2 de mai. de 2011

Teste: Punto Essence 1.6 Dualogic é marketing na palma da mão

 Fotos: Pedro Paulo Figueredo / Carta Z Notícias
Teste: Punto Essence 1.6 Dualogic é marketing na palma da mão
Fiat insere câmbio automatizado em versão intermediária e busca novos consumidores
por Rafael Carnevale


No final do ano passado, o câmbio automatizado Dualogic – antes restrito aos modelos da Fiat com motor 1.8 16V – passou a ser oferecido também nas versões de motorização 1.6 16V da marca italiana. Ou seja, como toda novidade, esta tecnologia estreou em veículos mais caros e aos poucos começa a tornar-se mais comum no mercado. No caso da linha Punto, o surgimento da versão Essence 1.6 16V Dualogic, oferecida por R$ 47.350, teve a importante missão de tornar o modelo mais competitivo dentro do nicho dos compactos premium.

A função estratégica de combinar o câmbio Dualogic com o motor 1.6 16V na linha Punto fica mais evidente quando se constata que os rivais diretos Citroën C3 1.6 16V automático – de R$ 48.800 – e Volkswagen Polo i-Motion 1.6 8V – de R$ 45.510 – já ofereciam o câmbio automático ou automatizado. E ainda há o Honda Fit 1.5 16V EX i-VTEC Flex, que com transmissão automática sai por R$ 65.720. Era necessário oferecer o equipamento também em uma linha mais acessível – a versão Essence 1.6 é responsável por 35% das vendas do Punto em 2011. Enquanto as versões de motorização 1.8 16V dividem apenas 15% destas vendas, a versão mais básica do compacto ­ a 1.4 Attractive ­ representa 50% do total de unidades comercializadas.

Mas, mesmo com este novo item de conforto, as vendas do Punto não parecem ter sofrido mudança – continuam sendo comercializadas, em média, 2.500 unidades ao mês. O que pode significar que o mercado ainda esteja se acostumando com a nova opção. Nas versões 1.8, 53% das vendas do compacto premium são equipadas com o câmbio automatizado. Com três primeiros meses de mercado, a versão Dualogic já representa 21% das vendas da Essence 1.6. No total, 15% das vendas da linha Punto já são na versão automatizada.
Quando a motorização 1.6 16V E.torQ chegou à linha Punto em meados de 2010, foi alterada também a nomenclatura das versões que trocaram as antigas siglas EL, ELX e HLX para as atuais denominações Attractive, Essence e Sporting. Antes da introdução do motor 1.6 16V E.torQ, eram oferecidos apenas os motores 1.4 litro de 85/86 cv, além do “veterano” motor 1.8 litro de 115 cv, da antiga parceria com a General Motors. Com os novos motores produzidos pela FPT no Paraná, a antiga unidade propulsora da GM deixou de ser utilizada. As novas opções de motorização incrementam o desenho “fashionista”, inalterado desde a primeira versão, criada pelo designer italiano Giorgetto Giugiaro e vendida desde 2007 no Brasil.
Embora o câmbio automatizado Dualogic tenha sido adotado em versões mais baratas, o preço do acessório parece ter sofrido mudanças para cima. Quando surgiu, em meados de 2008, acompanhando o lançamento do já aposentado Fiat Stilo 2008 1.8 Flex, o câmbio custava R$ 2.490. Mas no caso do Punto Essence 1.6, a regalia não sai por menos que R$ 2.730. No entanto, a diferença de preço na versão 1.8 do mesmo modelo é de R$ 2.550. Na ponta do lápis, percebe-se que o opcional de conforto estranhamente custa mais caro para os modelos mais baratos. Sutilezas do insondável mercado brasileiro de automóveis.
Instantâneas
# O Fiat Punto brasileiro é baseado no Grande Punto europeu, lançado no Salão de Frankfurt de 2005.
# No Brasil, o compacto foi lançado em 2007 e é produzido na planta da Fiat de Betim, em Minas Gerais.
# A plataforma do Punto também serve ao sedã Linea.
# A versão 1.6 litro do Punto tem 117 cv de potência. Pelo menos 2 cv a mais do que a antiga versão 1.8, que era equipada com o motor GM.
Ficha Técnica
Motor: Etanol ou gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado com cinco marchas à frente e uma a ré e opções de mudanças sequenciais na alavanca. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 115 cv com gasolina e 117 cv com etanol a 5.500 rpm.
Torque máximo: 16,4 kgfm com gasolina 16,8 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 x 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com braços oscilantes em aço estampado fixados ao subchassi, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira semi-independente, com travessa de torção de seção aberta, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Não oferece controle de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS e EBD como opcionais.
Pneus: 195/55 R16.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,03 metros de comprimento, 1,69 metro de largura, 1,50 metro de altura e 2,51 metros de distância entre-eixos. Oferece airbag duplo frontal como opcional.
Peso: 1.194 kg em ordem de marcha, com 400 kg de capacidade de carga.
Capacidade do tanque de combustível: 60 litros.
Capacidade do porta-malas: 280 litros.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Lançamento mundial: 2005. Lançamento no Brasil: 2007 

Ponto a ponto
Desempenho – O novo motor E.torQ com 117 cv de potência parece ainda não ser o ideal para proporcionar emoção a bordo do Punto Essence 1.6. O compacto ainda deixa a desejar para subir ladeiras e realizar manobras em baixa rotação do motor. O câmbio automatizado representa um conforto durante os momentos de trânsito, mas definitivamente não é um aliado muito fiel quando se quer estacionar. Sem desenvolver bem em baixa rotação, o carro simplesmente não responde sem que se pise mais fundo no acelerador, o que representa um certo incômodo. Leva algum tempo para se acostumar ao estilo “manhoso” do Dualogic. Nota 6.
Estabilidade – Bem firme ao solo, o Punto não demonstra grandes deficiências em altas velocidades. Nas curvas, o carro se comporta bem, torcendo dentro da normalidade. Nas frenagens mais bruscas também se manteve seguro, mas a frente mergulha um pouco mais do que o desejável. Nota 8

Interatividade – A posição para dirigir é interessante. O condutor não precisa de muito esforço para se instalar confortavelmente. Com ergonomia agradável no banco, ele peca apenas por ser um pouco baixo, o que faz com que se perca a visibilidade plena da dianteira do carro. Os ajustes elétricos dos espelhos também são bem simples. O que incomoda é a falta de um botão para destravar as portas. Para abrir o carro para algum passageiro entrar, é necessário utilizar as maçanetas. Nota 7.
Consumo – O modelo avaliado conseguiu obter um consumo médio de 7,8 km/l, rodando apenas na cidade, e abastecido com etanol. Nota 7.
Tecnologia – O motor do compacto da Fiat tem projeto bem recente, além do modelo disponibilizar vários recursos de conforto e segurança, como sensores de luminosidade e de obstáculos, airbags frontais e ABS. Porém todos são opcionais. O lado positivo fica por conta do sistema interativo Blu&Me, que é eficiente nos comandos por voz e funciona bem com os dispositivos Bluetooth. O ponto negativo é o câmbio automatizado. Apesar de proporcionar descanso total para o pé esquerdo do motorista, sua imprecisão eventualmente torna as manobras desconfortáveis e irritantes. Nota 7.
Conforto – Como se trata de um compacto, não surpreendem suas limitações de espaço interno. Os ocupantes do banco traseiro possuem apenas um espaço satisfatório para viajar. O isolamento acústico não chega a ser um problema, mas também não é perfeito. No entanto, encontrar a posição mais agradável para dirigir é algo simples. Nota 7.
Habitabilidade – O espaço interno é limitado, o que é agravado pela falta de uma iluminação mais eficiente. As luzes que possui são destinadas apenas à primeira fileira de bancos. O porta-malas é pequeno e ainda tem o fundo irregular, devido ao ressalto do nicho onde se guarda o estepe. Nota 6.
Acabamento – O acabamento não é de um carro de luxo, mas é bem trabalhado. Os plásticos utilizados no painel não são rígidos e ainda formam um ambiente agradável devido as suas disposições em diferentes tonalidades. Sem contar que estão bem encaixados e não possuem rebarbas nem defeitos aparentes. O Punto ainda conta com detalhes metalizados e em black piano, que ajuda a quebrar um pouco o ambiente fosco e empresta algum requinte. Nota 7
Design – O desenho do italiano Giorgio Giuggiaro sempre foi o ponto forte do Punto. Com linhas arrojadas e atraentes, o compacto se destoa dos concorrentes por possuir um visual mais equilibrado. Os destaques ficam por conta dos belos faróis angulosos e a frente em bico, que combinadas com a grade cromada da versão Essence, produz um ar ainda mais estiloso ao compacto da Fiat. Nota 9.
Custo/benefício - Os R$ 47.350 pedidos na versão Dualogic Essence 1.6 litros 115/117 cv do Punto incluem uma lista bem básica de itens de série – ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, computador de bordo e faróis de neblina. No entanto, a mesma versão com câmbio manual sai por R$ 44.630. Ele está situado bem na faixa de preços do carros do segmento, como o C3 1.6 de 110/113 cv Exclusive – com ar-condicionado digital e rodas de liga leve aro 15, além do som de série –, que custa R$ 48.800. Ou o Polo 1.6 i-Motion, que sai por R$ 45.510. O carro testado contava com um kit que incluí rodas de liga leve e telecomando na chave canivete, o que eleva seu preço a R$ 55.408. Nota 6.
Total - O Punto Essence 1.6 16V Dualogic somou 70 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Nos congestionamentos cotidianos
O novo motor 1.6 não chega a comprometer o desempenho, mas também não chega a produzir emoções fortes ao dirigir. Devido a seu baixo desempenho em regime de baixas rotações, a unidade propulsora deixa um pouco a desejar. O câmbio automatizado Dualogic faz com que o compacto da Fiat se torne confortável nas horas onde não se pode pisar fundo no acelerador. No entanto, as trocas de marchas em modo Drive apresentam certos “engasgos”, o que é parcialmente sanado pela opção da utilização em modo manual.
Estacionar o carro pode ser considerado um desafio. Sem ter uma espécie de sintonia fina na aceleração, graças ao câmbio automatizado, é muito difícil manobrar sem sofrer com os solavancos. Mesmo ao tirar o pé do freio, o Punto só sai da inércia com acelerações mais fortes, o que causa irritação e gera dificuldade ao condutor para colocar o carro em vagas mais apertadas.
Quando o estacionamento é deixado para trás e chega a hora de acelerar na estrada, o motor 1.6 16V E.torQ finalmente mostra a que veio. O carro consegue boas retomadas ­– apesar dos eventuais solavancos causados pelo câmbio – e atinge velocidades elevadas em causar qualquer sensação de descontrole.
Se em alguns aspectos acaba aparecendo como o “vilão” da história, o câmbio automatizado Dualogic proporciona evidente conforto na hora de enfrentar os constantes congestionamentos das vias da cidade. O que pode ser um diferencial para conquistar novos consumidores. O compacto premium da Fiat peca em alguns aspectos básicos, como o pequeno porta-malas e os acessos complicados. Mas tem a seu favor um visual moderno e arrojado. E a opção do cambio Dualogic é bem coerente com o público-alvo do modelo.


Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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