29 de dez. de 2012

Nissan GTR Alpha Omega: quase 1.500 cv no Godzilla de rua!

alpha12

Qual o limite do absurdo? Certamente está em algo próximo entre correr de Effa em Nürburgring Nordschleife no inverno e isto aqui: o Nissan GTR com o kit de preparação Alpha 12 Omega, da AMS Performance. Que tal praticamente triplicar a potência original do Godzilla e chegar a 1.420 cv? E mais: o Brasil teve um destes monstros por aqui, mas infelizmente, sua história é bastante trágica.

A AMS Performance é uma empresa sediada em Chicago (EUA), especializada em oferecer kits de preparação para esportivos da BMW, Mitsubishi, Subaru, Porsche e principalmente para o Nissan GTR R35. No caso deste cara, os kits são divididos em quatro categorias: Alpha 6 (US$ 8 mil / 674 cv), Alpha 9 (US$ 25 mil / 1.000 cv), Alpha 10 (US$ 64 mil /1.215 cv) e o Alpha 12, também conhecido como Alpha Omega – capaz de deixar o sabonete Phebo Bugatti Veyron para trás em quase todos os parâmetros, de acordo com a AMS.

Com 0 a 100 km/h aferido em 2,4 s, quarto de milha em 8,9 s (com pneus de arrancada) e 380 km/h de máxima, fica difícil de duvidar. Veja a tabela abaixo.
Retomada de 100 a 210 km/h
AMS Alpha 12 GT-R – 3,31 s
Bugatti Veyron – 5,6 s
Suzuki GSXR1000 (motocicleta) – 5,9 s
Ferrari Enzo – 7,3 s
Porsche Carrera GT – 7,3 s
Lamborghini LP640 – 7,8 s
Chevrolet C6 Z06 Corvette – 7,8 s
Perto do Veyron, os mais de US$ 100 mil (sem mão de obra) do pacote mais extremo são uma pechincha. Para ter os quase 1.500 cv, você precisa usar gasolina de competição, de 116 octanas. Com combustível comum, a ECU remapeia os parâmetros de injeção, ignição e turbos para que ele renda só 1.115 cv. Frente a esse absurdo, o Dart Games vira um joguinho de varetas.

Conhecimento não tem preço. Ou tem?

A receita do Alpha 12 é razoavelmente complexa, mas não tem nada de outro planeta. Na verdade, você está pagando pelo conhecimento, pelo trabalho de desenvolvimento (e certamente, muitos motores VR38DETT destruídos) e pela garantia de qualidade e funcionamento do kit.

As caixas de ar precisam de um acabamento mais feliz – afinal, você acabou de torrar a grana de um Nissan GTR no kit
O motor do Alpha 12 recebe novas camisas de cilindro reforçadas e de maior diâmetro (o deslocamento sobe para 4 litros), cabeçotes trabalhados em CNC, sistema completo de turbos, intercooler e escapes, transmissão redimensionada (terceirizada pela Sheptrans), nova ECU e um embleminha na tampa traseira, responsável por 750 cv. Sentiu falta de especificações mais precisas? É lógico que Martin Musial, proprietário da AMS, não vai entregar o ouro – o lucro dele não está nas peças, e sim na receita.
Note que não há qualquer componente de freios, diferencial, pneus ou suspensão: você pode dizer que o GTR é um carro de extrema performance, mas fica difícil de acreditar que a dinâmica – particularmente a transferência de peso longitudinal – seja a mesma com tanta potência. Por outro lado, imagine os custos com piloto profissional, aluguel de autódromo e engenharia. O kit custaria o mesmo que uma Ferrari 458 Italia.

Tragédia em São Paulo


Não parece, mas o carro acima é um Nissan GTR com kit Alpha Omega. Este foi o trágico resultado de um aparente teste de retomada feito pelo preparador Yian Hau Wang, proprietário da RaceArt Performance, preparadora da Zona Sul de São Paulo. O vídeo do acidente, registrado por câmeras de segurança de uma loja, pode ser conferido neste link.
O carro saiu normalmente de um semáforo na Avenida Atlântica e, a cerca de 60 km/h, disparou numa retomada. Instantes depois, Hau Wang perdeu a traseira do Nissan, que invadiu o canteiro central e colidiu lateralmente contra uma árvore. Sua mulher, Munique Angeloni, estava no banco do passageiro e faleceu ainda no local. Hau permanece em estado grave e estável. É difícil pensar em uma situação pior: carro de cliente destruído, esposa falecida, corpo seriamente ferido. É de destruir as finanças, a alma e o físico.
Não sei se os controles de estabilidade e tração funcionam como deveriam em um carro tão modificado. Não sei se eles estavam desligados. O que sei é que situações como esta são um prato cheio para discursos de moralistas que muito falam e pouco fazem. Acho sim que Wang pisou feio na bola – acelerou onde não devia, acompanhado e em uma via movimentada. De positivo, tragédias como essa servem para nós refletirmos sobre como e onde podemos acelerar. Podemos fingir que só pisamos fundo no pedal da direita em autódromos e que nunca passamos do limite da velocidade nas vias de 60 km/h ou nas estradas. Mas, na prática, fica o conselho do mundo real: só faça isso em locais realmente vazios. E sempre desacompanhado. Pense nas consequências se algo der errado. Sempre.

Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): www.jalopnik.com.br
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