6 de abr. de 2013

Os melhores carros dos 20 anos da divisão SVT



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O último dia 6 marcou os vinte anos da criação do Special Vehicle Team, ou simplesmente SVT, responsável por desenvolver versões de alto desempenho dos veículos da Ford. A SVT não tem o glamour de uma divisão M ou AMG, mas cumpre seu papel de forma particular e necessária: enquanto as duas últimas fazem versões mais rápidas e refinadas dos automóveis alemães, a SVT prefere simplesmente tornar as máquinas do oval azul mais selvagens e brutais, adicionando doses absurdas de potência e torque – sem deixar de lado a interação homem-máquina.

Para marcar a data, o Autoblog preparou uma galeria com várias fotos dos carros da SVT. A gente aqui adora fotos, mas resolveu se aprofundar um pouco mais na história e te dar três motivos para amar o Special Vehicle Team.

Ford Mustang SVT Cobra


Muitos consideram a terceira geração do Mustang uma mancha na história do pony car. A crise do petróleo de 1979 obrigou a Ford a usar motores menores, começando por um V8 de 4,2 litros e 140 cv que foi bastante criticado por seu desempenho em relação ao antigo motor, até os quatro-em-linha de 2,3 litros com turbocompressor adotados a partir de 1981. Somadas à nova plataforma Fox e ao estilo anos 80 – que agora oferecia até uma carroceria hatchback – a mudanças tornaram o carro alvo de críticas por parte dos fãs, que o renegam até hoje. O que eles ignoram é que foi esse o Mustang que estreou a divisão SVT. Em 1992, último ano do Mustang Fox, o Special Vehicle Team lançava no Salão de Chicago o Mustang SVT Cobra, colocado à venda no ano seguinte.
O novo Mustang de alto desempenho trazia debaixo do capô um velho mas eficiente V8 Windsor de 238 cv e 38 kgfm de torque capazes de fazer 0 a 96 km/h em 5,9 segundos. O tempo do quarto de milha (muito importante para os ianques) era de ótimos 15,4 segundos. A carroceria escolhida foi a hatchback de três portas, o que o tornava um carro bastante prático. E, opinião pessoal, bem bonito. Amortecedores e braços de suspensão dianteiros eram feitos pela Tokico. Ao todo, 5,100 unidades foram produzidas.

O ano de 1994 trazia um Mustang totalmente reformulado, com visual mais esguio, e muitos comemoraram o que na verdade só iria acontecer na próxima geração: a volta do “Mustang de verdade” – ainda que a plataforma fosse apenas uma versão revisada da plataforma Fox. Considerado um dos mais bonitos da história, o Mustang de quarta geração não ficou muito tempo sem sofrer abusos por parte da divisão de performance, e no mesmo já era apresentado o novo SVT Cobra. O motor permanecia o mesmo, porém com alguns ajustes chegava aos 240 cv e reajustes também na geometria da suspensão.
Só dois anos depois era introduzido um novo motor, um V8 DOHC (duplo comando no cabeçote) de 4,6 litros. Apesar da menor capacidade, o novo propulsor garantia 309 cv de potência e 41 kgfm ao novo esportivo, que agora fazia o 0-96 em 5,5 segundos.

A quarta geração do Mustang passou por mudanças significativas no visual em 1999, adequando-se à nova linguagem de design “New Edge” da Ford. As linhas suaves e fluidas deram lugar a ângulos e recortes na carroceria, e o SVT Cobra acompanhou o novo estilo. Ajustes na admissão, escapamento e central eletrônica elevaram a potência do V8 4.6 para 324 cv, e o torque passou a 43 kgfm. E talvez o mais importante: suspensão independente na traseira, no lugar do (até hoje) eterno eixo rígido.
No entanto, em 2000 sua produção foi interrompida, retornando no ano seguinte.

A pausa era justificada. No ano 2000 viu-se o mais extremo dos SVT Cobra até então: o Cobra R. O nome já havia sido usado para chamar séries limitadas anteriores do SVT Cobra, mas nenhuma tão selvagem como aquela. A intenção foi criar um carro de corrida legalizado para as ruas, e a gente sabe o que acontece quando uma companhia diz isso. Coisas desnecessárias, como sistema de som e ar condicionado, foram vetados. O banco traseiro também. O motor, um opulento V8 de 5,4 litros, entregava declarados 390 cv e 53 kgfm de torque.
Sim, declarados, pois testes independentes no dinamômetro mostraram que a potência nas rodas traseira podia ser ainda maior. O kit aerodinâmico bem agressivo e o aerofólio característico ajudam a separar a fera de um SVT Cobra normal. Os 300 Cobra R produzidos no ano 2000 iam de 0 a 96 km/h em 4,4 segundos, rumo à velocidade máxima de 282 km/h.
Além da suspensão traseira independente mantida, o SVT Cobra oferecia a clássica combinação de amortecedores Bilstein e molas Eibach para tornar o carro mais baixo e estável. A série chegou a 2002 como modelo 2003. O motor 4,6 ganhava um supercharger, e com isso a potência saltava para os 395 cv, ainda maior do que a do Cobra R original.

Ford F-150 SVT Lightning e Raptor


A receita é simples: pegue a décima geração da picape média mais popular da Ford nos EUA, adicione um compressor do tipo roots com intercooler ao V8 Triton de 5,4 litros, e pronto: a F-150 SVT Lightning, lançada em 1999, foi a picape mais rápida de seu tempo, indo de 0 a 96 km/h em pouco mais de cinco segundos, com velocidade máxima de 222 km/h (parece pouco, mas lembrem-se: é uma picape!). Culpa dos 360 cv (mais tarde aumentados para 380) e 60 kgfm de torque – contra 260 cv e 47,6 kgfm da versão original. Suspensão mais baixa e firme e pneus 295/45 R18 garantiam a estabilidade. Durou até 2004.

Em 2010, passados dois anos do lançamento da geração atual da F-150, a SVT apresentou a Raptor, dessa vez com apelo off-road. O motor era o mesmo da Lightning, porém com menos potência e torque – 324 cv e 54 kgfm, respectivamente. Em uma picape maior e mais pesada, naturalmente o desempenho não agradou tanto.
Assim, no ano seguinte a Raptor recebeu um belo upgrade: um motor V8 totalmente novo, com 6,2 litros de deslocamento e cabeçote todo em alumínio. Seus 411 cv, 60 kgfm de torque, aliados ao visual agressivo e ao mesmo tempo harmônico a tornaram um sucesso imediato – mesmo com reclamações de donos empolgados demais, que colocaram em cheque a resistência do chassi.

Ford GT


Em 2003 a Ford comemorava seu centésimo aniversário e,  como parte das comemorações, foram construídos alguns protótipos que homenageavam um dos melhores carros a ostentar o nome Ford, o GT40. Os carros foram apresentados nos vários salões do automóvel pelo mundo em 2002, e causaram um frisson tão grande – afinal, quem não aprovaria um supercarro moderno com inspiração fiel em uma lenda das pistas? – que, por exigência do público, a Ford resolveu levar o projeto adiante.
O design ficou a cargo de Camilo Porto e J Mays. John Coletti, à época chefe da SVT, foi o responsável pela engenharia do conceito GT40 – o que garantiu que o protótipo fosse totalmente funcional. O projeto teve início em 2003, e dois anos depois a Ford apresentava o Ford GT de produção.

Seria injusto dizer que a SVT fez o carro todo sozinha, afinal as carrocerias eram mandadas para a Saleen para serem pintadas. Mas era a SVT quem instalava o motor e dava os acabamentos no interior. O motor faz o carro andar e o interior – que equilibrava muito bem a modernidade com o estilo retrô totalmente inspirado no GT40 – é onde fica o motorista. E é isso que importa. Então é justo dizer que se não fez tudo sozinha, a SVT ficou com as partes mais importantes.
E fez muito bem seu trabalho. O V8 projetado originalmente para as picapes F (eis o jeitinho americano de resolver as coisas) foi fundido em alumínio e, acoplado a um compressor Lysholm, entregava 568 cv e monstruosos 69,1 kgfm de torque. Essa, porém, era a potência nas rodas – especula-se que a potência no motor ultrapassasse os 600 cv. O que isso significa? Um carro com velocidade máxima declarada de 322 km/h e 0-96 pouco abaixo dos quatro segundos, mas que na prática chegava aos 340 km/h e fazia o 0-96  em 3,3 segundos. Com um visual matador.

Teve sua produção encerrada em 2007, com 4.061 unidades.
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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