22 de fev. de 2012

Mercado-Mazda quer levantar US$ 2 bilhões em segunda oferta pública de ações

Montadora sofre com alta do iene e por concentrar produção no Japão. Companhia precisa de capital para investir no México e na Rússia.

Mazda Takeri  (Foto: Divulgação)Mazda briga contra iene para expandir negócios
(Foto: Divulgação)
Mazda quer levantar US$ 2 bilhões em segunda oferta pública de ações em dois anos e meio, ressaltando a vulnerabilidade para o forte iene. Enquanto o iene forte tem martelado todas as montadoras japonesas, a Mazda foi a mais atingida, com cerca de 70% de sua produção no Japão – 90% para exportação. A montadora disse ainda que seu prejuízo líquido dispararia para 100 bilhões de ienes no ano fiscal que será encerrado em março, para uma perda anual de 19 bilhões de ienes.

"Somente com as fábricas que eles têm agora, a operação não é viável", diz o analista do setor automobilístico da CLSA Asia-Pacific Markets, Christopher Richter. "Eles precisam sair sob esse fardo de ienes", ressalta.
Excluindo a oferta de ações, a Mazda iria levantar 147 bilhões de ienes e está buscando mais 70 bilhões de ienes em empréstimos subordinados.
A companhia afirmou que precisa de cerca de 35 bilhões de ienes para as fábricas no México e na Rússia, que visam aumentar a proporção de veículos fabricados fora do Japão a 50% até 2016. A planta mexicana, inclusive, tem como principal objetivo abastecer o mercado brasileiro, onde a japonesa quer retomar as operações.
Outros 30 bilhões de ienes seriam usados para melhorar as instalações no Japão e cerca de 90 bilhões de ienes para desenvolver a próxima geração de tecnologias ambientais e de segurança, previstas para os próximos três anos.
Como a produção da fábrica mexicana não deve iniciar antes do segundo semestre de 2013, a Mazda ficaria à mercê de taxas de câmbio, por enquanto, segundo analistas.
Voo solo
A Mazda está entre as poucas montadoras no mundo sem alianças de capital num momento em que muitas empresas na indústria automobilística estão amarradas a partilhar o fardo crescente de pesquisa e desenvolvimento. Isso porque os governos exigem cada vez mais das montadoras nas duas áreas.
Um exemplo disso, é o interesse da PSA Peugeot Citroën em fechar parcerias. De acordo com o ministro francês do Trabalho, Xavier Bertrand, a empresa está em negociações com a americana General Motors (GM) para estabelecer uma "cooperação estratégica".
Em contrapartida, os laços da Mazda com a ex-acionista controlara, a Ford, estão cada vez mais fracos. As duas companhias ainda operam fábricas de automóveis comuns na China e Tailândia, mas a participação da Ford caiu para apenas 3,5% de um pico de 33,4%. A oferta mais recente diminuiria ainda mais participação da Ford, para 2,1%.
"Eu acho que a Mazda está em uma encruzilhada de determinar como ela vai sobreviver por conta própria", disse um analista de Tóquio, recusando-se a ser identificado.
O CEO da Mazda, Takashi Yamanouchi, derrubou na semana passada a possibilidade de uma aliança de capital, dizendo a repórteres que a montadora optaria por projetos baseados em parcerias.
A dependência das exportações atingiu a Mazda especialmente no difícil momento em que vive a Europa, onde é uma das marcas mais bem sucedidas da Ásia. Em 2011, as vendas europeias da Mazda, excluindo a Rússia, totalizaram 145.600 veículos, queda de 55% em três anos.
De acordo com Richter, a queda acontece em detrimento da crise e do câmbio "Eles não podem se dar ao luxo de vender para esse mercado como a taxa euro-iene tem sido."
A Mazda, avaliada em US $ 3,3 bilhões, tem cerca de 100 bilhões de ienes em dívidas, enquanto a parte de fundos próprios - a proporção do capital utilizado para financiar seus ativos - caiu 20% no final de dezembro, em comparação com alta de 30% na Toyota Motor Corp e na Honda Motor Co.
As ações da Mazda caíam 1,4% em 147 ienes antes do anúncio, após queda de 10% na terça-feira (21) sobre os relatórios dos planos de levantar capital.

Fonte: G1
Disponível no(a): http://g1.globo.com/carros/
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