22 de mai. de 2013

Sem autódromo, Rio gastará R$ 1,1 mi para levar corridas regionais a MG

Verba será repassada da prefeitura à Faerj e custeará as "despesas extras" dos pilotos, que terão de viajar 450 km para disputar o Estadual de Turismo em 2013

Pilotos disputam posição em prova de 2012 do Estadual de Turismo do Rio, no extinto Jacarepaguá (Divulgação)Pilotos disputam posição em prova de 2012 do Estadual de Turismo do Rio, no extinto Jacarepaguá (Divulgação)

Com a destruição definitiva de Jacarepaguá e a saga quase elegíaca em que se transformou a construção de Deodoro, o Rio de Janeiro se encontra sem um autódromo para a realização de competições automobilísticas em 2013, inclusive aquelas de caráter regional.

Conforme o Tazio já havia adiantado em julho do ano passado, a Faerj (Federação de Automobilismo do Estado do Rio de Janeiro) cogitava transferir as provas do Campeonato Estadual de Turismo para Minas Gerais ou São Paulo, os dois estados com circuitos mais próximos.
A praça escolhida acabou sendo a do Mega Space, na cidade mineira de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, que fica a cerca de 450 quilômetros da capital fluminense. Entretanto, para que as seis rodadas duplas sejam transferidas para o local, a Prefeitura do Rio terá de desenbolsar R$ 1,1 milhão só neste ano.
Segundo reportagem do “UOL Esporte”, o valor já foi acordado entre a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e a Faerj. O secretário da pasta, Antônio Pedro Índio da Costa, inclusive já autorizou o repasse do pagamento no Diário Oficial do Município.

Entre as despesas cobertas com a verba, estão passagens de avião, hospedagem em hotéis e o transporte dos veículos até Minas. De acordo com a federação estadual, serão inclusos nessa conta todos os gastos extras que os competidores não teriam se competissem na própria cidade.
Ainda segundo a Faerj, o repasse do recurso é o cumprimento de uma promessa feita pelo prefeito Eduardo Paes quando da desativação de Jacarepaguá. O tradicional autódromo Nelson Piquet já havia sido parcialmente demolido para dar lugar a um Complexo dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Agora, a metade restante também foi colocada abaixo, para que fosse erguido o Parque Olímpico das Olimpíadas de 2016 em seu lugar.
Um documento assinado pelo prefeito e pelo presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, garantia a destruição plena do circuito apenas quando um novo estivesse pronto. Como o projeto de Deodoro jamais esteve próximo de sair do papel, o governo municipal, junto com os poderes estadual e federal, forçou o descumprimento do acordo para não atrasar as obras olímpicas, dando em troca a “garantia” de que agilizaria a construção da nova pista ainda em 2013.
Entretanto, a área cedida pelo Ministério da Defesa para tal fim está contaminada com explosivos e oferece até riscos tóxicos à saúde. Segundo especialistas, o local pode demorar um período de 18 anos para ser completamente limpo.
ANÁLISE
Essa notícia precisa ser interpretada a partir de dois pontos de vista diferentes. Pelo lado dos competidores do Estadual de Turismo, nada mais justo do que ter as despesas extras custeadas para correr fora do Rio. Afinal, o único autódromo da cidade foi arbitrariamente demolido, deixando todos a ver navios. Se os pilotos terão de viajar 450 quilômetros só para que o campeonato não morra, o ressarcimento financeiro é o mínimo que se pode fazer para reparar os prejuízos.
Agora, pelo lado do Estado, este é só mais um capítulo da patética história envolvendo governo x automobilismo. Atitudes como essa – destruir um autódromo para construir um Parque Olímpico, depois construir outro autódromo (estamos falando em teoria. Eu sei que as chances de Deodoro um dia sair do papel são mínimas), e ainda custear as despesas para que os pilotos locais possam competir fora do estado enquanto a pista nova não existe – só mostram qual o nível de planejamento e preocupação dos políticos fluminenses com o dinheiro público: zero.
As pergunta que ficam: em caso de Deodoro sair do papel, até quando a prefeitura vai querer brincar de bancar corridinhas de carro em Belo Horizonte? E se o poder público logo quiser cancelar o subsídio, como fica o campeonato? Vai morrer? No fim das contas, o automobilismo no Rio de Janeiro irá morrer? [LF]

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Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br

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