21 de mar. de 2012

Teste: Novo BMW Série 1 roda entre perdas e ganhos

 Fotos: Eduardo Rocha/CZN e Divulgação
Teste: Novo BMW Série 1 roda entre perdas e ganhos
Nova geração do BMW Série 1 embarca muita eletrônica mas deixa o luxo de fora na versão para o Brasil

por Eduardo Rocha
Auto Press


A Europa também tem uma nova classe média. Com uma diferença: no Brasil, os consumidores desta faixa se originam do aumento de renda das classes mais baixas, enquanto na comunidade europeia ela surge da queda do poder aquisitivo das classes mais altas. O fenômeno, que se acentuou com a crise que se arrasta desde 2007, tem um reflexo direto no mercado: o aumento de interesse em modelos mais acessíveis de marcas premium.
As fabricantes respondem com a aplicação de mais tecnologia e sofisticação nos segmentos de entrada. Essa filosofia orientou a Audi no A3, foi adotada pela Mercedes-Benz no Classe A e agora é reafirmada com ênfase na segunda geração do Série 1, que chega ao mercado brasileiro nove meses depois de ser apresentado na Europa. Mas a versão destinada inicialmente ao Brasil, a 118i, sofre de uma certa crise de identidade. Ela embarca os vários recursos eletrônicos sofisticados, mas traz um acabamento sem requintes.

A intenção desse “despojamento” seria para evitar o espanto da freguesia – o que certamente ocorreria com o repasse integral para o preço do IPI adicional de 30%. Mas o resultado ficou no “fio da navalha”. O preço subiu sensivelmente, mas não embute todos os 30 pontos do imposto. A versão mais barata, 118i, que há um ano custava R$ 97 mil, passou para R$ 113.370, 17% a mais. Salgado. As versões seguintes, 118i Urban Line e 118i Sport Line são ainda mais caras. Custam, respectivamente, R$ 119.720 e R$ 122.900.



Em todas elas, o luxo foi sacrificado, mas a esportividade e a eletrônica embarcada se mantiveram, para sustentar a excelência dinâmica dos modelos da marca. A começar pelo propulsor 1.6 TwinPower Turbo, que rende 170 cv potência a 6 mil giros e 25,5 kgfm de torque entre 1.500 e 4.500 rpm. Segundo a BMW, o 118i é capaz de fazer o zero a 100 km/h em 7,5 segundos e chegar a 225 km/h. O modelo é gerenciado por um câmbio automático com modo manual sequencial de oito marchas que tem três modos de atuação: Eco Pro, Comfort e Sport – na versão mais cara, há ainda o modo Sport+, que reduz a atuação dos controles dinâmicos do carro.

No modo Eco Pro, o computador “ensina” como dirigir mais economicamente. Indicar se a pressão no acelerador está forte ou se a frenagem poderia ser mais suave. Nesta busca pela economia, a BMW adotou o sistema Start/Stop como item de Série no 118i. Cada vez que o modelo fica imóvel, o motor é desligado. E basta uma leve pressão no acelerador ou um movimento no volante para religá-lo. Pelo desgaste provocado neste liga-desliga, o 118i tem um sistema regenerativo da energia dos freios, que auxilia o alternador a manter a bateria em boas condições de carga.



A carga de tecnologia do Série 1 fica muito bem explicitada no painel do Série 1. O sistema i-Drive usa a tela de 5,5 polegadas no console central como interface para configurações e conectividade. Ele é capaz de parear com um Smartphone e assumir várias de suas funções, tem GPS, câmara de ré, sensores de obstáculos, de chuva e de luminosidade e ar-condicionado automático. No computador de bordo também é possível navegar pelo manual do proprietário. Na parte de segurança, nada que impressione. O 118i traz apenas os equipamentos normais, como faróis bixênon, seis airbags, controles de estabilidade e de tração, ABS com EBS, etc. Só não traz o conforto e a estética costumeiramente encontrados em modelos premium. Os bancos são em tecido grosso e têm ajustes por alavancas. Os panéis que cobrem teto e colunas são revestidos em um tecido simplório, enquanto os plásticos aparentes são pouco refinados.

Com a alta dos preços e a queda do glamour, o Série 1 pode ter dificuldades para repetir o desempenho dos dois últimos anos, quando emplacou 120 unidades mensais em média. Mesmo com os reforços na linha no meio do ano. O primeiro é o 116i, mais barato, que usa o mesmo 1.6 turbo com rendimento reduzido para 136 cv. O outro é o 118i Full. Como o próprio nome denuncia, será a versão completa. Nesse caso, com direito a acabamento em couro, bancos elétricos, teto-solar, borboletas no volante e acabamento mais sofisticado. Elementos de requinte que, tanto quanto a esportividade, sempre se espera em um  BMW.



BMW em preto e branco

Urban e Sport representam um novo sistema para aproximar os BMW da suposta personalidade do comprador. Começa com o novo Série 1 e deve se estender aos novos lançamentos da marca. Trata-se de criar uma unidade de design no detalhamento do carro. O Urban usa cores claras em frisos, como na parte baixa do para-choque, no perfil das aletas da grade, nas rodas, na ponteira do escapamento e nos apliques de acabamento no interior. Já o Sport adota o preto, cromo escuro e detalhes em vermelho – como no pesponto do banco – nesses mesmos itens. A ideia é expressar uma certa classe no primeiro e uma dose de agressividade no segundo.

Na Europa, até as rodas seguem estes conceitos – são brancas no Urban e pretas no Sport. No Brasil, porém, a BMW preferiu não confrontar o consumidor com estas ousadias – inclusive porque o brasileiro é considerado muito sisudo em relação à estética de automóveis de luxo. Por isso, fez demandas junto à matriz na Alemanha para “suavizar” o impacto desses conceito. Por exemplo: aqui as rodas de liga-leve por aqui são sempre na cor tradicional, em alumínio brilhoso. Lá fora, a versão Urban traz apliques em laca branca no tablier, nos painéis de porta e no console entre os bancos. Por aqui virou alumínio escovado. A marca ainda estuda se vai aceitar encomendas dos modelos no conceito original. Mas não leva muita fé na possibilidade de o consumidor “brincar” com os elementos decorativos de sua BMW.


Primeiras impressões

Dupla personalidade

Juquehy/São Paulo – As fontes de diversão em um BMW são tradicionalmente os pedais e o volante. Mas desde que a marca introduziu o i-Drive em seus carros, a partir de 2001, o controle de navegação no console central também tem revelado qualidades lúdicas. Nele, pode-se navegar através do manual do proprietário e até transferir para ele funções do smartophone. Também é possível alterar algumas configurações que influenciam no comportamento e no rendimento do carro. Pode-se determinar as reações do câmbio e a resposta do acelerador e limite de velocidade. Mas no Série 1, no entanto, estes comandos são um tanto limitados. Em modelos superiores, as possibilidades aumentam muito e incluem até rigidez da suspensão e peso da direção.

O maior limite, porém, foi o formato proposto para o test-drive, em comboio – ironicamente, comportamento proibido na Alemanha por ser considerado perigoso. A ideia era aproveitar o percurso de pouco mais de 30 km para fazer uma espécie de check control no carro: verificar se os sistemas eletrônicos realmente funcionavam. Apesar do i-Drive, botões e controles do painel são aborrecidamente numerosos. E no final, mesmo com os vários sistemas que visam a economia, o computador de bordo indicava um consumo muito pouco elogiável, de 7,5 km/l – a BMW indica em percurso misto a média de incríveis 16,4 km.



O que também fica constatado é como este Série 1 sofre de falta de glamour interno. Por exemplo, como não tem regulagem elétrica, os comandos para o banco são manuais. Todos os cinco: apoio das pernas, inclinação do assento, altura, reclinação e distância. O tecido dos bancos é pouco refinado, assim como demais tecidos e plásticos de revestimento. Claro que montagem e finalização se mantêm impecáveis, mas os materiais usados deixam muito a desejar para um modelo premium que custa mais de R$ 110 mil.
   
Em um momento em que o comboio se espalhou, foi possível focar a atenção na parte dinâmica e avaliar de forma ligeira a força de aceleração e a estabilidade em retas do modelo. As marchas se sucedem de forma suave e quase imperceptível e o ponteiro do velocímetro sobe sem esmorecer em nenhum momento. Até os 160 km/h,  a máxima possível nas circunstâncias, com o acelerador bem pressionado, o Série 1 não foi exigido além da 6ª – o câmbio sobe a marcha automaticamente, mesmo em modo manual, aos 6.500 giros. Nestes giros mais elevados, a rouquidão do ronco do motor invade o habitáculo até com certa facilidade. Mas o que falta mesmo são as borboletas para comandar as trocas de marchas, que deveriam ser item de fábrica no modelo. Afinal, o Série 1 pode não ser um exemplo de luxo e requinte, mas em movimento reafirma a condição de modelo BMW.



Ficha Técnica

BMW 118i

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 1598 cm³, quatro cilindros em linha, turbo com duplo coletor, quatro válvulas por cilindro e sistema de abertura variável de válvulas. Injeção direta e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado com oito marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração.
Potência máxima:  170 cv entre a 4.800 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,5 segundos.
Velocidade máxima: 225 km/h.
Torque máximo: 25,5 kgfm entre 1.500 e 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 85,8 mm X 77 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos e barras estabilizadoras. Traseira independente do tipo Multilink, com cinco braços transversais e longitudinais, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos e barras estabilizadoras. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 205/55 R16.
Freios:  Discos ventilados de cerâmica nas quatro rodas. ABS, EBD, assistente de frenagem de emergência e controle de frenagem em curvas.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e quatro lugares. Com 4,34 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,42 m de altura e 2,69 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e do tipo cortina de série.
Peso: 1.390 kg.
Capacidade do porta-malas: 360 litros.
Tanque de combustível: 52 litros.
Produção: Regensburg, Alemanha.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado automático, trio elétrico, direção assistida, bancos e volante esportivos com regulagem em altura e profundidade, volante multifuncional, sistema Park Assist, computador de bordo, sensor de estacionamento traseiro, câmara de ré, CD Player/MP3 com USB e Bluetooh, chave Keyless, GPS, sensores de chuva e de faróis, faróis bi-xenon, controle de tração e estabilidade e freios ABS com EBD.
Preço: R$ 113.370.
Fonte: motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
Comente está postagem.

Nenhum comentário: