6 de mai. de 2011
Impressões octogenárias: Ford A 1928
A idéia de mobilidade sempre foi algo presente na mente dos inventores. Antes, as pessoas passavam a vida toda praticamente no mesmo lugar, tendo de planejar suas viagens com meses de antecedência – e às vezes meses de duração. Tudo isso mudou com a popularização do automóvel. Mas qual a sensação de se andar num carro da década de 20?
É possível imaginar o impacto que quatro rodas e um motor causaram na humanidade. Progresso, novos lugares e o simples fato de poder rodar por aí sem a necessidade de puxar um arreio ou ter que selar um cavalo. Os precursores do Jalopnik devem ter ficado malucos na época.
Com esses pensamentos na cabeçam me encontrei com o colecionador Osvaldo Tanil, apaixonado por máquinas do passado e dono de um belíssimo MP Lafer, além desse vistoso Ford Model A Phaeton ano 1928. O calhambeque, como é chamado genericamente, está tinindo e com disposição de sobra.
“O consumidor pode escolher qualquer cor, desde que seja preto”, disse certa vez o empresário Henry Ford. Essa máxima se aplicou até que a Chevrolet inventou o conceito de “carro do ano”, criando um diferencial que passou a influenciar o mercado de forma definitiva.
O modelo A, lançado em 1927 como sucessor do pioneiro Ford T, permitia ao comprador escolher entre quatro cores e diversas opções de carroceria, e vendeu quase 5 milhões de unidades em apenas cinco anos de produção. Caminhão, roadster, cupê e o charmoso “sete janelas”, que lembra bastante o carro usado pelos simpáticos personagens da “Quadrilha de Morte”, eram algumas das configurações.
O carro é equipado com um motor de quatro cilindros em linha, 3,3 litros e apenas 40 cv. Uma curiosidade está justamente no fato de não existir bomba de combustível. A gasolina desce ao carburador por gravidade. Outra coisa legal é o termômetro, na frente do capô, além do limpador de pára-brisa manual, não indicado para chuvas fortes – nem para braços fracos.
Ok. Vamos dar a partida. O dono explica. “Ligar a chave geral, a chave de ignição, abrir a torneira de combustível embaixo do painel, puxar o avanço do motor e o acelerador manual para baixo e dar a partida com o pé no botão do assoalho enquanto se puxa o afogador de mão”. Depois dessa pequena operação ouvimos o ronco único de algo com mais de 80 anos de história.
Hora de dirigir. Uma experiência diferente. Acho que é o mínimo que posso dizer depois de ter tido a oportunidade de guiar o clássico pela região do Ibirapuera. Outra coisa importante é que ele foi o primeiro carro da marca a contar com a disposição dos pedais da forma que conhecemos hoje. O modelo T tinha apenas alavancas.
A posição de dirigir é um pouco apertada e não tem nenhum tipo de ajuste. A primeira de três marchas, mais a ré, é para trás. Seguimos em frente com torque se sobra. A segunda exige um tempo para que entre perfeitamente. A terceira vem na seqüência para manter a velocidade de cruzeiro. Tudo no seu devido lugar e funcionando com uma precisão notável.
Os olhares se multiplicam pela rua. Há quem tire algumas fotos ou simplesmente abane a mão. As crianças e adultos reagem de forma parecida. O charme se completa com o acionamento da tradicional buzina Uga-Uga, que conseguiu arrancar sorrisos até dos policiais que estavam na esquina.
Foi uma viagem de alguns minutos preciosos através do tempo. E procurei aproveitar cada momento. Me coloquei no lugar de alguém que há 83 anos pôde sentir o gostinho de liberdade e independência que só um automóvel pode proporcionar. Vale a pena conhecer o site do Clube do Fordinho para encontrar informações, fotos de passeios e muito mais sobre esses veteranos cheios de vitalidade.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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