Seg, 16/05/11 por Rafael Lopes
Fiquei pensando por volta de uma semana para escrever este texto. Afinal, seria a segunda vez que tocaria no delicado tema “Michael Schumacher” neste ano – a primeira foi no fim de janeiro . Mas certas coisas precisam ser ditas. Em sua segunda temporada após a aposentadoria de três anos, o heptacampeão não vem tendo um bom desempenho. Aliás, muito pelo contrário: o alemão tem sido superado sistematicamente pelo companheiro Nico Rosberg – assim como em 2010 – e uma presa fácil para os rivais. Ele foi um dos pilotos mais ultrapassados nas quatro primeiras corridas. Talvez seja um dos assuntos mais comentados neste início de ano.
Os fervorosos fãs de Schumi dizem que ele não precisa provar mais nada, que os sete títulos falam sozinhos, que ele voltou à Fórmula 1 para se divertir. Mas este último argumento é o X da questão: o alemão está LONGE de estar se divertindo. A alegria do alemão sempre foi vencer e dominar os adversários. Andar mal, ser ultrapassado por meio grid – Kobayashi que o diga – e ser sempre superado pelo companheiro de equipe, com o mesmo carro, parece mais um pesadelo. Está longe de ser o retorno dos sonhos para Schumacher. E, ao contrário do que os torcedores dizem, o mau desempenho é sim uma mancha em seu currículo.
É claro que o quadro pode ser revertido – ainda que eu ache ser bem difícil, já que Schumacher ainda não se encontrou mesmo com os pneus mais aderentes da Pirelli. A situação é bem parecida com a do retorno da segunda aposentadoria de Michael Jordan na NBA, pelo Washington Wizards. MJ não chegou nem perto do brilho que teve no Chicago Bulls e recebeu inúmeras críticas da imprensa americana. É claro que este mau desempenho não apagou seu passado no basquete, com os seis títulos (dois tricampeonatos) pelo time de Illinois. Mas ficou aquela manchinha, de que só seu talento não fazia mais a diferença perante aos novos talentos do basquete. E digo isso com tranquilidade: sou um grande fã de Michael “Air” Jordan
Apesar da situação ser parecida, não acho que seja totalmente a mesma. Apesar dos números incontestáveis, Schumacher nunca foi uma unanimidade – e não falo apenas do Brasil. Alguns episódios, como o do estacionamento na Rascasse, no treino classificatório do GP de Mônaco de 2006 (quando parou o carro para impedir que Fernando Alonso batesse seu tempo), ficaram marcados na carreira do alemão. Vejo a situação do heptacampeão mais semelhante àquele jogador de futebol veterano, que está no elenco, quer ser titular, mas não produz nem perto do que já foi capaz. Ainda assim, quer jogar a todo custo e pode fazer a diferença em poucos momentos: o ex-jogador em atividade. Atualmente, Schumi é um ex-piloto em atividade.
Quando voltou à Fórmula 1, Schumacher acertou três anos de contrato com a Mercedes. O alemão entra na segunda temporada da parceria com um desempenho pífio. Após o GP da Turquia, por exemplo, o alemão disse que já não se divertia mais ao volante. Apesar disso, acho que ele não desiste de 2012 por conta própria; o orgulho falará mais alto. Só que a equipe alemã está vendo o pupilo escocês Paul di Resta, da Force India, crescer a olhos vistos, surpreendendo muita gente. Será que Norbert Haug, diretor-esportivo, e Ross Brawn, chefe do time, não tentariam convencer o alemão a se aposentar de novo? Não duvidaria.
Para encerrar o post, repito o argumento que usei quando Schumacher anunciou seu retorno à Fórmula 1. Sempre achei que era uma situação em que o alemão não poderia sair ganhando. Se andasse na frente e brigasse pelo título, não faria mais do que sua obrigação, dados os sete títulos mundiais de seu currículo. Se fosse superado pelo companheiro e não tivesse um bom ritmo, seria um mico. Infelizmente estamos vendo a segunda opção se concretizar bastante rapidamente. Como já disse: ainda há tempo para ele se recuperar. Mas após o pífio desempenho nestas 23 corridas em 2010 e 2011, sinceramente, não acredito.
Fonte: voandobaixo
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo
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