2 de jun. de 2011

Teste: Novo Focus europeu enfrenta concorrência renovada

Fotos: Divulgação
Teste: Novo Focus europeu enfrenta concorrência renovada

Astra e C4 se renovam para encarar nova geração de competente rival
por Luís Guilherme
da AutoMotor/Portugal
Mais eficiência e menores consumo e emissões. São estes os pontos que têm marcado a indústria automobilística desde o início do século XXI. Nunca, como nesta última década, se ouviu falar tanto de CO2, partículas, NOx, híbridos, elétricos. O que, no fundo, aponta para uma revolução energética com menor dependência do petróleo.


A chegada da nova geração do Focus agitou o mercado, que reagiu apresentando novas versões ainda mais eficientes. O Citroën C4 1.6 HDi de 112 cv ganhou o sobrenome e-HDi, com o mesmo motor, mas com sistema start/stop. Exatamente como o Opel Astra 1.3 CDTI ecoFLEX, que agora acrescenta o termo start/Stop à designação desta versão. No Focus não há nenhum logotipo green, eco, ou blue na carroceria, mas também traz start&stop de série.

Visual

O Astra tem a pose mais agressiva, como é hábito na filosofia alemã; o C4 não deixa de ser original e tem uma identidade tipicamente francesa; enquanto no Focus, as lanternas traseiras parecem destoar do conjunto, ainda que não sejam exatamente feias. Só aparentam menos esportividade que a dianteira.
Não faltam equipamentos de segurança em todos. Vários airbags, ABS com assistência a frenagens de emergência, controle de estabilidade, encostos de cabeça ativos, fixação Isofix para cadeirinhas infantis, cintos com pré- -tensionadores e limitadores de esforço – quase tudo é incluído de série. Na lista de opcionais existem alguns sistema mais evoluídos, como o detector de desvio involuntário da faixa de rodagem, ou o monitoramento eletrônico dos pontos-cegos.

Os Focus equipados com o sistema de câmera digital acrescentam itens como a assistência à manutenção na faixa de rodagem, alerta ao condutor quando este demonstra sinais de fadiga ou sonolência, o reconhecimento dos sinais de trânsito e o limitador de velocidade.
Por dentro, existem diferenças na qualidade de construção, como no tipo de material usado no revestimento do painel. Focus e C4 recorrem a materiais mais agradáveis, sendo praticamente uma peça única, o que dá uma boa sensação de solidez. Curiosamente, é o modelo alemão que apresenta um painel composto por várias peças individuais, todas em plástico menos apelativo. Ainda assim, nota-se que os acabamentos têm melhorado com o tempo, em relação à primeira fase da atual geração do Astra. Também há plásticos no C4 e no Focus, mas são em menor número, e o painel destes tem melhor aspecto.

Por dentro

Como conforto e espaço são dois conceitos de andam de mãos dadas, os três modelos estão muito equilibrados. Nos lugares traseiros, o espaço para as pernas é razoável e só no Focus é que os pés vão menos apertados, mas nada que justifique diferença pontual.

Quando se abre o porta-malas, as diferenças não são substanciais, ainda que o Focus seja o menor. Todos podem ter os bancos traseiros rebatidos, mas o Ford é o único sem a passagem do porta-malas pela parte central do banco de trás, muito útil para transportar skis, pranchas de snowboard ou outros objetos de maior comprimento.
O Citröen possui mais porta trecos, não só pela dimensão do porta-luvas, muito superior à do dos seus rivais, mas também pelo tamanho do compartimento no console central, fechado por uma tampa deslizante. Um dos fatores que contribuem para o maior espaço no console do C4 e do Astra é a substituição do freio de mão tradicional pelo elétrico, o que fez a alavanca clássica do Focus parecer coisa do passado.

Nas três versões avaliadas, o nível de equipamento é bastante completo, pois temos as especificações de topo em todos: Exclusive no C4, Titanium First Edition (de duração limitada) no Focus e Cosmo no Opel Astra. Uma olhada rápida na lista de equipamentos indica que o fundamental está presente, como bancos em couro e tecido, volante multifunção, computador de bordo, espelhos elétricos, retrovisor interno electrocrômico, rodas em liga leve, faróis de neblina, conexão para mp3 e controlador de velocidade de cruzeiro.

Focus e Astra ainda incluem monitoramento da pressão dos pneus, que no C4 faz parte de um pacote combinado com os faróis de xenônio, porém, é o Citroën o único a disponibilizar uma tomada de 230 V sob o apoio de braços, de utilidade inquestionável.

Ao volante

Quando chega o momento de ir para estrada avaliar a dinâmica dos hatches "verdes", percebem-se algumas diferenças na posição de dirigir de cada um. Nenhum merece críticas, ainda que o ajuste do volante no Astra e no Focus tenha mais amplitude.

A postura ao volante no Citroën é ligeiramente mais alta, mas oferece o mesmo grau de comodidade que nos seus concorrentes. Aliás, este C4 tinha massageadores no banco, algo inédito neste segmento, para não falar de outros mimos, como a escolha das cores de iluminação do painel e, até, dos sons de aviso, que mais parecem ter saído de um filme de ficção científica.
Andando, as diferenças de atitude come çam a ser evidentes logo nos primeiros quilômetros. É verdade que o Opel tem o motor menos potente do lote - 1.3 CDTI com 95 cv -, mas isso não desculpa a preguiça que exibe abaixo das 2000 rpm, problema que parece crônico em muitos motores a diesel da marca, apesar de a mesma anunciar que os 19,3 kgfm de torque chegam logo às 1.750 rpm.
Citroën e Ford são bem mais espertos aos comandos acelerador desde baixo regime, mas, à medida que a velocidade vai subindo, surge a maior crítica que se pode fazer ao modelo francês: a caixa automatizada de seis marchas, tão lenta como irritante nas trocas.
A marca defende-se dizendo que o C4 se destina a uma faixa etária mais avançada e que a vocação desportiva não faz parte deste modelo (reservada à gama DS), o que ainda não justifica a lentidão nas trocas. Numa ultrapassagem, em que se pretende rapidez de decisão, o tempo que demora a reduzir pode fazer com que se desista da manobra.

A caixa manual de seis velocidade do Focus está bem escalonada, é precisa e contribui para o bom desempenho dinâmico que este oferece – aliás, o melhor dos três. O comportamento em curva é mais eficaz e é bem conciliado com o conforto que oferece aos ocupantes.

O Ford é também o único com sistema de vetorização de toque associado ao ESP, o qual, numa condução mais esportiva, freia a roda do lado interno da curva para que a força do motor seja transferida para a roda com mais tração. Uma espécie de efeito autoblocante que traz frutos quando se ataca uma estrada sinuosa em bom ritmo.
A competência dinâmica do Opel é convincente, mas não é a mesma das versões equipadas com chassis IDS. A suspensão trabalha bem e o eixo traseiro com paralelogramo de Watt assume um bom compromisso entre conforto e eficácia. Só que, na prática, o Astra é o mais sensível ao mau piso.
Em termos de conforto de rolamento, o Citroën é o melhor e, apesar de uma atitude menos firme, não deixa de demonstrar competência um curvas rápidas, com uma forte solicitação da direcção. Isto quando o câmbio não se atrapalha.
Para quem gosta de tirar mais partido da condução, o Focus é o mais adequado, com melhores respostas da direção e grande equilíbrio, mesmo em situações limite.

Performance

Em adição, é também o Ford que oferece o melhor desempenho. Os 11,5 segundos gastos no 0 a 100km/h e os 33,4 segundos necessários para cumprir os 1.000 m provam, aqui, a superioridade do Focus 1.6 TDCi de 115 cv.

No segundo posto surge o Citroën, cujo motor competente e solícito só não consegue melhores marcas por culpa da caixa robotizada, que ainda pode ter as trocas comandadas por borboletas atrás do volante. Ainda assim tem prestações muito próximas das do seu rival da Ford.
Por último, a menor capacidade e potência do motor 1.3 CDTI de apenas 95 cv acaba por justificar o desempenho do Opel claramente inferior ao dos seus concorrentes, não só nas acelerações, mas também nas retomadas. Por exemplo, entre 80 e 120 km/h, em quinta marcha (a caixa manual do Astra só tem cinco velocidades), o modelo alemão demora quase 20 segundos.

Pelo menos o Astra revelou consumo mais baixo, ainda que também não justifique uma diferença pontual. A par do Citroën, foram os que conseguiram registar médias urbanas superiores a 17 km/l.

Conclusões

No último confronto entre C4 e Astra, o modelo francês já tinha vencido o rival, mas agora chegou a vez de o novo Ford Focus tomar a frente. A boa solidez de construção, o bom compromisso entre a eficácia do comportamento e o conforto, a boa posição de condução, o melhor desempenho, tudo aliado a um bom nível de equipamento e a um preço equilibrado, foram fatores que estiveram na base da vitória do modelo com o símbolo oval.

O modelo francês continua fiel aos preceitos da marca em relação a conforto e equipamentos de série, e apenas a câmbio retira alguma qualidade a uma dinâmica que merece elogios.

O Opel Astra, apesar do preço competitivo, acabou por ser penalizado por um motor menos potente, mais fraco em baixo regime e com pior desempenho, por um nível de conforto inferior e por uma qualidade de construção no habitáculo abaixo dos concorrentes. O comportamento, a posição de condução, o porta-malas, o equipamento e os consumos são argumentos do modelo germânico.

Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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