12 de dez. de 2011

O problemático e excêntrico Aston Martin do futuro


A Aston Martin fez tão poucas unidades do escandaloso Lagonda II que é difícil acreditar que eles ainda estejam por aí. Este da foto foi supostamente encontrado em um celeiro, mas será que ele, ao contrário dos outros ingleses de sua época, resistiu ao tempo?

A série I do Lagonda era pouco mais que uma versão alongada do V8 cupê com portas traseiras e um visual que o deixava parecido com um Mustang sedã. A série II, contudo, não parece o Lagonda – muito menos um Aston Martin. Na verdade ele é uma obra do talentoso William Towns, em uma tentativa de desbancar os Rolls-Royce.
Apresentado no Salão de Londres de 1976, com as primeiras unidades sendo entregues dois anos depois, o Lagonda Série II tinha proporções de um míssil, era quase 30 cm maior em largura que sua altura. A força para o sedã de quatro lugares e duas toneladas vem de um V8 quad-cam de 5,3 litros e 285 cv com quatro carburadores Weber 42DCNF. A única opção de transmissão era uma caixa automática de três velocidades, mas mesmo com esse anacronismo o carro era futurista demais.

Era um futuro em que você gostaria que Marty McFly pudesse alterá-lo, já que o painel digital pouco desenvolvido e os controles computadorizados refletiam as restrições de orçamento e a incapacidade dos ingleses de fazer qualquer coisa elétrica funcionar direito.
Ainda assim esse negócio é até hoje o quatro-portas mais legal do planeta.

E essa unidade foi, alegadamente, encontrada em um celeiro. Quem em sã consciência abandona um Lagonda em um galpão? Praticando um pouco mais o nosso ceticismo, todos sabem que celeiros e galpões são lugares escuros e o painel desse Lagonda mostra os claros efeitos de muito tempo passado sob o sol – inclindo rasgos e fissuras na cobertura de couro. Além disso, a pintura parece ter sido usada por uma vaca como latrina. E as rodas – essas rodas raiadas enormes não parecem ter sido esquecidas há anos em um galpão. A menos que o galpão seja do Coolio.

O resto do carro parece estar bastante conservado. Estranhamente para uma barcaça de luxo, os primeiros Lagondas tinham o vidro das janelas traseiras fixo (!). Essa unidade é mais recente, e os vidros descem – teoricamente, claro, se minha experiência com os interruptores (e qualquer outra coisa) da Lucas for levada em consideração. Os carros mais velhos tinham botões sensíveis ao toque que eram quase tão confiáveis quanto as linhas de ônibus de São Paulo. Este tem fileiras de pequenos interruptores em seu lugar – uma mudança que foi provavelmente bem justificada. Outra modificação nesse carro foi a troca dos mostradores CRT originais , notáveis por ficar constantemente “fora do ar”, por unidades da Dakota Digital. O painel ainda se parece com um aparelho de som dos anos 70, mas pelo menos não deixa a impressão de que alguém esqueceu de pagar a conta de luz.

O carro está listado no eBay e, segundo o vendedor, está andando bem e com apenas 56 mil milhas (90 mil km) no hodômetro, não aparenta estar com muita ferrugem ou marcas de uso. Mas a pintura está uma porcaria, e o couro dos bancos deve estar tão seco que poderá se desintegrar assim que alguém colocar o traseiro neles. Mas isso não é nada para quem admira de verdade. Sendo um dos apenas 645 produzidos, ao menos uma coisa nesse carro está garantida: o eterno status de “edição limitada”. Quem arrematá-lo terá duas opções: gastar 10 mil paus em tinta e hidratante de couro para deixá-lo apresentável ou dirigí-lo do jeito que está e, com algumas modificações, fazer o rat rod mais insano que o mundo já viu.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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