14 de mar. de 2012

Teste: Yamaha XT 660 Z Ténéré estampa valor de marca

 Fotos: Pedro Paulo Figueiredo/CZN
Teste: Yamaha XT 660 Z Ténéré estampa valor de marca
Yamaha explora a força do nome Ténéré e emplaca a versão mais robusta e imponente da XT660

por Eduardo Rocha
Auto Press


Quando os pilotos do Rali Paris-Dacar enfrentaram seus primeiros areais, a linha XT da Yamaha virou sinônimo de resistência e bravura. A XT500 levantou os dois primeiros troféus da prova, em 1979 e 1980. Foi na sequência dessas vitórias, em 1983, que a Yamaha decidiu agregar às suas big trails, a partir do modelo XTZ600, o nome Ténéré – que significa deserto em tuaregue, povo que chama assim a região Sul do Saara.
Com este novo sobrenome, a Yamaha voltou à carga e conseguiu, na década de 90, vencer sete provas do Paris-Dacar em oito anos. Com isso, a linha de motocicletas da marca virou uma linhagem. E volta e meia ela recorre ao nome Ténéré para valorizar as características de robustez e força de alguma XT. Foi exatamente isso que a marca japonesa procurou ao reeditar, no último trimestre do ano passado, o modelo XT 660 Z Ténéré no Brasil – uma herdeira direta daquela monocilíndrica XT500 original.

O modelo chega para ficar exatamente no meio dos outros exemplares da família já vendfidos por aqui, a XTZ 250 Ténéré e a XT 1200 Z Super Ténéré. O preço da 660 Z também fica próximo de uma média aritmética da outras duas. Ela custa R$ 31.110, enquanto a 250 sai por R$ 13.100 e a 1200 por R$ 61 mil. Em relação à XT 600 R, modelo com quem compartilha toda a mecânica, a Ténéré custa R$ 4.790 a mais. Em troca, ela recebe uma roupagem completamente nova, que dá um porte bastante avantajado à motocicleta. Esta vestimenta inclui uma série de reforços, carenagens e proteções. Além disso, ela ganha um segundo disco de freio na dianteira e uma nova calibragem da suspensão, que a deixa 5 cm mais alta em relação ao solo – são 26 cm contra 21 cm. O assento, em duas alturas, também fica 3 cm mais alto. Ou seja: é uma espécie de versão aventureira da 660 R.



Todas as alterações adicionaram 21 kg ao modelo – passou de 165 para 186 kg. E essa medida é a seco. Sem contrar o ganho substancial na capacidade do tanque de gasolina, que subiu de 15 para 23 litros – para chegar nesse volume, avança para a área abaixo do banco do piloto. Esse acréscimo elevou a autonomia média do modelo de pouco mais de 300 km para perto de 500 km e reforça a vocação básica do modelo, que é ser um dual-porpose, entre cidade e estrada – seja asfalto ou terra. Os equipamentos e o novo preço inserem o modelo da Yamaha bem no topo do segmento de de big trails de média cilindrada, onde se trava atualmente uma briga encarniçada no mercado.

O segmento conta com alguns fortes concorrentes, que comercializam perto de mil unidades mensais ou quase 12 mil por ano. Além da própria XT 660 R, as mais cotadas são a Honda XL700 V Transalp, a BMW G650 GS e a Suzuki V-Strom 650. Das rivais, a BMW é a mais em conta – R$ 29.800 –, mas é também a única monocilíndrica como a XT. Já os modelos da Honda e da Suzuki são bicilíndricos em V e saem por R$ 31.800 e R$ 32.900, respectivamente. Desde que desembarcou nas concessionárias, a XT 660 Z Ténéré ampliou as vendas da linha XT 660 em quase 50% – cerca de 100 unidades mensais. Agora, a marca emplaca quase 300 motocicletas por mês contra a média de 170, 180 unidades de Honda e BMW, que brigam na segunda posição. Ou seja: a força do sobrenome Ténéré fez a Yamaha levantar poeira na liderança das trails de médio porte.


Impressões ao pilotar

Olhar superior

A sensação de montar e conduzir uma XT 660 Z Ténéré é semelhante à de dirigir um utilitário-esportivo grande. O piloto fica bem no alto, olha o trânsito de cima e vê os manetes da moto passarem com folga sobre os espelhos retrovisores dos carros de passeio, o que facilita a vida no corredor de tráfego. Em contra-partida, a distância para o solo e a altura do assento desenham uma motocicleta para pessoas bem altas. Como a ideia era diferenciar bastante o modelo para a versão XT 660 R, a Yamaha exagerou nas medidas. Pessoas com menos de 1,80 m vão sentir um certo desconforto a cada parada, pois será preciso se apoiar na ponta do pé. Para comparar, ela é bem mais alta que a 1200 Super Ténéré.

As dificuldades com a Ténéré se concentram nos momentos em que está parada ou em baixíssima velocidade. As manobras, quando montado, são um bocado trabalhosas pela falta de apoio no chão e pelo peso do modelo. Outra dificuldade é assentar a moto no descanso central. O equipamento, opcional, fica bem recuado em relação do centro de gravidade do veículo. Por isso, para utilizá-lo é preciso fazer uma força absurda. Nem mesmo todo o peso do corpo do piloto – em torno de 90 kg – sobre a alavanca do descanso foi suficiente. É preciso duas pessoas normais ou um obeso mórbido para executar a operação.



Em movimento, os dissabores com a Ténéré praticamente acabam. A posição alta se torna um privilégio e a moto atende a todas exigências que se pode fazer para um modelo do segmento. Tem um torque avassalador e alcança velocidades acima de 120 km/h sem esforço. O fato de serem cinco marchas faz com que o motor fique bem disposto, mesmo com a última marcha engatada.

A suspensão também é muito bem trabalhada. Além de absorver os golpes do terreno sem dificuldades, devolve a estabilidade ao modelo com uma simples acelerada. A sensação é de ser capaz de passar como um trator sobre buracos e ondulações, sem perder o equilibrio. Em viagens mais longas, porém, é preciso dar pausas de tempos em tempos, pois as vibrações do motor monocilíndrico são fortes. No mais, o banco é bem ergonômico e confortável. Os dois níveis de altura bem destacados impedem que o carona apoie o peso do corpo no piloto. O que torna a viagem acompanhado bem mais prazerosa.



Ficha técnica

Yamaha XTZ 660 Ténéré

Motor: A gasolina, quatro tempos, 660 cm³, monocilíndrico, quatro válvulas por cilindro, comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial.
Câmbio: Manual de cinco marchas com transmissão por corrente.
Potência máxima: 48 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 5,95 kgfm a 5.500 rpm
Diâmetro e curso: 100 mm X 84 mm.
Taxa de compressão: 10.0:1
Suspensão: Dianteira por garfo telescópico com pré-carga ajustável, amortecimento de compressão e retorno com curso de 210 mm. Traseira com monoamortecedor, ajustável para pré-carga e retorno com curso de 200 mm.
Pneus: 90/90 R21 na frente e 130/80 R17 atrás.
Freios: Discos duplos de 298 mm de diâmetro na frente e discos simples de 245 mm atrás.
Dimensões: 2,24 metros de comprimento total, 0,86 m de largura, 1,47 m de altura, 1,50 m de distância entre-eixos e 0,89 m de altura do assento.
Peso: 186 kg.
Tanque do combustível: 23 litros.
Produção: Manaus, Amazonas.
Preço: R$ 31.110.




Fonte: motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br/
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