21 de mar. de 2012

O doce veneno da divisão esportiva Abarth



Vamos deixar que nossos colegas americanos falem de Ferrari, Lamborghini, essas obviedades. Nos concentremos naquilo que o Salão de Genebra tem de menos óbvio. Um estande só com as preparações feitas pela Abarth, por exemplo. E com italianas gatas atrapalhando minhas fotos.

Observação: os leitores assíduos devem ter estranhado a interrupção da nossa cobertura sobre tudo o que rolou em Genebra. Tive alguns problemas pessoais que forçaram uma volta emergencial para o Brasil. Os planos para pisar fundo em Nürburgring também foram cancelados. Mas fiquem tranquilos: ainda temos muitos posts para publicar a respeito. Isso aqui, mesmo com atraso, é só o começo.

A Abarth é o tipo de empresa que forma a riqueza da cultura automotiva. Sua história é personificada por Carlo Abarth, austríaco de nascimento e italiano por adoção. Piloto de moto vitorioso, teve de deixar sua paixão para trás após desafiar a morte algumas vezes. A equipe de preparação criada a partir dessa desistência criou seu primeiro vínculo com a Fiat em 1952, resultando no nada menos que espetacular Bertone Abarth 1500 Biposto.
Em 1971, a Abarth seria adquirida em definitivo pela gigante de Turim, tornando-se sua divisão oficial de competições. Além disso, passou a co-assinar versões envenenadas de carros da Fiat, Lancia, Alfa Romeo e Autobianchi. Depois de um relativo esquecimento na década de 1990, o símbolo do escorpião retornou com força de legítima divisão Motorsport. Os Cinquecento “Assetto Corse”, por exemplo, formam uma das categorias monomarca mais divertidas da Europa.

A linha de produtos para as ruas é limitada, e suas três novidades couberam em um minúsculo estande espremido entre Alfa Romeo e Fiat. Mas foi um lugar que chamou a atenção de todos os brasileiros, não só pelas lascivas garotas italianas, mas também pela imaginação despertada por um Punto preto com cara de mau e tratado como merece: o Abarth Punto Scorpione.

Trata-se de uma série com acabamento especial baseada no já exclusivo Abarth Punto. Todo pintado de preto, com capô e teto finalizados em tom opaco e um body kit bem discreto, ele aproveita bem o agressivo perfil em cunha do carro. Apenas 199 serão feitos assim.

O motor 1.4 MultiAir Turbo é uma pequena maravilha de quatro cilindros aqui ajustada para produzir 180 cavalos e 27,5 kgfm a 2.500 rpm, com a ajuda de uma turbina Garret 1446. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e atinge 216 km/h, um segundo mais rápido e treze quilômetros mais veloz que os dados oficiais do Punto T-Jet nacional e seus 152 cavalos e 21,1 kgfm.  A rigidez torsional ganha força, e os freios e suspensão também recebem upgrades.

Por trás das rodas aro 18 de liga leve com pintura brilhante estão discos de freio de medida 305 mm por 28 mm flutuantes e perfurados, acionados por pinças de quatro pistões com pastilhas especiais. Discos perfurados de 264 mm por 22 mm também se ocupam do eixo traseiro. Os amortecedores Koni possuem ajuste de frequência nas válvulas, e trabalham com molas mais curtas e duras. O ronco do MultiAir passa por um sistema de escape alargado no setor central, e termina numa ponteira dupla gorduchinha.

O volante tem o mesmo formato e pegada elogiados de todos os Punto, com o devido adorno da marca, e deixa à vista os instrumentos ingleses da Jaeger. Há pedais com revestimento de aço inox, e um generoso apoio para o pé esquerdo feito de alumínio, para segurar o corpo nas curvas – mas os bancos esportivos homologados Abarth Corsa by Sabelt já cumprem bem a função.

A coluna vertebral do interior alinha a alavanca do câmbio manual de seis marchas e, logo à sua frente, um seletor de modo Sport. O italiano todo garboso que me apresentou o carro explicou que este modo enrijece os amortecedores Koni, modifica alguns parâmetros do motor e torna a assistência da direção mais direta.

Perto do Abarth Punto Scorpione, os outros dois Cinquecento alinhados no estande realmente parecem mais femininos, não apenas pelos traços de joaninha, mas porque as voluptuosas modelos italianas preferiram descaradamente posar com os simpáticos. Este abaixo é o Abarth 595 Competizione, um nível acima da sofisticação e preparação do 500 Abarth no qual nossos camaradas do Jalop US andaram recentemente.

O motor é o mesmo 1.4 16V Turbo do Punto T-Jet nacional, mas com uma turbina japonesa IHI RHF3, potência elevada de 152 para 160 cavalos e torque máximo 10% maior, 23,5 kgfm a 3.000 rpm. Acelera de 0 a 100 km/h em 7,4 e atinge 211 km/h no final da quinta marcha.

O 595 Competizione exibe um estilo mais discreto, monocromático e elegante que os outros Cinquecento esportivos, sempre cheios de faixas e adesivos. Tentei conferir as formas do seu interior, mas o lugar estava deliciosamente ocupado.

Segui então para o 595 Turismo, semelhante ao Competizione, mas feito para se desfilar e chamar a atenção por aí. De preferência com uma loira italiana. O macacão a gente dispensa.

Cheios de detalhes cromados e logos feitos de alumínio, o Turismo nos parece um pouco decorado demais, com sua pintura dividida entre cinza e vermelho querendo atrair os olhares no trânsito. Mas o foguete continua pesando 200 quilos a menos que o Punto T-Jet, com potência e torque sensivelmente melhorese e muita qualidade de condução.

O interior traz os mesmos bancos Corsa da Sabelt que vimos no Abarth Punto. Além das padronagens diferentes no revestimento de couro, o Turismo troca o câmbio manual de cinco marchas com alavanca no console, bem próxima do volante, por uma caixa automática também de cinco marchas, com acionamento por paddle shifts. Com ela, a aceleração de 0 a 100 km/h fica em 7,6 segundos, dois décimos acima do Competizione.

Em ambas as versões, o pequeno painel é complementado por um manômetro da pressão do turbo no lado esquerdo, com shift-light integrado para avisar ao motorista o momento ideal para as trocas de marcha. Tuning de fábrica, e bem legal nesse caso.

E por que não um Palio Abarth?

Fonte:jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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