16 de jul. de 2011

Teste: Discovery 4 SE fica no meio do caminho

Fotos: Luiza Dantas/Carta Z Notícias
Teste: Discovery 4 SE fica no meio do caminho
Discovery 4 SE
Versão intermediária consegue unir bom desempenho à funcionalidade britânica

por Igor Macário
Auto Press


Desde a primeira geração, o Discovery consegue juntar em um mesmo pacote o conforto do Range Rover às habilidades off-road do Defender. O sucesso foi tamanho que o Discovery 4 hoje é o carro mais vendido da marca no Brasil. Mesmo não sendo o mais barato. Dentre eles, a versão intermediária "SE" se destaca com 47% das vendas do utilitário no país – cerca de 350 unidades mensais no total.
Apresentado em 2009 como uma nova geração do Discovery, a quarta série do utilitário trouxe modificações profundas em relação ao Discovery 3. Mesmo com desenho e plataforma inalterados, a injeção de tecnologia aproximou o modelo ainda mais do luxuoso Range Rover. As mudanças ocorreram durante a passagem do comando da Jaguar Land Rover para as mãos da indiana Tata, que se apressou em deixar sua marca nos jipões ingleses.

Tanto a versão "SE" quanto a top "HSE" utilizam o propulsor seis cilindros biturbo SDV6 3.0 de 245 cv –  a básica "S" ainda roda com o TDV6 2.7 de 190 cv de origem Ford. Além do motor, é de série da "SE" a suspensão a ar regulável, que atua em conjunto com o sistema Terrain Response para entregar o melhor desempenho possível no off-road. Tudo por R$ 218 mil. Já a "HSE" chega aos R$ 262,9 mil com o motor SDV6 3.0 ou R$ 248,9 mil com o extravagante V8 de 5.0 litros de 375 cv. No Brasil, o Discovery 4 SE ocupa um nicho onde não possui concorrentes diretos. A "baratinha" "S" sai a R$ 191.500.

Por dentro, a "SE" traz de série itens como bancos em couro, ar-condicionado com três zonas de atuação, controlador de velocidade de cruzeiro, além do computador de bordo que informa as condições de uso do Terrain Response e do restante dos sistemas do carro. O sistema de tração é um dos destaques do modelo. São cinco modos de atuação escolhidos através de um seletor giratório no console central: asfalto, areia, lama, neve/grama e pedras soltas. A curva de torque e as respostas do acelerador são alteradas de acordo com o terreno para entregar mais força e tração nos momentos certos. A suspensão a ar pode ser erguida ou rebaixada por um comando no console, além de também ser gerenciada pelo Terrain Response.

Na chamada quarta geração, o Discovery perdeu um pouco da discrição que lhe era peculiar. As partes em plástico preto da terceira fase do modelo ganharam a cor da carroceria. Os faróis foram redesenhados e agora têm leds para iluminação diurna que contornam os projetores de luz em um arranjo algo bizarro. Atrás, as lanternas ficaram translúcidas e as lâmpadas assumiram novas posições, o que melhorou consideravelmente a visibilidade em relação à versão anterior.

Apesar do preço elevado, do conforto e da atmosfera de sofisticação que o interior exala, faltam equipamentos como o excelente sistema de som com navegador integrado. E ainda a tela sensível ao toque, que exibe imagens da câmera de ré e de dispositivos conectados via bluetooth ou USB. São mimos exclusivos da versão "HSE". O carro é simples, funcional e muito eficiente no que se propõe, mas o interior enxuto demais contrasta com os R$ 218 mil pedidos pela versão.

Impressões ao dirigir

Grandalhão domesticado

O porte do jipão impressiona e o modelo chama atenção nas ruas, mesmo sem grandes mudanças em relação ao Discovery 3. Entretanto, se o tamanho impõe respeito, dificulta tarefas simples, como achar uma vaga para estacionar nos congestionados centros urbanos. Ruas estreitas e avenidas com faixas muito próximas são um problema e cada motociclista que passa próximo aos grandes retrovisores dá um pequeno susto no motorista.

Em vias mais largas, no entanto, o Discovery desfila quase em silêncio e brinda os ocupantes com conforto e um interior muito bem acabado. Os materiais são de ótima qualidade, o que torna a vida a bordo muito agradável. Os comandos são bem localizados e de fácil operação, com botões grandes – pelos quais a Land Rover é conhecida – e com funções bem definidas, o que descomplica sua utilização com o carro em movimento. A lista de equipamentos é extensa e compatível com a versão. A grande ausência é o ótimo sistema multimídia com tela sensível ao toque, restrito à versão mais cara "HSE".

O motor 3.0 litros V6 biturbo de 245 cv e excelentes 61,1 kgfm de torque empurra o Discovery com decisão e surpreendente agilidade. O câmbio automático de seis marchas é muito suave e tem relações bem escalonadas para extrair o melhor do SDV6. Inicialmente, a transmissão parece hesitar para reduzir as marchas, mas os dois turbos enchem logo e entregam muito torque – que chega ao máximo a apenas 2 mil rpm – tornando reduções desnecessárias. Além do desempenho acima da média, o seis cilindros ainda bebe pouco. Em rodovias, o modelo registrou médias de 10,8 km/l, e na cidade ficou nos 9 km/l, boas para um jipão de quase três toneladas.

O problema é quando a estrada fica sinuosa. Aí o Discovery mostra suas limitações e pode assustar o motorista com movimentos bruscos da carroceria, que balança e perde a compostura em curvas mais fechadas. Ainda que tenha diversos sistemas eletrônicos para livrar o motorista dos perigos, ele rola nas curvas e inclina sem cerimônia fazendo passageiros e bagagens passearem pelo interior se não estiverem devidamente presas. Quem quiser um desempenho mais adequado a essas situações, deve pular para um Range Rover Sport, que veste o mesmo conjunto mecânico numa roupagem mais firme e receptiva a conduções mais entusiasmadas.

Ficha Técnica:

Land Rover Discovery 4 3.0 SDV6

Motor
: Diesel, dianteiro, longitudinal, 2.993 cm³, biturbo, seis cilindros em "V", quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré com opção de mudanças sequenciais. Tração integral com cinco modos de tração para terrenos diferentes, reduzida e bloqueio do diferencial traseiro. Oferece controle eletrônico de tração.

Potência: 244 cv a 4 mil rpm.

Torque: 61,1 kgfm a 2 mil rpm.

Diâmetro e curso: 84,0 mm X 90,0 mm. Taxa de compressão: 16,0:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo double wishbone, com molas e amortecedores pneumáticos automaticamente reguláveis. Traseira independente do tipo double wishbone, com molas e amortecedores pneumáticos automaticamente reguláveis. Oferece controle eletrônico de estabilidade e controle eletrônico de descidas.

Freios: Dianteiros e traseiros a discos ventilados. Oferece ABS, EBD, assistente de frenagem de emergência e controle de frenagem em curvas.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e sete lugares. 4,82 metros de comprimento, 1,91 m de largura, 1,88 m de altura e 2,88 m de distância entre-eixos. Oferece oito airbags.

Peso: 2.583 kg.

Capacidade do porta-malas: 280 litros/1.260 litros com os bancos da terceira fila rebatidos/2.558 litros com os bancos da segunda e da terceira filas rebatidos.

Tanque de combustível: 82 litros.

Produção: Solihull, Grã-Bretanha.

Lançamento desta geração: 2009.

Lançamento no Brasil: 2010.






Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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