uma espécie de "Babel da tecnologia automotiva".
Depois das explanações multiétnicas sobre tecnologias atuais e em desenvolvimento, chegou a hora mais aguardada por todos: os testes dinâmicos. Não é todo dia que se tem a oportunidade de por à prova um controle de tração, um sistema ativo de prevenção de impactos frontais ou um dispositivo para frenagens de emergência. Avaliar esse tipo de tecnologia requer levar um automóvel muito além dos seus limites de segurança, para que esses dispositivos possam atuar e ter a sua efetividade confirmada. Para permitir que tais testes fossem realizados sem colocar nenhum jornalista em risco, a Bosch mobilizou um aparato tecnológico quase tão complexo quanto os sistemas automotivos em si.
Como o ponto alto dessa edição do evento eram os sistemas automatizados de direção, foram eles os maiores atrativos do campo de provas. Um deles, denominado de Predictive Emergency Braking Systems, se propõe a evitar atropelamentos. Através de uma câmera de vídeo conjugada a um radar, o sistema detectava o “pedestre” – na verdade, um boneco inflável. Inicialmente o equipamento produz uma vibração no volante, seguido de um apito sonoro para alertar o motorista. Caso ambos os alertas sejam ignorados, o sistema se encarrega de acionar os freios de forma vigorosa – até os 50 km/h, o impacto é evitado. Em todos os testes realizados, o boneco saiu ileso.
Outro sistema que colabora com a automatização é o Integrated Vehicles Dynamic Control, que se encarrega de manter o carro na faixa caso o motorista se distraia e mude de faixa sem sinalizar. Assim que o carro ultrapassa a faixa, uma vibração no volante se encarrega de alertar o motorista. Já o Automated Driving leva o conceito de automatização mais à sério. Com diversos radares e câmeras conjugados a um GPS, o novo sistema “assume o comando” e se encarrega de conduzir o veículo numa rota pré-determinada, sem que o motorista precise fazer absolutamente nada – mas ele pode assumir o controle a qualquer momento, caso ache necessário. O Stop & Go se encarrega de manter o carro a uma distância segura do carro da frente, acelerando ou freiando de acordo com o fluxo do tráfego, e ainda mantém o veículo em sua faixa. Assim, o motorista poderá até verificar seus e-mails ou ler nos engarrafamentos, por exemplo.
Mais instigante que os sistemas automatizados de direção foi a avaliação do dispositivo de controle de estabilidade. O teste consistia em acelerar a 90 km/h e desviar bruscamente de um obstáculo no caminho. Sem o controle, o carro perdia completamente o controle e derrapava com vontade pela pista. Com o controle de estabilidade operante, era possível “driblar” o obstáculo e retomar rapidamente a trajetória original, sem maiores alardes. Numa estrada, com carros e obstáculos em volta, a presença do sistema poderia ajudar a evitar um grave acidente. Já disponível no modelo de série vendido inclusive no Brasil, a direção eletricamente assistida E-steering do Porsche Cayman pode ser avaliada a 200 km/h na pista de alta velocidade, que conta com curvas inclinadas - a chamada "reta infinita".
Equipamentos ligados à redução das emissões e do consumo de combustível também chamaram a atenção no evento germânico. Algumas das tecnologias apresentadas, como o Start/Stop, que desliga o motor quando o carro fica algum tempo parado, já estão disponíveis em alguns modelos vendidos no mercado brasileiro – por enquanto, apenas em importados “premium”. Segundo ma Bosch, o primeiro veículo “made in Brazil” equipado com o sistema Start/Stop chegará ao mercado em 2014 – a empresa não adianta nem o modelo, nem a marca.
Na mesma linha sustentável, lá estava uma versão elétrica do Smart Fortwo conversível, com emissão zero. Outra interessante alternativa "ecologicamente correta" é o eClutch, um sistema que coloca o câmbio em Neutro quando o motorista não está acelerando, reativando o Drive imediatamente caso o motorista pressione algum pedal. Já o Start/Stop Coating vai além e chega a desativar o motor com o veículo em movimento, quando o motorista para de acelerar, também para reduzir consumo e emissões. Tantas modernas tecnologias ajudam a ressaltar a estratégica relevância tecnológica do iBooster, um servo-freio que permite um elevado nível de recuperação de energia e, assim, aumenta os recursos elétricos do veículo. Afinal, eletricidade é fundamental para fazer funcionar as tecnologias automotivas do presente e do futuro.
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