1 de abr. de 2012

Os Ícones do Hammond: Ford Escort Cosworth


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Suspensão independente nas quatro rodas e tração integral com uma divisão 34/66 são funções legais em um carro moderno; mas em algo de 1992, bem, isso mostrou que o Escort Cosworth era um carro sério. Esta edição especial Monte Carlo inclusive tinha rodas iguais às dos lendários carros do WRC. Mas estas coisas são irrelevantes agora. Afinal… veja a asa.
Ficar pasmo diante de um Escort Cosworth e comentar sobre qualquer outra coisa é como elogiar as sobrancelhas de uma dançarina de pole-dancing. Olhe para essa baita asa… é enorme.
Sim, versões futuras do Escort Cosworth tinham um turbo menor e, apesar de ser menos potente – a potência baixou de 230 cavalos para 220 – eram considerados melhores de se dirigir, mas… olha essa asa.

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Este carro parece que está pendurado nela, como um trapezista segurando um balanço particularmente enorme e aerodinamicamente melhorado. Isto, na verdade, era a asa Cossie em toda sua majestade. Mais tarde, ela seria cruelmente encolhida para apaziguar os estraga-prazeres, como os suíços, e mais tarde ainda ela seria eliminada totalmente dos últimos modelos em 1996. Mas não vamos focar nos dias tristes que viriam, vamos saborear o momento e pagar tributo à asa.
Quando entrei nele, eu me senti voltando no tempo, até 1989, antes do Escort Cossie ter sido lançado. Eu havia começado a trabalhar numa rádio local no norte da Inglaterra. O editor de notícias voluntariou-se para levar-me para uma tarefa, e nós corremos – de maneira bem heróica, eu pensei – ao estacionamento subterrâneo e pulamos dentro do carro da rádio; um Escort, mas não a mesma versão como a de hoje. Esta foi, até onde eu sabia, a primeira vez que um membro do clã Hammond andou num carro novo em folha. E ele tinha o nome da estação de rádio na lateral.
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Eu quase morri de emoção, mas eu me contive e admirei o painel novo, os bancos novos, o rádio novo que parecia a cabine de um 747. O editor, um homem de poder e influência inimagináveis, ligou-o, pisou no acelerador, saiu de ré da vaga como se estivéssemos no seriado The Sweeney e acertou-o num pilar de concreto. O dia havia acabado. Mas, como eu não disse que era a BBC Radio York, você não teria como saber que o editor era Alan Grieveson, então ele não passará vergonha.
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Uma olhada no retrovisor é o bastante para lembrar-me que não estou na mesma versão humilde que o editor-que-permanecerá-anônimo bateu – a asa está lá, agigantando-se lá atrás, preenchendo o retrovisor totalmente. Mas o negócio é que, aquela foi a última vez que sentei-me dentro de um Escort desta época, e o interior – e isso deve ser dito – não envelheceu tão bem quando o exterior. Tem um CD player, mas é uma unidade totalmente separada do toca-fitas.
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As bordas do acabamento de plástico do painel podiam ser usadas para cortar cordas. E os bancos, um opcional especial da edição Monte Carlo, tem uma padronagem desenhada especificamente para mascarar a vergonha da Sharon quando ela vomitar após tomar muito Bacardi e Coca-Cola. Mas isso, sem dúvida nenhuma, seria o fim do relacionamento da Sharon com quem estivesse ao volante. E o relacionamento não seria terminado de maneira amigável.
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Este não era um carro para os tímidos e os aposentados, nem para os pobres. Ele custava £25 mil (R$127.430 em valores atuais). Ou seja, era caro pra caramba. E o prêmio do seguro, claro, era impeditivo. Este carro fez parte do movimento que viu o fim do sonho do carro rápido para qualquer um com menos de 95 anos, enquanto seguros disparavam, vagabundos roubavam, a polícia perseguia e os seguros disparavam ainda mais.
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Mas dane-se tudo isso. Ligue o motor 2.0, soltando uma “tosse” e um balido, cheque o retrovisor – sim, está completamente preenchido pela asa – e pise fundo. Ele certamente não era um carro lento para a época, e nem para hoje. 0 a 96 km/h leva 6 segundos; a velocidade máxima é de 225 km/h.
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E aquela asa está ali, no retrovisor, a toda hora. A imagem era tudo em 1992, e, mesmo hoje, guiando o Cossie pela nossa pista – enquanto estou bem ciente da divisão de potência da tração integral que manda mais dela para as rodas traseiras, fornecendo-me excelente controle e equilíbro nas curvas, com a possibilidade de fazer grandes derrapadas se eu quisesse – apenas o carro e eu estamos lá, para levar a asa para onde quiser. Maior era melhor, e este era o maior de todos. Ele não é perfeito, sim, mas é merecedor do seu status de lenda, mesmo que seja pelo marco na história automotiva que ele cravou.
Fotos: Justin Leighton
Fonte: TopGear.com
Tradução: John Flaherty
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