3 de mar. de 2012

Primeiras impressões: Jeep Wrangler no Brasil



Alguns carros te arrancam da zona de conforto – literal e figurativamente. Foi o que aconteceu quando tive de encarar a nova versão do Jeep Wrangler. Primeiro porque a oportunidade surgiu de um imprevisto, e depois, porque veículos off-road não são exatamente a minha praia. Mesmo assim, munidos de jeans e um tênis reforçado, o que poderia dar errado?

NOTA: O pessoal da Chrysler queria tanto que o Leo avaliasse o novo Wrangler e Compass, que fizeram uma reserva em um hotel executivo em uma região nobre – com uma recepcionista mestiça, meu amigo… – e um jantar bacana em uma casa de eventos. Só que aí eu o substituí em cima da hora e no final não aproveitei o jantar.

Só fui ter certeza de que encontraria o Wrangler quando já estava no local. Meu palpite era que seria a apresentação do Jeep Compass, enquanto o chefe apostava no Jeep por excelência. Acontece que nós dois acertamos. E apesar de projeções de vendas muito maiores para o Compass – 2.000 unidades contra 450 das duas versões do Wrangler – o jipe clássico parece mais próximo do nosso gosto pessoal. Por sinal, a minha imagem de um jalopy é um Jeep com motor 4 cilindros e meio século de vida que passou pelo inferno e voltou pra contar como é.
Essa imagem de um utilitário velho e surrado – e funcionando – parece viva na própria Jeep. Antes do teste, o projetista chefe da empresa, Gregory Howell, apresentou influências e esboços de projetos novos e antigos da empresa, incluindo uma foto de um antigo Jeep enferrujado no meio do escritório. Ele disse acreditar que a Jeep passará por uma mudança semelhante à que vive a Land Rover com o Evoque, mudança que segundo ele não chegará ao Wrangler, sempre fiel à sua identidade.
Já o gerente de marketing da Chrysler no Brasil, Luiz tambor, destacou a chegada do 300C e RAM – os dois já estão nos sites das marcas – e falou que espera dobrar o número de revendas, atualmente com 25 pontos de venda, além de concluir 60% da separação das concessionárias Chrysler e Mercedes-Benz ainda existentes.
Voltando ao Wrangler, ele afirmou que o utilitário terá à sua disposição uma linha de personalização da Mopar, sem entrar em maiores detalhes. Mas a maior novidade da linha 2012 é, sem dúvida, o motor Pentastar V6, o mesmo motor 3.6 24 válvulas adotado no Journey, que entrega aqui 284 cv, contra os 199 cv do V6 3.8 anterior. O torque também foi beneficiado, indo de 32,7 kgfm para 35,4 kgfm.

Com uma transmissão automática de cinco velocidades, o motor apresenta um pequeno atraso na entrega da potência – algo que o Leo também notou ao testar o Journey – mas nada que prejudique tanto o utilitário. Na versão Unlimited, com quatro portas, o comportamento deve ser um pouco diferente graças aos quase 400 quilos a mais.
Na cidade e na estrada, o Wrangler surpreendeu. Diferente de experiências anteriores a bordo de um Troller, o Jeep não transmite a situação do pavimento a seus ocupantes, mérito da suspensão multi-link com cinco braços articulados (tanto nas rodas traseiras quanto nas dianteiras). Da mesma maneira, o nível de ruído não incomoda e só chama a atenção perto das trocas de marcha. Por outro lado, quem está acostumado a carros de passeio logo se situa ao notar a rolagem da carroceria – fazendo valer o aviso de risco de capotamento encontrado logo no começo do manual do veículo – e um discreto subesterço, na versão Sport (duas portas) avaliada.
Mas francamente, não é isso o que interessa para quem compra este tipo de veículo…

A diversão começou mesmo no circuito de terra preparado pela Jeep, com inclinações laterais, subidas e descidas íngremes e terrenos muito acidentados, como você pode ver na galeria. À primeira vista o trajeto impressiona, mas se eles nos levaram lá, devem confiar que o seu produto não vá fazer feio.
O segredo é parar o veículo e engatar a reduzida – a tração 4×4 normal pode ser engatada em movimento. A opção desliga o controle de estabilidade (que convenhamos, nem precisava ser lembrada no painel nessa situação) e permite superar sem dramas os obstáculos do circuito, inclusive um morrinho considerável que faria muito SUV ser reprovado no quesito ângulo de ataque.
Subir é fácil, mas e na hora de descer? Simples, ative o recurso HDC no console central. O Hill Descent Control (vulgo controle para ladeira abaixo) mantém a velocidade do veículo estável em declives, e até dispensa o uso do freio – algo que o urbanóide que vos fala relutantemente confirmou.
O restante do trajeto foi percorrido de forma tranquila: basta dosar a aceleração que a potência parece sempre chegar às rodas certas. O TCS (controle de tração) cuida de encontrar o caminho para tracionar as rodas em contato com o solo.
Toda essa eletrônica que facilita a vida até mesmo do mais iniciante pode incomodar os mais puristas, que têm no nacional Troller uma opção mais simples e mais barata: 93.227 reais o jipe nacional, frente aos R$ 127.299 pedidos no Wrangler 2P (R$ 129.900 na região sul, e nos estados de São Paulo, Minas e Rio). O gringo certamente é mais luxuoso e confortável, mas para quem tem foco nas trilhas, isso não deve fazer muita diferença.
Já a versão Unlimited do Wrangler tem preços que partem de R$ 137.099 (R$ 139.900 em MG/RJ/SP e na região sul). Outro peso pesado das trilhas, o Land Rover Defender, começa em R$ 130.000 (na versão 90, duas portas) e R$136.000 (versão 110, quatro portas) segundo a tabela Fipe.
Para não dizer que me senti um jipeiro, na hora de selecionar o modo 4×2, graças à força necessária para o desacoplamento, forcei uma pequena troca de pele ao segurar a alavanca da caixa de transferência da forma como estou acostumado a passar marchas. Era mesmo hora de voltar à cidade.
Crédito das fotos: Chrysler, Pedro Bicudo/divulgação.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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