9 de jul. de 2011

Chamonix volta ao mercado sob nova direção

Fabricante de réplicas de Porsche retoma produção no Brasil e lança modelos a partir de R$ 70 mil

Diogo de Oliveira
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Série especial Spyder 550S Le Mans é uma das novidades da Chamonix New Generation; reativada em junho
Ter um Porsche 550 Spyder original nos dias de hoje é um sonho quase impossível. O mesmo vale para um 356 Speedster. São carros que – salvo raríssimas exceções – nem o dinheiro pode comprar. Por outro lado, se a paixão está diretamente ligada ao design e à esportividade desses carrinhos “setentões”, aí tem jeito. Ou melhor, ele foi resgatado.


No fim de junho, o 16º Encontro de Autos Antigos de Águas de Lindóia, na cidade (de mesmo nome) do interior paulista, marcou o renascimento da Chamonix. Para quem não conhece, trata-se da mais famosa empresa brasileira especializada na fabricação de réplicas de modelos da Porsche – especialmente o 550 Spyder e o 356 Speedster.

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O Speedster 356 usa motor 1.6 refrigerado a ar com dupla carburação e câmbio manual de quatro marchas
Após encerrar as atividades em 2010, afetada pelos efeitos da crise econômica e pela forte concorrência nacional, a Chamonix sumiu. Mas nesse período, o empresário Carlos Machado, diretor da empresa A+ Auto, procurou por Newton Masteguin, o então proprietário da Chamonix – fundada junto com seu pai, Milton Masteguin (oriundo da Puma), em 1987. E a conversa evoluiu.

Com 15 anos de experiência em produção de réplicas e restauração de carros antigos, a A+ Auto assumiu as atividades e reestruturou a antiga empresa. O nome Chamonix ganhou o sufixo New Generation, para indicar não apenas a troca de dono, mas também uma nova proposta. O enfoque agora é o mercado brasileiro, que vive dias de glória.

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O Porsche 550 Spyder original
Novos modelos surgem na gama

De 1987 até encerrar a produção, a Chamonix produziu cerca de 1.700 réplicas de Porsche. Destas, entre 90% e 95% foram enviadas ao exterior – a fábrica era praticamente do tipo exportação. Agora, a empresa quer focar o mercado interno e, por isso, dois modelos inéditos serão produzidos: o Roadster 356 e o Spyder 550S Le Mans.

Todas as réplicas têm chassi tubular de aço e carroceria feita de fibra de vidro. São carrinhos extremamente leves, arrojados e bastante rústicos – a intenção sempre foi oferecer a mais pura diversão ao volante, como nos Porsches originais. Mas para chegar ao consumidor brasileiro, a Chamonix NG buscou tecnologia. Uma delas é o motor flex.

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Acima, um Porsche 356 Speedster original; réplica da Chamonix NG é muito próxima, inclusive nos detalhes
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Nome e escudo da Chamonix foram refeitos

O Roadster 356, por exemplo, usa o mesmo motor 2.0 litros flex do Volkswagen Golf. O modelo, inclusive, é a principal aposta da empresa para o mercado brasileiro. Segundo o diretor Carlos Machado, “é o modelo mais próximo da realidade atual”. Nele há acionamento elétrico dos vidros. Já a versão Le Mans tem pintura alusiva e é para as pistas.

Criada em homenagem à tradicional prova francesa, o Spyder 550S Le Mans terá produção limitada. Sua velocidade máxima, de acordo com a empresa, é de elevados 220 km/h. Os preços continuam salgados – o Speedster 356 é o mais em conta, vendido a partir de R$ 70 mil. Já o Roadster 356, novo topo de linha da marca, custa R$ 85 mil.

Confira abaixo a entrevista exclusiva com Carlos Machado, diretor da A+ Auto, dona da Chamonix New Generation:



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O diretor da A+ Auto, Carlos Machado, ao lado do seu Chamonix Speedster 356; modelo é da antiga fábrica
Como foi essa aproximação com o Newton Masteguin para a compra da Chamonix?

Eu já conhecia o Newton há um tempo e começamos a conversar sobre continuar a fabricação dos modelos. A marca é muito bem reconhecida no mercado e seria muito ruim sua extinção, sobretudo aos clientes mais apaixonados. Então começamos a preparar a A+ Auto para produzir a linha da Chamonix. A A+ Auto já montava veículos especiais, restaurava carros antigos e tinha bastante experiência no ramo.

E como foi feita essa transição? A fábrica é a mesma?

Não. A antiga fábrica foi desativada e agora a produção é feita nas instalações da A+ Auto. A empresa fez um investimento, readmitimos os principais profissionais da Chamonix, juntamos e treinamos o pessoal e adequamos nossas instalações para receber a linha. Temos todos os moldes, gabaritos, desenhos, equipamentos, tudo foi adicionado à estrutura da A+ Auto. Grande parte do ferramental veio da fábrica antiga.

E o Newton Masteguin continua na empresa?

Sim. Aliás, é importante dizer que estamos tranquilos exatamente porque os principais funcionários vieram para cá, estão conosco e o próprio Masteguin nos assessora e coordena os projetos. Ele não tem participação acionária, mas cuida da área técnica. O que estamos fazendo primeiro é restabelecer todo o processo. A loja fica na fábrica, onde é feita a montagem dos carros. E estamos reativando antigos revendedores.

Se a linha quase toda é a mesma, por que o termo “nova geração” em inglês?

Porque é uma nova geração. O ciclo antigo se encerrou no ano passado. E é uma nova geração por conta também do lançamento de novos produtos e da maior quantidade de tecnologia embarcada. Quer dizer, agora temos os modelos da New Generation. A idéia é fazer sempre produtos melhores, mais atualizados. A Chamonix fez o que tinha de fazer naquela época. Daqui para frente, precisamos fazer algo melhor.

Qual a sua expectativa de vendas e como a A+ Auto pretende trabalhar isso?

O mercado nacional tem capacidade para absorver 4 ou 5 unidades por mês. Nossa meta é chegar a essa quantidade até o fim do ano. Mas vamos trabalhar para aumentar isso na medida do possível. É um mercado muito pequeno. Com o dólar desvalorizado, exportar ficou mais difícil. Daí esse novo foco no mercado interno. Lindóia, por exemplo, é um evento que tem um pouco de tudo. São 350 mil pessoas em quatro dias. Escolhemos o lugar certo.

E vocês pretendem lançar algum novo modelo no futuro?

Vamos desenvolver uma capota rígida de fibra para o Speedster 356, num formato bem parecido com o da lona. A idéia é tornar o carro mais utilizável no dia-a-dia, aumentar a sensação de proteção e melhorar vedação. Essa capota já foi feita pela Porsche no passado e nós provavelmente vamos recriar a peça, para manter todas as linhas originais da Porsche. Acredito que o projeto vá ficar bem compatível.

Para terminar, quanto tempo leva até o carro ficar pronto? E como se dá o processo?

Hoje estamos estimando em torno de 60 a 90 dias, partindo do dia em que é fechado o pedido até a data da entrega. Mas esse tempo de espera tende a ser reduzido à medida que os pedidos forem organizados. Só que o nosso conceito de venda é diferente. Trata-se de uma produção sob encomenda, onde o cliente pode escolher o tipo de estofamento, materiais, pintura... Os carros são personalizáveis.

Confira abaixo os preços das réplicas:

Chamonix NG Speedster 356 – R$ 70 mil
Chamonix NG Spyder 550S – R$ 74 mil
Chamonix NG Spyder 550S Le Mans – R$ 78 mil
Chamonix NG Roadster 356 – R$ 85 mil
Fonte: revistaautoesport
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/

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