10 de mar. de 2012

Desvendamos a Pista de Testes do Top Gear



Um pequeno teste para vocês: digam um, apenas um, programa de TV que tenha sua própria pista de testes, que não seja o Top Gear.
Bom, talvez exista, mas é difícil lembrar logo de cara. O fato é que a pista de testes do Top Gear é um dos circuitos mais famosos do mundo, mesmo que não faça parte de nenhum calendário oficial de nenhuma categoria automobilística.

Mas a mística por trás da pista foi criada através dos testes que os rapazes fazem lá, apresentando desde carros que qualquer um pode comprar até verdadeiras máquinas dos sonhos, passando por carros usados, vans, tratores, e até mesmo um caça.
A partir de agora, você conhecerá mais um pouco sobre a pista de testes do Top Gear.

A História Por Trás da Pista
O traçado da pista, junto com o estúdio do Top Gear – que nada mais é do que um hangar – fica localizado no Aeródromo de Dunsfold, Inglaterra, seguindo uma espécie de tradição das primeiras pistas de corrida britânicas, que faziam uso de pistas de pouso abandonadas após a Segunda Guerra Mundial. Este é o caso do aeródromo, que foi a base de esquadrões da Real Força Aérea Canadense durante a Segunda Guerra. Após o conflito, ele serviu como base para renovação de antigos caças, além de ajudar no desenvolvimento dos caças Hawker Hunter e da primeira geração do caça Harrier. Dois fatos tristes: o piloto de testes Jim Hawkins morreu em Dunsfold em um acidente com um protótipo do caça Hawk 200, em Julho de 1986; e durante um vôo de teste do jato Hawker Siddeley HS.125, o avião atingiu pássaros enquanto decolava e, antes de cair, acabou atingindo um carro numa estrada próxima, resultando na morte dos seis ocupantes do veículo e um tripulante do avião ferido.
Em 2002, a companhia britânica BAE Systems vendeu o Aeródromo de Dunsfold para a The Rutland Group e, durante a reformulação do Top Gear, o aeródromo foi escolhido para ser a nova base do programa da BBC2, em 2002.
O Traçado

O traçado usa o trecho noroeste do aeródromo, e ela foi projetada especialmente pela Lotus Cars. O layout da pista – considerada uma “figura-em-8″ – é considerado desafiador tanto para carros quanto para quem for pilotar nela, devido às características do aeródromo, com poucos pontos de referência para tomadas de curvas e pela própria configuração dela, que sujeita os carros a várias condições diferentes, como provocar saídas de traseira e de frente e testar o equilíbrio dos carros nas frenagens. Segundo Richard Hammond, o traçado também serve para deixar os carros em condições mais iguais, pois tempos de aceleração de 0 a 96 km/h e velocidades máximas não servem de nada nesta pista. Isso é comprovado ao darmos uma olhada na tabela de tempos, onde um Caterham Seven Superlight R500 conseguiu ser 0.4 segundo mais rápido do que um Bugatti Veyron 16.4.

Nem todas as curvas são mencionadas durante uma volta rápida com o Stig, ou no quadro Estrela no Carro de Preço Razoável. No entanto, uma merece ser mencionada: a Gambon, antes conhecida como Carpenters. A mudança de nome ocorreu logo depois do oitavo episódio da primeira temporada, quando o convidado Michael “Dumbledore” Gambon atingiu um degrau na curva e quase capotou o Suzuki Liana utilizado no quadro Estrela no Carro de Preço Razoável, e até hoje é um dos momentos mais lembrados pelos fãs do programa.

Claro que outros convidados caíram na “armadilha” escondida na curva Gambon, mas o mais recente – e um dos mais impressionantes – foi Tom Cruise no Kia Cee’d, que conseguiu a mesma façanha que Michael Gambon, só que de uma maneira ainda mais espetacular.
Os Segmentos

Power Laps: é neste segmento onde o Stig brilha, mostrando ao mundo como se tira o máximo de um carro. Todos os carros que permitem ajustes são configurados para máxima performance, e auxílios de condução são desligados – afinal, o Stig não precisa deles. No entanto, devido ao clima inconstante da Inglaterra, a tabela de tempos não oferece uma comparação realmente justa entre os vários carros. Para isso, existem os “códigos”. Eles servem para se deduzir tempos de voltas que ocorreram sob chuva, por exemplo, quando comparadas com voltas em pista seca.
- Hot (quente): –2 segundos
- Mildly Moist / Damp (levemente úmida): –2 segundos
- Moist (úmida): –3 segundos
- Wet (molhada) / Melted Snow (neve derretida): –4 segundos
- Very Wet (muito molhada): –6 segundos
Para a lista completa de tempos, clique aqui.
Mas não é qualquer carro que pode ir para a famosa tabela de tempos. Segundo as regras do programa, para um carro poder ter seu tempo na tabela, ele tem que ser um carro de série que possa ser usado nas ruas e ter altura em relação ao solo o suficiente para conseguir passar por uma lombada.
Segue a lista dos que não se classificaram para a tabela:
1. BAE Sea Harrier (voou pela pista, literalmente) – 0:31,2
2. Renault R24 – 0:59,0
3. Pagani Zonda R – 1:08,5
4. Aston Martin DBR9 – 1:08,6
5. Caparo T1 – 1:10,6
6. Ferrari FXX – 1:10,7
7. Avião de acrobacias CAP 232 – tempo não divulgado
8. Radical SR3 – 1:19,1
9. Westfield XTR2 – 1:22,6
Estrela no Carro de Preço Razoável: neste segmento, Jeremy Clarkson entrevista um convidado (não necessariamente famoso apenas na Grã-Bretanha) e, logo em seguida, mostra a volta mais rápida cravada pelo convidado.

Hoje, o Carro de Preço Razoável é o Kia Cee’d, ou como gosta de dizer o Jeremy, o Kia “Cee-apóstrofo-d”. A lista dos que já participaram do segmento é bem extensa, então irei mostrar apenas os tempos mais rápidos e mais lentos com os dois primeiros carros usados pelo Top Gear, e algumas curiosidades sobre eles.

Suzuki Liana (2002-2005)
Tempo mais rápido:
Ellen MacArthur – 1:46,7
Tempo mais lento: Richard Whiteley – 2:06,0
Curiosidades:
- A primeira volta foi feita por Jeremy Clarkson no primeiro episódio do programa, acompanhado por Richard Hammond e Jason Dawe.
- Por duas vezes, uma roda do Liana escapou durante uma volta rápida, com Lionel Ritchie e Trevor Eve.
- Christopher Ecclestone foi o único a dirigir um Liana automático, e foi difícil conseguir um, já que apenas 40 Lianas automáticos existiam na Grã-Bretanha à época.
- O último convidado a guiar o Liana, antes da apresentação do Chevrolet Lacetti, foi o comediante David Walliams.
- O Suzuki Liana completou 1.600 voltas, teve seus freios e pneus trocados 100 vezes, e precisou de 6 novas embreagens, 2 cubos de rodas, eixos-cardã, braços horizontais da suspensão, suportes e acoplamentos do câmbio e um retrovisor externo.
- Hoje, o Liana está semi-aposentado, sendo utilizado somente quando um piloto de Fórmula 1 participa do quadro.

Chevrolet Lacetti (2006-2010)
Tempo mais rápido:
Jay Kay – 1:45,83
Tempo mais lento: Jimmy Carr (que rodou na sua volta rápida) – 2:08,9
Curiosidades:
- Na apresentação do Lacetti, ao invés de apenas um convidado, o programa convidou vários para cravarem voltas no mesmo dia: James Hewitt, Alan Davies, Jimmy Carr, Rick Wakeman, Justin Hawkins, Les Ferdinand e Trevor Eve.
- Na 11º temporada, dois convidados apareciam no programa, ao invés de um.
- O último convidado a guiar o Lacetti foi o músico Seasick Steve.
- Ao fim de sua vida útil, Richard Hammond planejou um “enterro viking” para o Lacetti, e derrubou duas chaminés de 167 metros de altura sobre o carro. No entanto, o Lacetti foi apenas parcialmente coberto pelos escombros.
Mas os convidados não se restringem a comediantes, atores, cozinheiros e esportistas. Pilotos de Fórmula 1 também são convidados de vez em quando. Mas como eles têm uma vantagem injusta sobre os outros convidados, eles têm uma tabela especial, e o bom e velho Suzuki Liana, para competir entre si e, claro, poderem dizer que foram mais rápidos que o Stig (ou não, no caso do Jenson Button).

1. Sebastian Vettel – 1:44,0
2. Rubens Barrichello – 1:44,3
3. Stig (Ben Collins) – 1:44,4
4. Nigel Mansell – 1:44,6
5. Lewis Hamilton (pista úmida e com óleo) – 1:44,7
6. Jenson Button – 1:44,7
7. Jenson Button (neve) – 1:44,9
8. Stig (Perry McCarthy) – 1:46,0
9. Damon Hill – 1:46,3
10. Mark Webber (pista muito molhada) – 1:47,1
11. Michael Schumacher – DNF
Aparições Além do Top Gear
Claro que, por fazer parte de um dos programas mais vistos do mundo, a pista acaba recebendo muita atenção – e idolatria, às vezes. Eis alguns exemplos da pista do Top Gear aparecendo em outras mídias e programas:

- O avião branco que aparece em vários episódios do programa é um Boeing 747-200 que servia à companhia aérea British Airways até 2002, quando foi aposentado e comprado pela Aces High Limited, uma companhia especializada em fornecer aeronaves para programas de TV e filmes, e transferido para Dunsfold. Em 2006, após modificações, o Boeing foi utilizado no filme Casino Royale, além de ser mostrado no programa Fifth Gear, onde foi rebocado por um Volkswagen Touareg.
- Outros programas que utilizaram a pista foram o Scrapheap Challenge e Primeval.
- Como não podia deixar de ser, games de corrida tinham a pista do Top Gear, com níveis variados de detalhamento: Grand Prix Legends, World Racing 2, rFactor, Gran Turismo 5 e, futuramente, Forza Motorsports 4.
E se você aguentou até aqui, eis um pequeno presente: onde está o Stig?


Fonte: /topgearbr
Disponível no(a): http://topgearbr.wordpress.com
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