6 de abr. de 2013

Este é o Corvette da Chrysler que nunca foi lançado


chrysler z-250 (1)

E se eu te dissesse que a Chrysler tinha um moderno esportivo de dois lugares prontinho para entrar em produção bem na época em que o Corvette foi lançado, e um ano antes de a Ford apresentar seu bem-sucedido Thunderbird? Pois é, estou dizendo isso agora.

Eu vi uma foto deste carro uma vez e tudo o que eu sabia era que se tratava de um Dodge 1953 com carroceria desenhada por Bertone. Contudo, depois de ler um artigo na edição #142 (julho/agosto de 1994) da Special Autos Magazine que encontrei no Hemmings, descobri muito mais coisas sobre ele.
Começa com o nome. Alguns o chamam de Dodge Storm ou simplesmente “Bertone”, mas na verdade ele é o Zeder Z-250 (e você achava que só a Nissan e a BMW faziam carros ‘Z’). O esportivo foi criado por Fred Zeder Jr., filho de Frederick Zeder, um dos engenheiros que ficaram conhecidos como “Os Três Mosqueteiros” e começaram o que se tornaria a Chrysler Corporation. Se você não conhece o emblema, não se preocupe. Ele não é muito famoso, embora o Z-250 não tenha sido o primeiro Zeder. Trinta anos antes, Frederick Zeder, Owen Skelton e Carl Breer projetaram o Chrysler Six, o primeiro automóvel moderno depois do Ford T.
O Zeder mais jovem também tinha formação em engenharia, mas em 1951 ele trabalhava com publicidade: era o vice presidente da agência McCann-Erickson. Ele também era piloto de corrida, e depois de correr contra Briggs Cunningham ao volante de um Chrysler Allard, ele decidiu que era hora de fazer um esportivo que pudesse superar não só os Cunningham, mas também Ferrari e Jaguar. Ele certamente tinha seus contatos para um projeto deste porte, mesmo depois da morte de seu pai em fevereiro de 1951 — Carl Breer, que continuou trabalhando como consultor para a Chrysler por quatro anos depois de sua aposentadoria, em 1949, era seu tio.
A ideia de Zeder era construir dois carros usando a mesma plataforma: um esportivo de dois lugares com uma carroceria de fibra de vidro que pesasse só 68 kg, e um luxuoso cupê de alumínio. As carrocerias seriam intercambiáveis, presas apenas por quatro parafusos com buchas de borracha. Desta forma o desempenho seria o mesmo para os dois modelos. O Z-250 usava uma versão modificada do V8 HEMI da Dodge, oriundo dos utilitários da marca, que segundo este artigo produzia 263 cv e 45,6 mkgf de torque. O carro ia de zero a 100 km/h em cerca de 7,5 segundos e fazia o quarto-de-milha (402 metros) em 14,7 segundos. Outros componentes, como freios, radiador, embreagem, coluna de direção, eixo traseiro, tanque de combustível e eletrônica vinham das estantes da Plymouth e da Dodge.
O resto — chassi tubular, suspensão e as duas carrocerias — era totalmente novo, incluindo a transmissão, feita pela divisão Spicer da Dana Corporation.
Como a ideia era lançar o carro no fim de 1954, Fred procurou Gene Cassaroll, outro entusiasta do automobilismo e dono da Automobile Shippers Inc., a empresa que transportava os produtos da Chrysler, para uma parceria. Eles fundaram a Sports Car Development Corporation. Também chamou John Butterfield, que já havia trabalhado para a Cunningham e era um dos melhores engenheiros da Chrysler na época. A maior parte do processo de desenvolvimento do carro acontecem no porão da sua casa em Detroit.
O estilo do carro foi o trabalho de Hank Kean, que também trabalhava para a Chrysler. Quando o modelo de clay em escala 1:4 ficou pronto, Virgil Exner, chefe da divisão de Design Avançado da Chrysler, também deu suas sugestões. Quando não estava no porão, ele trabalhava no estúdio Ghia. Mas quando Zeder foi ver o engenheiro chefe da Fiat em Turim, durante suas férias de fim de ano em 1952, Dante Giacosa o encaminhou para Bertone. Eles estavam ocupados demais trabalhando na série de conceitos BAT da Alfa Romeo, por isso demoraram nove meses para terminar o carro de Zeder, em vez dos três meses prometidos. Coisa de italiano.
chrysler z-250 (2)
Bertone também transformou o carro em um dois-lugares em vez de um 2+2, como era planejado, porque o que funcionava no papel se mostrou impraticável na realidade. O carro foi então levado para a famosa pista oval no telhado da fábrica da Fiat para alguns ajustes finos, depois dos quais o Z-250 foi apresentado no Salão de Turim.
Em seguida foi enviado para Nova York a bordo do SS Andrea Doria (que afundou três anos mais tarde após uma colisão com o MS Stockholm). Depois de buscá-lo no porto, Zeder o estacionou em frente ao Rockefeller Center, o que resultou em um engarrafamento tão grande que a polícia foi chamada para que ele o retirasse.
Em abril de 1954, Fred levou seu brinquedo (agora chamado Storm Z-250) para o departamento de design da Chrysler em Hamtramck. Depois da morte de seu pai, o tio Jim Zeder se tornou o engenheiro chefe. O velho trio o treinou por anos para que ele não abraçasse novas ideias. Ele pegou o carro emprestado para “avaliá-lo”, mas em vez disso o trancou no depósito da fábrica por dois anos, durante os quais ninguém poderia tocar ou mesmo falar no carro.
A aposta de Fred era que Jim temia que, caso o carro fosse um sucesso, Fred não daria nenhum crédito a ele, mas colocaria a culpa no tio caso o carro fosse um fracasso. A razão oficial era que o carro era muito caro para dar lucro. Quando Fred finalmente conseguiu reaver o carro, as pessoas já estavam comprando Corvette e Thunderbird, sem falar nos Nash-Healey, Kaiser-Darrin e Cunningham usados em competições. Exatamente como aconteceu com os “Corvette” da Oldsmobile e da Pontiac, o carro da Chrysler foi morto antes de poder provar qualquer coisa.
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Zeder ainda dirigiu o Z-250 por 16 anos, até doá-lo para a Universidade de Northwood. Ele ficou em um museu até 1992, quando Zeder o pegou de volta. Como o carro sofreu uma infiltração de água nos cilindros durante o tempo em que ficou parado, o motor teve que ser trocado por um V8 Dodge de 1965, com carburadores de corpo quádruplo, para que Fred pudesse curtir o carrm em sua casa na Califórnia. Recentemente ele ficou exposto no Museu Petersen, em meio a outros carros ítalo-americanos.
A Chrysler só tornou a fazer outro esportivo de verdade em 1992. Ele se chamava Viper.
[Fotos: Just A Car Guy]


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