17 de mai. de 2011

O que a Suzuki pode fabricar de bom no Brasil?



A partir do final de 2012, a Suzuki inicia as operações da primeira fábrica própria no Brasil. O primeiro produto anunciado é o Jimmy, um jipe competente e popular, mas claramente um veículo de nicho.
Fomos dar uma olhada no portfólio da marca lá fora para especular o que poderia fazer sucesso por aqui.
Historicamente, o setor automotivo da Suzuki se dedica a segmentos específicos. No Japão, mantém há décadas a liderança entre os key cars, os carrinhos minúsculos feitos para as superpovoadas cidades do arquipélago. No resto do mundo, seus veículos 4×4 possuem excelente reputação.

Não é raro ver por aí os Vitara, Sidekick e Samurai importados nos anos 90 em plena atividade off-road. O Jimny é justamente uma evolução do Samurai – nome utilizado em alguns países ocidentais para a geração SJ413. Curiosidade: em 2007, um SJ413 preparado com suspensão e pneus especiais e supercharger no motorzinho 1.3 tornou-se o recordista de altitude alcançada por um veículo 4×4. Tripulado por dois chilenos, chegou a 6.688 metros em Ojos del Salado, um vulcão adormecido nos Andes.

O Jimny que será fabricado em Itumbiara, na fronteira entre Goiás e Minas Gerais, é um projeto datado de 1998. O jipe foi exportado para o Brasil entre 1998 e 2003, viu a interrupção das atividades da Suzuki Auto no país por cinco anos, e voltou ao mercado de importados em 2008. Quem possui não reclama: apesar do acabamento simples, tem bons equipamentos, é compacto e fácil de lidar no trânsito, e encara trechos de lama com habilidade inexistente nos SUVs de tração dianteira e aventureiros de mentira.  Oferecido por atuais R$ 54.790 (preço que deve diminuir um pouco com a nacionalização), sai bem mais barato que Mitsubishi TR4, Troller T4 e Tac Stark.

No Brasil, as duas marcas com forte presença no 4×4 (Mitsubishi e Troller) investem pesado nas competições organizadas para clientes, e com bons resultados. Muita gente se convenceu a comprar veículos dessas marcas depois de curtir um final de semana ao volante em algum rali de regularidade. E detalhe importante: a operação da Suzuki no país tem no controle o mesmo grupo Souza Ramos responsável pela Mitsubishi.
Para ganhar importância nesse segmento, a Suzuki precisa pensar na fidelização dos consumidores que prezam o off-road, ou então adotar investimentos pesados em publicidade ofensiva para o público em geral, como Hyundai e Nissan nos mostraram nos últimos meses. Sem apoio de marketing, o SX4 – uma interessante proposta de hatch com tração integral – continua quase inédito nas ruas.
Dependendo de como encarar a fabricação do Jimny no Brasil, isso pode pavimentar a industrialização de outras plataformas. O atual Grand Vitara, por exemplo, já é competitivo em relação a outros SUVs. Falta-lhe um empurrãozinho mercadológico a mais.

Entre os veículos de passeio, o portfólio da Suzuki é limitado e cheio de parcerias, mas sempre com qualidade. Os key cars que tanto vendem no Japão dificilmente cairiam no gosto do brasileiro médio, que preza cada vez mais o tamanho e imponência de seus carros mesmo nas cidades mais populosas. O Splash, mais simpático e com jeito de minivan, poderia dar certo.Tem jeito europeu, não à toa: a Opel divide sua autoria.

Acima deles, há o SX4 e suas versões de tração dianteira (Sportback) e carroceria sedã (Sport). O SX4 é um projeto de 2005, desenhado pela Italdesign e desenvolvido em parceria com a Fiat para o mercado europeu – o modelo construído na Itália é chamado de Fiat Sedici, e já sofre queda nas vendas após seis anos.

Uma versão de rali disputou o WRC em 2008, com desempenho razoável (dois quinto lugares em sua temporada de estréia), mas a crise econômica ocorrida no final daquele ano desencorajou a Suzuki a continuar no Mundial.

Outro compacto mais bem-sucedido é o Swift. Ele não tem quase nada a ver com o hatch vendido por aqui nos anos 90 – aquele era um carro desenvolvido junto com a GM e que se chamava Cultus no Japão. A plataforma do Swift atual estreou em 2000, e veste uma carroceria atualizada no ano passado. A coluna dianteira pintada de preto e toda a linha do teto em formato de marquise lembram o Kia Soul – na verdade o contrário, pois o Suzuki é anterior.

Na Europa, o carrinho possui motor 1.2 com 16 válvulas e comando variável, capaz de produzir 94 cavalos a 6 mil rpm, com opção de tração dianteira ou integral. Tem quatro estrelas entre as cinco possíveis nos crash-tests do Euro NCAP, e bastante espaço interno. Tudo muito discreto e eficiente – como nos carros de base da Nissan.
O modelo de maior destaque é o Kizashi, um sedã médio que nos EUA atua na mais concorrida categoria do mercado de passeio, junto com Toyota Camry, Honda Accord, Chevrolet Malibu e Ford Fusion, entre outros medalhões.

No comparativo direto com esses adversários, a imprensa americana costuma elogiar as características de performance e handling do Kizashi, sua agressividade visual e o preço bem convidativo. Os problemas, para eles, estariam no tamanho da rede e na falta de popularidade da marca. Exatamente as mesmas questões que a Suzuki terá de enfrentar por aqui.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/

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