21 de abr. de 2013

Rubens estreia com bons acertos e alguns deslizes


A estreia de Rubens Barrichello como comentarista oficial de F1 da Rede Globo, ocorrida neste domingo no GP do Bahrein, foi tranquila de um modo geral, mostrando que o ex-piloto da categoria tem intimidade com microfones e câmeras, e pode exercer bem a nova função no futuro.

Como pontos positivos, podemos destacar como a presença do vice-campeão de 2002 e 2004 tem potencial para enriquecer a transmissão. Piloto com fácil acesso ao padoque, Barrichello conseguiu, sem dificuldades, entrevistar gente do calibre de Niki Lauda e Charlie Whiting minutos antes da prova, algo que um mero jornalista teria muito mais restrições para fazer, por mais competente que seja.
Ao tricampeão mundial, que agora exerce a função de diretor não executivo da Mercedes, Barrichello perguntou quais eram as expectativas da equipe em relação a Nico Rosberg, que largava da pole. O austríaco respondeu de forma evasiva, dizendo que o cenário estava imprevisível e que, provavelmente, Fernando Alonso e Sebastian Vettel seriam os favoritos para a prova.
Já para o diretor de provas da FIA, o questionamento foi sobre uma possível aceleração do procedimento de largada, pois as temperaturas ambiente e da pista estavam muito altas. Whiting disse que tudo dependeria de como estariam as condições no momento em que o último carro alinhasse no grid.
Rubens também foi cumprimentar Mark Webber por seus 200 GPs, completados neste domingo, e, do alto de seu recorde de maior número de corridas disputadas na categoria, fez um pequeno chiste: “Agora só faltam 126 para você me alcançar”. O australiano devolveu no mesmo espírito: “Então estou com problemas, porque já tenho até alguns fios brancos”, brincou.
Além deles, o atual competidor da Stock Car também conduziu conversas com Felipe Massa e com o mexicano Sergio Pérez, norteadas basicamente em análises do comportamento dos pneus.
Rubens Barrichello entrevista Mark Webber no grid de largada do GP do Bahrein (Reprodução)
Rubens Barrichello entrevista Mark Webber no grid de largada do GP do Bahrein (Reprodução)
Ainda antes do apagar das luzes vermelhas, Barrichello explicou para a repórter Mariana Becker como funcionam os preparativos dos pilotos para a largada, dizendo até qual o momento em que geralmente eles vão ao banheiro. Já na cabine de transmissão, Barrichello fez comentários quase sempre concisos e pontuais, sendo mais instigado pelo locutor Galvão Bueno a falar do que tomando iniciativas.
É óbvio que um certo nervosismo e travamento ficaram escancarados: Rubens não foi tão desenvolto quanto poderia ser nas análises, restringindo suas interpelações mais aos momentos em que Galvão chamava e, muitas vezes, repetindo opiniões que o locutor já havia feito. Também deslizou ao usar expressões como “tomare” (em vez de “tomara) e não saber traduzir “target” (meta, em português) numa das comunicações via rádio. No grid, era quase sempre Mariana quem direcionava para onde a equipe de reportagem devia ir, e foi também Galvão quem pediu para que ele “ficasse à vontade para conversar com o piloto que quisesse”.
Por tudo isso, o debute foi marcado por bons acertos e também alguns erros. Pelo primeiro lado, é bom ver que Rubens tem todas as condições para evoluir, convertendo seus quase 20 anos de experiência na categoria em uma contribuição rica para os fãs. Do outro, é notório que o veterano precisa ganhar mais cancha na nova função (como aconteceu com Luciano Burti há alguns anos).
A própria Globo, inclusive, tem a obrigação de aprender a aproveitar melhor a gama de possibilidades que Barrichello traz. Em Sakhir, deu para ver claramente que toda a situação foi levada meio na base do improviso, cabendo ao próprio comentarista escolher o que e com quem falar (algo ao qual, obviamente, ele ainda não está acostumado).
Algumas alternativas seriam bolar reportagens especiais gravadas (tanto sobre bastidores quanto sobre a parte técnica, curiosidades e afins) e criar um direcionamento mais preciso do ao vivo, para que Rubens possa caminhar pelo grid tendo uma base daquilo que deve fazer.
Por enquanto, o momento ainda é de aprendizado e as falhas são perdoáveis. Eu, particularmente, tenho certeza que Barrichello deve se adaptar rapidamente às novas atribuições. Resta saber se a televisão vai conseguir usufruir de todo o ganho que a sua presença pode trazer a quem mais interessa, os espectadores.

Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br/

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