29 de jun. de 2011

Automático, Sandero marcha para o conforto

Confira o primeiro teste da nova versão do Renault, à venda por R$ 43.490

Por Hairton Ponciano Voz // Fotos de Guilber Hidaka
Guilber Hidaka
Versão automática passa a ser modelo topo de linha do Sandero.
 
Na virada de 2007 para 2008, o Sandero chegou com espaço de médio por preço de compacto, o mesmo tipo de receita oferecida também pelo Logan, sedã que empresta a plataforma ao hatch. Logo no primeiro teste, porém, o Sandero deu sinais sonoros e visuais que precisava evoluir. O modelo fazia barulho interno além do aceitável, e o acabamento deixava a desejar.
Guilber Hidaka
O tempo passou e o modelo melhorou. Na linha 2012, as linhas mudaram um pouco. Há quem prefira o antigo, porém as alterações na dianteira e na traseira mostram uma renovação. Por outro lado, a isolação acústica está bem melhor, e agora a Renault passa a oferecer opção de câmbio automático. O Sandero automático tem quatro marchas e custa R$ 43.490. A opção está disponível apenas na versão Privilège, com motor 1.6 16 válvulas (112 cv). Comparado ao Sandero Privilège manual, a diferença é de apenas R$ 3.090. E com a ressalva de que o motor que acompanha a transmissão manual é o 1.6 de oito válvulas (95 cv).

O modelo mostrou boa agilidade no trânsito, e apresentou menos trancos do que a transmissão automática dos conterrâneos Peugeot (207, 307, etc.) e Citroën (C3, C3 Picasso...). Em comum, todas têm quatro marchas. No Sandero, a Renault informa que a caixa vem com nove programas, para se adaptar ao estilo de condução do motorista. Assim, ela pode oferecer desde respostas mais suaves até um estilo mais esportivo.
Guilber Hidaka
Tampa traseira é poluída de tantos logotipos. Lanternas mudaram na reestilização

Tudo isso é feito automaticamente, e o motorista não dispõe de nenhum botão para selecionar entre o modo econômico e esportivo. É possível também mudar as marchas manualmente, com toques na alavanca. O seletor conta com as opções D, N, R e P.
Embora tenha apresentado bom comportamento no uso urbano e rodoviário, o Sandero sofreu na subida íngreme existente no caminho de casa.

Lá, a falta da quinta marcha ficou evidente, porque em segunda a rotação caiu abaixo de 2.000 rpm, fazendo o desempenho diminuir demais. Quando forcei a redução para primeira com o kick down (pé no fundo), o ponteiro do conta-giros subiu para mais de 5 mil giros. Ou seja, nessa situação não há meio termo: ou a rotação sobe demais em primeira ou o desempenho cai demais em segunda. Uma relação mais próxima entre as marchas (solução normalmente trazida pela quinta marcha) talvez resolvesse o problema.

Guilber Hidaka
 
Fora isso, o Sandero mostrou desempenho convincente. A marcha selecionada aparece no display digital no centro do painel. O motorista, aliás, depende dele, porque a guia da alavanca não é iluminada. Instintivamente a gente olha para a alavanca para engatar a marcha, mas à noite a única coisa iluminada ali é o botão de seleção de terreno escorregadio (aquele tradicional símbolo de neve, que serve também para lama ou gramado, por exemplo). Nesse caso, o carro sai em segunda marcha, em rotação mais baixa, para evitar patinagem.

  TESTE AUTOESPORTE
0 a 100 km/h 13,5 s
40 a 80 km/h 7,1 s
Consumo urbano 6,3 km/l
Consumo rodoviário 9,1 km/l

Mesmo tendo evoluído sob alguns aspectos (ruído e acabamento), em algumas coisas o Sandero ainda precisa melhorar. Caso do marcador de combustível: ele continua tão confiável como uma nota de R$ 3,00. Ele informa que o reservatório permanece cheio mesmo depois de o carro rodar quase 200 km, o que é um evidente exagero. Durante o teste, todas as barras continuavam acesas, apesar de o computador de bordo indicar que o veículo já havia gasto 28 litros (ou mais da metade do tanque de 50 litros).

Guilber Hidaka
Falta iluminação no trilho do câmbio automático. Acabamento e silêncio interno melhoraram com a reestilização

Guilber Hidaka
Outra falha está no sistema de ajuste do relógio: é preciso segurar o botão pressionado até que ele passe pelas 24 horas, mesmo que você queira apenas acertar alguns minutos. Por outro lado, o computador de bordo mostrou precisão. Só senti falta de um termômetro para a temperatura externa.

A maior virtude do Sandero – espaço interno – continua intacta. O hatch parece aqueles apartamentos antigos, com pé direito bem alto. Para onde você olhar, sobra espaço. Nenhum outro carro dessa categoria consegue acomodar cinco ocupantes, tamanho G. O Sandero se assemelha a um apartamento antigo também por causa de outro aspecto: várias vezes, ao bater a tampa traseira, a luz de teto despencou, e ficou presa apenas pela fiação.
Continuo achando que no projeto do Sandero a função foi muito mais determinante que a forma. O espaço é nota 10. Já o estilo está bem longe disso. Particularmente, acho o visual lateral muito mal resolvido. Nessa versão automática, a tampa traseira é muito poluída: tem a palavra “Sandero” no centro, “Renault” no lado esquerdo, “automatic” no lado direito e “HiFlex” no vidro. É quase um outdoor ambulante.

O Sandero Privilège vem de série com trio elétrico, ar, direção hidráulica, som com comandos na coluna de direção, etc. Os vidros elétricos não dispõem de um toque nem para o motorista. E a coluna de direção, embora seja regulável, tem ajuste apenas na altura, e não em profundidade. Os únicos opcionais são freios ABS, airbag duplo, terceiro apoio de cabeça no banco traseiro e volante revestido de couro.


Guilber Hidaka
Espaço interno digno de carro médio continua um dos destaques do Sandero perante à concorrência


Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com

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