28 de dez. de 2012

Teste: Audi Q3 é uma questão de oportunidade

Fotos: Luiza Dantas/Carta Z Notícias
Teste: Audi Q3 é uma questão de oportunidade
Q3, menor e mais novo SUV da Audi, assume função estratégica para a marca no Brasil

Rodrigo Machado
Auto Press


As marcas premium estão virando generalistas de luxo. Elas têm buscado atuar no máximo de segmentos possível para conseguir a tal escala de produção – essencial para uma boa rentabilidade. E a alemã Audi é o melhor exemplo dessa preocupação. Só no Brasil, a marca atua com 12 modelos diferentes, sem contar versões de carroceria, como sedã e station.
Só que mesmo com tanta variedade, mais da metade das vendas da Audi por aqui se concentram em apenas dois veículos. Exatamente dois dos mais baratos. Além do A1, carro de entrada da empresa, o outro “best-seller” é o Q3. O utilitário esportivo médio, que divide plataforma e peças com o Volkswagen Tiguan, foi lançado aqui em junho com a missão de finalmente fazer a linha “Q” da marca se tornar atraente. E, de uma certa maneira, a missão foi cumprida.

Em novembro, a Audi teve 297 unidades emplacadas. E 27%, ou 82 delas, foi do Q3. Uma participação inferior apenas às 89 unidades do A1, que custa 60% do preço do SUV. Em dezembro, as parciais apontam que o SUV pode até se tornar o veículo mais vendido da fabricante no Brasil. Em relação apenas à linha de utilitários da Audi, o Q3 responde por 63% das vendas. Os números relativos até são bons, mas os absolutos deixam a desejar. O modelo está situado em um dos segmentos mais disputados do mercado brasileiro. E está entre dois “queridinhos” do público nacional: é mais caro que o BMW X1 e um pouco mais barato que o Land Rover Range Rover Evoque. E ainda é acossado pelo Volvo XC60, outro com boa aceitação do mercado.


Para sobreviver um setor com concorrência tão forte, a Audi aposta na mesma mecânica aplicada em outros tantos modelos. A plataforma é a mesma usada nos Volkswagen Golf V e VI e na segunda geração do A3, em 2003. A mesma também é utilizada pelo Volkswagen Tiguan. O motor é o 2.0 TFSI que, no Brasil, é usado também no A3, A4, A5, Q5 e TT. Assim como no A4, o Q3 recebe duas calibrações diferentes para o propulsor. As duas versões mais baratas, chamadas de Attraction e Ambiente, desenvolvem 170 cv e 28,5 kgfm de torque. Na topo, a Ambition, o mesmíssimo motor gera 211 cv e 30,6 kgfm. As acelerações de zero a 100 km/h são de 7,8 e 6,9 segundos e as velocidades máximas de 212 e 230 km/h, respectivamente. 
O câmbio é sempre o automatizado de dupla embreagem S-Tronic com sete velocidades. Entretanto, na Ambition ele recebe algumas funções extras. Se o modo de condução for definido para Efficiency, a transmissão desengata uma das embreagens em velocidade de cruzeiro para ajudar na economia de combustível. A tração é integral através do sistema Quattro.

A mesma estratégia de continuar com o que já dá certo com o resto da linha foi utilizada no desenho. O Q3 traz a dianteira marcada pela generosa grade delineada por frisos cromados. Os faróis são retos e bem finos e trazem as luzes diurnas de led incorporadas. O perfil é esportivo com caimento do teto acentuado. Atrás ficam as lanternas em formato triangular – também lotadas de leds – e mais linhas retas. Em termos estéticos, a única diferença entre as versões é restrita às rodas, de 18 polegadas na Ambition e de 17 nas demais.

O resto da lista de equipamentos guarda menos semelhanças. O Q3 de entrada parte de R$ 149.900 e vem com ar-condicionado analógico, banco do motorista com ajuste elétrico, trio e freio de estacionamento elétrico, assistente de partida em aclives e rádio/CD/MP3/USB/Aux. Na parte de segurança, o utilitário vem com seis aibags, ABS com EBD e controles de estabilidade e tração. A configuração Ambiente adiciona ar-condicionado digital, teto solar, cruise control e sensores de estacionamento e chuva por R$ 165.900. A “top” ainda agrega detalhes internos em alumínio, ajustes elétricos para o banco do carona e sensor de estacionamento dianteiro com assistente de farol alto por R$ 186 mil. Todas podem receber opcionalmente o sistema de entretenimento com GPS por R$ 9.900. Mas só a Ambition pode ser equipada com o Pacote Advanced, composto de partida sem chave, assistente de estacionamento com câmara de ré, sistema de som Bose e o Audi Drive Select, que muda diversos parâmetros do carro ao toque de um botão. Ele ainda adiciona R$ 14.400 ao preço final do utiltiário e transforma, por R$ 210.300, o Q3 no máximo que ele pode ser.


Ponto a ponto

Desempenho – O Audi Q3 traz um conhecido conjunto mecânico do Grupo Volkswagen, composto do motor 2.0 TFSI e do câmbio de dupla embreagem. E, mais uma vez, a sua competência aparece. O motor é bem disposto e tem torque em uma longa faixa de rotação. Os giros sobem com rapidez e levam o carro a velocidades elevadas com uma facilidade impressionante. A transmissão S-Tronic ajuda no serviço com trocas extremamente velozes. Nota 9.

Estabilidade – Apesar da altura e do porte, o Q3 se mostrou um utilitário muito estável nas curvas. Em qualquer situação “normal”, o utilitário não faz menção de desgarrar. Graças também à tração integral Quattro. As rolagens da carroceria são controladas e não incomodam. Se necessário, ainda há o sistema Drive Select que muda parâmetros da suspensão e deixa o conjunto todo mais rígido e mais estável nas trocas de direção. Nota 9.

Interatividade – Todos os elementos vitais do carro são de uso intuitivo. O volante é multifuncional e ainda recebe borboletas para trocas de marcha. O painel de instrumentos tem visualização clara e ainda há uma tela colorida do computador de bordo. A direção é leve, o que ajuda nas manobras. Com relação ao sistema de entretenimento, é necessário algum tempo até se acostumar e manuseá-lo com perfeição. Nota 8.

Consumo – A Audi garante um excelente consumo misto de 13,0 km/l. O computador de bordo, no entanto, foi mais modesto. Marcou média de 9,3 km/l de gasolina. Nota 7.

Conforto – O Q3 é um carro justo em termos de espaço. Ele acomoda bem quatro adultos, mas não oferece tanto conforto assim para o quinto ocupante – até pelo desenho do assento central. Atrás, por sinal, os mais altos vão bater com a cabeça no teto. Na frente há área suficiente em todas as direções. A suspensão é rígida e prejudica um pouco o conforto à bordo. Nota 7.


Tecnologia – O Q3 usa a plataforma PQ35 do Grupo Volkswagen, inaugurada em 2003. Apesar de já estar no mercado há algum tempo, tem boa rigidez torcional, embora não forneça tanto espaço assim. O trem-de-força é dos melhores, com respostas rápidas. A lista de equipamentos de série é curta para um carro desta estirpe. O Q3 deveria vir melhor equipado de fábrica. Nota 8.

Habitalidade – O utilitário da Audi até é bem fornido de porta-objetos. O mais útil deles fica logo à frente da alavanca de câmbio e permite uso rápido. O compartimento sob o apoio de braços é espaçoso, mas não tão prático. O porta-malas leva decentes 460 litros de bagagem. Nota 8.

Acabamento – O Q3 é um carro bem acabado. Os encaixes são precisos e bem feitos e as peças tem o cuidado certo na montagem final. A seção superior do painel é revestida com um plástico emborrachado de boa qualidade. Na parte de baixo, o material é mais rígido. O aplique de alumínio no painel também é interessante. Nota 8.

Design – O desenho do Q3 é bem conservador. A Audi preferiu não ousar no design do utilitário. Simplesmente pegou a identidade visual que já aplica em toda a sua linha e introduziu no SUV. O resultado é um carro harmonioso, mas que não se destaca. Nota 7.

Custo/benefício
– O preço de entrada do Q3 é até balançeado com o da concorrência. Mas para receber os equipamentos que se espera de um Audi, é preciso abrir a carteira. Só na versão mais cara, de R$ 186 mil, o motor ganha a calibração de 211 cv e um recheio mais condizente. Mesmo assim, existem opcionais que elevam a conta para R$ 212 mil. Parece demais para um carro que tem o mesmo – competente – conjunto mecânico e arquitetura do Volkswagen Tiguan, modelo R$ 60 mil mais barato quando equipado de maneira semelhante. A concorrência é composta de BMW X1, na faixa dos R$ 170 mil, e o Range Rover Evoque Dynamic, por R$ 230 mil, comequipamentos similares. Nota 6.

Total – O Audi Q3 somou 76 pontos em 100 possíveis.


Impressões ao dirigir

Retrato de família

Não é preciso muita “pesquisa” para descobrir que o Q3 é um legítimo Audi. No exterior, basta olhar as linhas retas do utlitário. Elas são balançeadas e elegantes, mas guardam tanta semelhança com todo o resto da linha da marca que acabam perdendo qualquer sinal de exclusividade – elemento essencial quando se fala de um carro premium.

Acontece algo semelhante com o interior. Os Audi da atualidade geralmente são bem acabados, mas falta um certo charme. É exatamente o caso do Q3. Exceto pelo interessante aplique de alumínio no painel e no console central, a cabine é um tanto monótona. Ao menos, tudo é intuitivo e espalhado nos lugares onde se espera. A visibilidade é boa, tanto à frente quanto atrás. O funcionamento do sistema de entretenimento demanda algum tempo de adaptação, mas depois é descomplicado. Itens como o GPS e o Park Assist auxiliam bastante no convívio urbano do utilitário.


A mesma sensação de familiaridade acontece depois que se aperta o botão de partida do Q3. O conjunto mecânico composto pelo motor 2.0 TFSI e pela transmissão automatizada de dupla embreagem é usado em diversos outros modelos da Audi e do Grupo Volkswagen. Ao menos, nesse caso, as lembranças são excelentes. O motor empurra o utilitário com extremo vigor. O zero a 100 km/h é feito em 6,9 segundos. Marca louvável para um SUV de 1.565 kg. O propulsor oferece torque máximo entre 1.800 e 4.900 rotações, o que significa que o carro é disposto em quase qualquer situação. As trocas de marcha são rápidas e o sistema é “esperto” e as realiza na hora certa. Caso o motorista queira ainda mais esportividade, dá para usar as borboletas para trocas manuais atrás do volante.

O comportamento dinâmico também é dos melhores. O Q3 tem um ajuste de suspensão rígido, que favorece a estabilidade. O SUV segura nas curvas e não faz menção de sair em quase nenhum momento. De fato, é difícil chegar nos limites de aderência do carro e forçar a entrada dos controles eletrônicos de segurança. 


Ficha técnica

Audi Q3 Ambition 2.0 TFSI
Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível, acelerador eletrônico e turbocompressor com intercooler.
Transmissão: Câmbio automatizado de sete velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 211 cv entre 5 mil e 6.200 rpm (170 cv entre 4.300 e 6.200 rpm nas demais versões).
Aceleração 0-100 km/h: 6,9 segundos (7,8 segundos nas demais versões).
Velocidade máxima: 230 km/h (212 km/h nas demais versões).
Torque máximo: 30,5 kgfm entre 1.800 e 4.900 rotações (28,5 kgfm entre 1.700 rpm e 4.200 giros nas demais versões).
Diâmetro e curso: 82,5 mm x 92,8 mm. Taxa de compressão: 9.8:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo multilink, com braços sobrepostos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Pneus: 235/80 R18.
Freios: A discos ventilados. Oferece ABS e EBD.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,38 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,59 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Oferece airbags duplos frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina.
Peso: 1.565 kg.
Capacidade do porta-malas: 460 litros.
Tanque de combustível: 64 litros.
Produção: Martorell, Espanha.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série:
Attraction: Ar-condicionado, banco do motorista elétrico, acabamento interno em couro, computador de bordo, faróis e lanternas de led, volante multifuncional, trio elétrico, rodas de liga leve de 17 polegadas, airbags frontais, laterais e de cortina, assistente de partida em aclives, controle de estabilidade e de tração, faróis bi-xenônio, freio de estacionamento eletrônico, rádio/CD/MP3/USB/Aux.
Preço: R$ 149.900.
Ambiente: Adiciona ar-condicionado automático de duas zonas, retrovisor eletrocrômico, teto solar elétrico, rodas de liga leve de 18 polegadas, cruise control, sensores de estacionamento traseiro de chuva e de luminosidade.
Preço: R$ 165.900.
Ambition: Adiciona banco do carona com ajustes elétricos, acabamento interno em alumínio, retrovisores aquecidos, sensor de estacionamento dianteiro e de luminosidade com assistente para farol alto.
Preço: R$ 186.000.
 




Fonte: Motrdream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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