5 de mar. de 2012

Primeiras impressões: Fiat 500 Abarth



Quando a Fiat decidiu lançar o 500 nos EUA, a estratégia acabou rendendo mais frutos no mercado brasileiro que no americano. Enquanto o modelo feito no México reduziu significativamente os preços por aqui, lá a marca ainda está sofrendo para convencer os americanos a comprar seu compacto-retrô-moderninho – já que uma fracassada campanha estrelada por J.Lo deu ao modelo o rótulo de “carro de mulher”.

A versão Abarth tenta reverter esse quadro ao proporcionar desempenho de gente grande e o maior nível de diversão que você encontrará em um carro compacto. Resta saber se a Fiat vai ou não trazer seu pocket rocket temperado com jalapeño.
Nota de esclarecimento: a Fiat queria tanto que eu testasse o 500 Abarth que me mandou para Las Vegas, me hospedou no Hard Rock Hotel e serviu comida e bebida. O mais legal é que havia sempre uma garçonete com uma bandeja de lanchinhos na sua frente sempre que você não estivesse dirigindo ou comendo algo.
Não tenho medo de carros de mulher. Sou o tipo de cara que gosta do carro quando ele tem uma cara bacana. E o 500 é assim. como já disse antes, é difícil encontrar alguém que não sorria diante deste pequeno carro.
Em sua versão Abarth ele usa os traços que o tornam amigável para transformar sua personalidade “amistosa” em outra que é das minhas preferidas.
Valente.
Com porte, visual e espírito remanescentes dos clássicos Abarth de corrida, ele é um carro que atravessa a linha entre o feminino e o visual agressivo de muitos dos esportivos modernos.
O Fiat 500 Abarth americano não é o mesmo carro que o modelo europeu, embora eles compartilhem praticamente o mesmo kit Abarth. Os europeus tem um Abarth de entrada, de 133 cv e o modelo Essesse, de 160 cv. Como tudo o que vem da Europa para as colônias, o carro foi um pouco simplificado e vem em apenas uma versão, de 160 cv como o Essesse.
Pode não parecer muito, mas isso é mais que o dobro do 500 1.4 vendido por aqui, e em tempos de engorda automotiva 1100 kg ainda permitem uma relação peso/potência bastante respeitável.

A potência vem do motor 1.4 Multiair turbinado, com dois intercoolers instalados no ressalto do para-choque dianteiro, que tem tomadas de ar e respiros funcionais. O motor tem uma bela capa vermelha e preta com um enorme escorpião gravado. Ter um escorpião adestrado parece a melhor forma de trabalhar no motor, já que ele está instalado como os órgãos em um cadáver de laboratório de anatomia. Há muita coisa para pouco espaço.
O Abarth recebeu semi-eixos dianteiros reforçados para o torque de 23,5 kgfm, suspensão mais rígida e responsiva (MacPherson na frente, eixo de torção atrás), bem como discos ventilados de 11,1 polegadas na dianteira e 9,4 polegadas na traseira para acalmar a festa. A transmissão é apenas manual de cinco marchas. Ouvi alguns jornalistas desejando outra marcha, mas fiquei satisfeito com as cinco e achei muito bom que tenham usado uma caixa manual em vez de algum tipo automatizado com borboletas no volante. Os preços nos EUA partem de 22.000 dólares (a versão vendida aqui por 40.590 reais parte de 15.500 dólares).

Há bancos especiais Abarth e um monte de couro em quase tudo o que você tocar, o que é muito bom. O topo do painel e dos painéis das portas ainda tem o toque de plástico rígido, mas no geral o painel tem um belo visual. Há também um manômetro da pressão do turbo com uma luz de mudança de marchas integrada – algo que se via nos antigos econômetros para ajudar a reduzir o consumo de combustível. Mas aqui no Abarth serve para você aproveitar ao máximo a faixa de torque em cada marcha. A posição do motorista é relativamente elevada e ereta, e a visibilidade é excelente, exceto pelo ponto cego formado pela enorme coluna C. Achei os pedais um pouco desconfortáveis, mas nenhum dos outros jornalistas tiveram este problema, então talvez o problema seja comigo e não com o carro.
Antes de dirigirmos o carro, eles foram apresentados a nós em vídeos e um modelo em corte do novo MultiAir turbo – que ajudou a demonstrar exatamente como ele funciona (imagine um comando de válvulas dinâmico de acionamento hidráulico baseado na carga do motor).
Além de apresentar o 500 Abarth, eles também nos mostraram uma edição especial de 200 cv que passou por uma intensa redução de peso graças ao uso extensivo de fibra de carbono: um belo carro chamado Venom, cujo lançamento ainda não está definido. Mas ninguém deu muita bola para ele, pois enquanto mostravam o carro, a Fiat trouxe a personificação do 500 Abarth nas propagandas: a modelo romena Catrinel Menghia.

Isso foi uma péssima ideia, pois em poucos instantes a modelo estava rodeada de jornalistas automotivos tarados de meia-idade tirando fotos e fazendo gracinhas. Foi meio bizarro. Além disso, acho que, por motivos de segurança, mulheres lindas como ela deveriam ser admiradas apenas através de um furo em um cartão, como um eclipse solar.
Na rodovia deserta próxima à pista fiquei impressionado com algumas coisas. Ventava muito e eu tenho muita experiência em dirigir carros altos e leves no vento e já esperava um duelo com os ventos cruzados, mas eles simplesmente não aconteceram. O carro manteve-se estável e plantado como um velho Galaxie com o porta-malas cheio de cadáveres. Havia ruído do vento, mas não chegava a incomodar. E por falar em ruído, os engenheiros fizeram um baita trabalho no ronco do motor – ele soa muito bem e é divertido pisar fundo. Cheguei a 180 sem fazer esforço. É divertido, rápido e muito confortável.
Levamos o carro à pista, também, e foi demais. O botão “sport” da Abarth é um dos poucos que realmente parece funcionar. Quando ativado, o modo esportivo eleva o torquede 20 kgfm para 23,5 kgfm e você logo nota a diferença. Não tenho certeza quanto à suspensão, mas a fábrica diz que tudo fica mais rígido no modo “sport”.

A direção é um pouco boba, e eu culpo a assistência elétrica instalada na coluna de direção, mas o manejo em geral é muito bom. A aderência é melhor que eu esperava, especialmente com pneus de rua, e os freios são excelentes. Acho que a maior supresa foi a ausência de fortes subesterços, que eu esperava que fossem muito mais dramáticos com a distribuição de peso 64/36 do pequeno Abarth.
O Abarth 500 me lembrou muito o Golf GTI de primeira geração. Ele era pequeno, ágil, leve e tinha uma relação peso/potência ideal para um desempenho bem animado. O Fiat 500 Abarth é uma das coisas mais divertidas que você pode fazer sobre quatro rodas.
Há muitos carros mais velozes, mas quando você está nesse caixote, com o pé no fundo, apontando para uma curva e ouvindo aquele bela melodia do motor, nada mais importa. É divertido demais.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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