2 de jun. de 2011

Como transformar um carro comum em um campeão das pistas: Miller Motorports Park



A K-PAX Racing transformou um Volvo C30 de fábrica em um carro de corrida em 60 dias. O piloto Robb Holland conta o qual foi o resultado nas pistas. Terceira corrida: Miller Motorsports Park, um pouco tarde.

Algumas vezes até mesmo o emprego mais sensacional do mundo se transforma em um emprego comum. Esta foi uma dessas vezes.
Para quem acompanha a série de posts desde o começo, nossa luta para resolver todos os problemas de nosso Volvo C30 da categoria turismo tem sido bem documentada. Dos testes às três primeiras corridas, tivemos problemas (sem nenhuma ordem em especial) com os freios, direção, potência e suspensão.
Eu sabia o que me esperava quando assinei com a K-PAX Racing. Por melhor que seja a equipe e a plataforma da Volvo, em qualquer novo carro (especialmente um carro que até então não tinha um grande mercado de peças para alta performance) sempre há um período de quebradeira desenvolvimento que deve acontecer antes do carro se tornar competitivo.

Nós mostramos lampejos de velocidade em St. Pete e Long Beach, mas foram mais resultados de sorte (conseguir uma boa volta limpa antes de algo dar errado) ou circunstância (minha experiência prévia na pista de Long Beach) do que ter resolvido todas as coisas. No entanto, os caras da K-PAX Racing têm feito uma jornada semanal de 60 horas desde o começo da temporada para acertar o C30.
Eles conseguiram.
A K-PAX Racing e a Volvo dominaram a corrida em Miller Motorsport Park. Meu colega de equipe liderou a primeira sessão de treinos e eu liderei a segunda. Nós esperávamos fechar a primeira fila para a Volvo e deixar que os Hondas e VWs – nossos principais concorrentes no campeonato de construtores – brigassem pelos pontos que restassem.

Tive um pequeno problema durante a primeira sessão de treino, quando quebrei um ponto de fixação da transmissão que interrompeu meu treino. A equipe disse que o problema provavelmente se deu porque fiquei tentando imitar Bill Caswell sob duas rodas no Rali do México, enquanto andava pela parte oposta da pista. Eu disse que estava tentando imitar a perua TWR 850 do BTCC, não Bill.
Com tudo indo assim tão bem, porque falei disso ser apenas um emprego? Bem, para começo de conversa, na manhã em que deveria pegar o vôo para a corrida, acordei me sentindo mal. Normalmente tento restringir minhas aventuras pela noite aos dias que terminam com vogais, então não chega a ser estranho.
Mas já que era semana de corrida, fui para a cama às dez da noite, então algo estava errado. Acontece que escolhi a hora certa para pegar uma gripe. Para piorar a situação, depois de um clima basicamente subtropical, a temperatura na região da pista decidiu fazer uma reviravolta, com temperaturas congelantes e, veja só… neve.

Em um emprego “normal” eu avisaria que estava doente, tiraria uns dias de repouso e ficaria no sofá assistindo corridas gravadas da V8 SuperCar. No entanto, a profissão de piloto não lhe dá esta opção. Se há uma corrida, você corre. Ponto. Enquanto esperava no pré-grid, sob uma temperatura abaixo de zero, em um carro de corrida sem aquecimento e gripado, pensei: cara não há nada pior do que isso. Acontece que há.
Primeiro, o treino classificatório foi cancelado por causa da neve. É isso mesmo. Cancelado. Corro há alguns anos e foi a primeira vez, mas mais incrível mesmo é que foi também a primeira vez para meu colega Randy Pobst, que compete há um pouquinho mais de tempo que eu.
O fato do treino ter sido cancelado foi ainda mais desapontador para Randy em seu Volvo S60 da categoria GT com o incrível sistema AWD. Tenho certeza que ele teria aberto voltas de distância para os concorrentes no treino. Adoraria ver isso nos resultados:
[Classificação – Randy Pobst +1 volta]
Com o cancelamento do treino classificatório, o grid de largada foi definido de acordo com a classificação no campeonato, o que me deixou no quarto lugar. Não foi bem a primeira fila que eu esperava, mas também não estava longe, e consegui boas largadas com esses novos pneus Pirelli, então tinha esperanças de poder ganhar algumas colocações depois da curva 1.
O começo da corrida foi do jeito que eu esperava, e pude ultrapassar o VW de Devin Cates na arrancada. No entanto, logo à frente, o carro de Randy teve um problema e não se moveu quando as luzes vermelhas se apagaram. Infelizmente um dos carros da GTS não viu o carro de Randy parado e o atingiu a 110 km/h. Não foi tão ruim quanto o acidente na V8 australiana da semana passada, mas foi bem catastrófico para o S60. Ainda bem que é um Volvo, não é?
O acidente fez com que os carros de trás se espalhassem pela pista. Tive que ir pela terra para me desviar de dezenas de toneladas de aço se movendo em direções aleatórias. Quando voltei à pista, senti um descompasso no diferencial, mas não parei para pensar muito a respeito. Enquanto deixava os problemas para trás, já estava em segundo ao me aproximar da curva 1. Minha cabeça estava concentrada mais em perseguir o primeiro lugar do que qualquer outra coisa.

Ao ver o retrovisor, percebi que Lawson Aschenbach, o pole e líder do campeonato, ficou preso na quinta colocação. Se a corrida terminasse assim, eu daria um belo salto na tabela de classificação. As coisas pareciam bem. Ou pelo menos foi o que pensei.
Depois de várias voltas sob bandeira amarela para limpeza da confusão na largada, agitaram a bandeira verde e pude retomar minha perseguição ao carro de Zitza, que estava em primeiro… tirando que simplesmente não conseguia. Fui mais rápido que ele no final de semana e esperava deixá-lo para trás em pouco tempo, mas ao completar a oitava volta, acontecia o inverso, e ele se distanciava cada vez mais. Acontece que a sensação que tive do diferencial era das partes se desencontrando e se recusando a travar sob aceleração, efetivamente resultando em um carro com tração em uma roda! No Bueno.
Esta é a parte em que correr se torna um emprego qualquer. Dois graus Celsius, gripado, carro quebrado e restam ainda 20 voltas. Naquela hora tudo o que queria fazer é dizer basta e ir para casa. Mas sem essa opção, tive que me concentrar e continuar correndo, passando o resto do tempo disfarçado de chicane móvel enquanto tentava manter o Honda de Aschenbach e o Mazda de Meyers no meu retrovisor. Faltando duas voltas, fiquei preso atrás de um retardatário da categoria GTS e tive que ceder duas posições, terminando em sexto.
Dia difícil de proletário. Mas para a equipe nem tudo foi ruim, já que meu colega conseguiu sair da quinta colocação em que largou e passou Zitza restando poucas voltas, e não o deixou roubar a vitória! Por mais difícil que tenha sido o final de semana, o fato da K-PAX Racing ter conquistado a primeira vitória da Volvo na categoria turismo nos EUA tornou as coisas mais suportáveis.

Ok, eu sei que vocês já se cansaram do discurso de coitadinho. A boa notícia é que agora temos um carro de corrida! Ainda temos alguns pequenos problemas para resolver, mas ao que tudo indica os problemas maiores ficaram para trás e nós podemos nos concentrar em brigar pela ponta.
A próxima parada é o Mosport International Raceway, no Canadá, para nossas duas últimas provas antes da pausa de meio de ano. Mosport é uma pista das antigas, que nos obriga a estar na melhor forma. Média de 160 km/h, curvas fechadas sem área de escape. Incrível. É também uma pista na qual eu por acaso detenho o recorde de volta. Então com um bom carro, nossos freios StopTech funcionando a toda, e duas provas na minha pista favorita, eu realmente espero fechar a primeira parte da temporada em grande estilo. Continuem ligados e obrigado pela companhia.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/page/1

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