Há preparadoras que montam kits. Há preparadoras que fazem receitas sob medida. Há preparadoras que fazem projetos ousados. Algumas categorias acima disso e com muitos parafusos a menos, em algum lugar do hospício você vai encontrar a EBTech. São os caras que projetaram e construíram o VW Fox VR6 com motor central-traseiro – e isso é só um aperitivo.
Você já viu o nome deles aqui no Jalop antes: são os caras que projetaram o Lobini, que vão projetar a gaiola do Dart Games e que estão dando cursos de projetos automobilísticos em São Paulo. Passei lá hoje para começarmos a discutir os detalhes da estrutura tubular – falarei mais disso ao fim do post. O fato é, não tive como dar de cara com este monte de carros animais e não fazer um post mostrando estes absurdos pra vocês. Como sei que vocês estão se coçando para ouvir o Fox VR6, devorem isso (ao volante está Fábio Birolini, um dos sócios da oficina):
Ouvir este ronco vindo de um Fox é como receber latidos de Rottweiller vindos de um Poodle – ou algo assim. Faremos uma reportagem completa com este carro assim que a homologação dele sair – mas, infelizmente, estamos no Brasil e não na Inglaterra. O Denatran está despreparado para lidar com projetos especiais como este, e por isso, burocratiza ao máximo o processo, que ainda deverá custar uns bons meses. O Fox está pronto – faltam apenas alguns ajustes finos.
A qualidade de construção e de acabamento é coisa da gringa – note o intercooler (abaixo à esquerda) do tipo air-to-liquid: o fluido de arrefecimento vai até à frente do carro, onde há um radiador escondido atrás da grade inferior. A suspensão e o quadro do motor foram projetados sob medida, mas o mais importante é que são projetos de verdade, feitos por engenheiros gabaritados e testados exaustivamente em pista. Há muita bagagem técnica e prática envolvida, nada de orelhada ou de adaptação do tipo algum-outro-carro-que-parece mais-ou-menos-com-aquele.
Aí embaixo, temos uma réplica de Lotus Seven, cujo proprietário literalmente construiu o bichano em casa, usando um daqueles manuais DIY (do it yourself), típicos da cultura inglesa e americana. Este monstrinho ainda precisa ser finalizado – a chapa de alumínio ao lado da girafa será moldada na forma de um capô. Trabalho artesanal, bem ao estilo inglês. A EBTech está participando do processo de desenvolvimento do carro (acertos de projeto de suspensão, ergonomia, etc) , uma das especializações deles. Na foto, aparecem Alaor Esposito, o outro sócio da oficina (ele cuida da parte de testes e acertos dinâmicos, enquanto Birolini cuida da engenharia), e Rafael Paschoalin, piloto de moto, de carros e tudo o que tenha rodas.
Meia dúzia de passos depois, damos de cara com uma dupla histórica: Fiat Dardo e Willys Interlagos – este, nas cores da Rothmans! Ambos são estruturas tubulares revestidas com carrocerias de fibra de vidro, carros de competição muito sérios. O Interlagos fez parte de um projeto de réplicas que, até onde sei, acabou não vingando – uma grande pena. O Dardo foi todo projetado e executado pela EB-Tech. O Willys chegou parcialmente construído – e eles estão finalizando o trabalho de engenharia e em breve começarão o desenvolvimento em pista.
Finalmente, chegamos ao Dodge Dart. Como não tirei fotos dele lá, joguei esta aí embaixo para ilustrar. Discutimos vários detalhes do projeto da gaiola: espessura e parede da tubulação, amarração no cofre do motor, ligações entre as longarinas, reforços localizados nos pontos de ancoragem de suspensão, chapas perfuradas de ligamento entre a gaiola e a carroceria. Eles me mostraram os 3D de alguns projetos que já fizeram e algumas soluções bacanas de triangulação. Em breve, o carro voltará para lá parcialmente desmontado, e aí o projeto será feito efetivamente.
Além disso, conversamos muito sobre suspensão, pneus e regulagens de bloqueio de diferencial. Mas isso são posts pra outras ocasiões.
Perto dos carros que vi hoje e mais as coisas que conversamos ao longo do dia (Monza com motor de Captiva, Puma com motor de Subaru, Smart com motor de Hayabusa, Saveiro com motor central-traseiro de Subaru), o Dart Games é algo absolutamente arroz com feijão. Confesso que me sinto um pouco mais normal com isso – quase como um dono de Toyota Corolla prata ouvindo Antena 1. Ok, talvez não.
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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