Aos 22 anos, Simona de Silvestro quer distância do estereótipo de mulher bonita ao volante. A loira, piloto da HVM Racing na Fórmula Indy pelo segundo ano seguido, não se sente à vontade para responder sobre cantadas que poderia receber de pilotos na categoria, mas se empolga ao comentar os resultados alcançados até chegar à principal disputa do automobilismo americano.
Não é por acaso. Apesar de ter um currículo discreto na Europa, somando 16 pontos em 17 provas pela Fórmula Renault italiana em 2005, Simona se destacou nos EUA: na Atlantic Series, principal categoria de acesso à Indy, ela foi a terceira colocada na equilibrada temporada 2009, vencendo quatro das 12 provas disputadas e ficando com o terceiro lugar no ano - a suíça somou 176 pontos, contra 182 do campeão John Edwards.
Na categoria principal, Simona quer mostrar mais do que sorrisos; quer mostrar talento. Em 2010, na temporada em que estreou, foi a 22ª colocada do pole day nas 500 Milhas de Indianápolis - e mesmo largando à frente de Danica Patrick, não se assustou e foi a 14ª colocada na prova. Depois disso, ganhou uma série de elogios e passou a ser vista com outros olhos pelos fãs da Indy
Mas não foi só no mitológico "The Brickyard". Segunda melhor estreante na corrida (o brasileiro Mário Romancini cruzou a linha de tijolos em 13º), a jovem piloto da HVM Racing conquistou o prêmio de "Rookie of the Year", ou Estreante do Ano, somando-se a uma lista que já teve Jackie Stewart, Rick Mears, Eddie Cheever, Nigel Mansell, Jacques Villeneuve, Christian Fittipaldi, Juan Pablo Montoya, Hélio Castroneves e Danica Patrick, entre outros.
As aventuras de Simona não pararam por aí: na prova seguinte, disputada no Texas, ela atingiu o muro e viu seu carro pegar fogo. "Foi muito assustador, mas saí sem problemas", conta a piloto, que superou o trauma e terminou o ano com 242 pontos, na 19ª colocação geral.
Em 2011, passado o "ano de aprendizado", Simona de Silvestro surge desta vez como uma pedra no sapato para os principais candidatos ao título. Logo na primeira prova do ano, em São Petersburgo, foi a quarta colocada e deu sufoco a Tony Kanaan - o baiano da KV foi terceiro. Após três corridas, já é a nona da classificação geral, e ainda busca sua primeira vitória.
Nesta entrevista exclusiva ao Terra, Simona de Silvestro fala sobre sua trajetória no automobilismo dos EUA, da experiência de correr fora da Europa e da convivência com outros pilotos da Suíça - em especial, dos primos Sebastien Buemi (Fórmula 1) e Natacha Gachnang (que disputou a FIA GT1 em 2010). Além disso, mostra empolgação com a volta ao Brasil ("acho que me diverti muito fora da pista em São Paulo") e se esquiva das perguntas sobre as cantadas entre os pilotos na Indy. Confira:
Terra: Sendo da Suíça, nós imaginamos que você começou a correr assistindo a competições europeias, principalmente a Fórmula 1. A Fórmula 1 inspirou seu início de carreira de alguma forma?
Simona de Silvestro: Sim, eu cresci assistindo a Fórmula 1, e ela me inspirou a ser piloto.
Terra: Como você decidiu começar a correr? E como foi para você correr no automobilismo americano no fim de 2005?
Simona de Silvestro: Eu tinha terminado meu primeiro ano de Fórmula Renault na Itália, e não tínhamos orçamento para outra temporada. Então olhei em volta e encontrei uma grande oportunidade de correr na Fórmula BMW dos EUA (em 2006). Aproveitei a chance, e foi a escolha certa.
Terra: Você alcançou feitos importantes na Atlantic Series, principalmente em 2009. O que você aprendeu de mais importante deste período?
Simona de Silvestro: Acho que o mais importante que aprendi foi a acreditar em mim - e isso eu realmente posso fazer. Tinha uma grande equipe me apoiando, o Team Stargate Worlds. Eles me deram as ferramentas certas para que eu acreditasse em mim, e acho que essa combinação nos fez alcançar o sucesso.
Terra: A primeira corrida da última temporada foi em São Paulo, e foi também sua primeira corrida na Indy. Como foi aquela corrida para você?
Simona de Silvestro: Foi uma loucura, porque de repente eu estava correndo contra pessoas que eu assistia enquanto crescia. São Paulo foi uma ótima corrida: eu realmente aproveitei a pista e a cidade. Acho que me diverti muito fora da pista em São Paulo. Estou realmente ansiosa pela prova desta temporada. Além disso, foi minha primeira corrida na Fórmula Indy e eu cheguei a liderar por alguns instantes. Aquilo foi muito legal.
Terra: Em 2010, você teve um grande desempenho nas 500 Milhas de Indianápolis, inclusive com o prêmio de Estreante do Ano. Como você descreve a experiência?
Terra: Indianápolis é incrível. O mês todo é uma loucura. Você passa mais tempo na pista do que faz normalmente. Fiquei muito feliz depois do treino de classificação - acho que foi a parte que me deixou mais ansiosa em toda a experiência em Indianápolis. Fiquei muito aliviada depois daquilo. Na corrida, ganhar o prêmio de Estreante do Ano, que tantos pilotos incríveis já conquistaram, e me tornar parte desta lista... É uma sensação incrível.
Terra: Por outro lado, você teve um acidente impressionante no Texas, justamente na corrida após as 500 Milhas. O que você pode dizer daquele fim de semana?
Simona de Silvestro: Sim, foi um pouco estranho. Tivemos um ápice em Indianápolis, e uma queda no Texas. Foi uma pena, porque estávamos correndo bem, e aquele grande incêndio aconteceu. Foi muito assustador, mas saí sem problemas. Espero que não aconteça novamente.
Terra: Como você avalia sua primeira temporada na Fórmula Indy?
Simona de Silvestro: Acho que minha primeira temporada foi muito positiva, especialmente nos circuitos de rua - estivemos andando na frente. O principal para mim foi aprender o máximo que pude, e a HVM Racing me deu essa oportunidade. Conseguimos bons resultados, e fiquei muito feliz com minha temporada.
Terra: Você acha que mulheres que pilotam sofrem com algum tipo de rejeição, preconceito ou comportamento machista de pilotos homens?
Simona de Silvestro: Não. Acho que se você é uma mulher pilotando e está na pista, você é considerada simplesmente um piloto.
Terra: Você já teve que lidar com alguma cantada ou aproximação inusitada por parte de um piloto?
Simona de Silvestro: Na verdade, não.
Terra: E para você, como é correr com outras mulheres, como Danica Patrick, Bia Figueiredo, Milka Duno e Sarah Fisher (as duas últimas, ainda fora da atual temporada)?
Simona de Silvestro: Acho que ótimo. Sabe como é, somos todas pilotos.
Terra: O que há de mais interessante sobre estar na Fórmula Indy? Qual a melhor história que você se lembra da temporada 2010?
Simona de Silvestro: Para mim, os treinos de classificação em Indianápolis foram inacreditáveis. O último piloto suíço a participar da Indy 500 foi Clay Regazzoni (no final da década de 70), e ser o próximo piloto da Suíça a fazer isso, a integrar o grupo de 33 pilotos que competiram em Indianápolis, foi especial para mim.
Terra: Você tem algum contato com Sebastien Buemi ou Natacha Gachnang?
Simona de Silvestro: Na verdade, não. Acho que somos todos muito ocupados.
Não é por acaso. Apesar de ter um currículo discreto na Europa, somando 16 pontos em 17 provas pela Fórmula Renault italiana em 2005, Simona se destacou nos EUA: na Atlantic Series, principal categoria de acesso à Indy, ela foi a terceira colocada na equilibrada temporada 2009, vencendo quatro das 12 provas disputadas e ficando com o terceiro lugar no ano - a suíça somou 176 pontos, contra 182 do campeão John Edwards.
Na categoria principal, Simona quer mostrar mais do que sorrisos; quer mostrar talento. Em 2010, na temporada em que estreou, foi a 22ª colocada do pole day nas 500 Milhas de Indianápolis - e mesmo largando à frente de Danica Patrick, não se assustou e foi a 14ª colocada na prova. Depois disso, ganhou uma série de elogios e passou a ser vista com outros olhos pelos fãs da Indy
Mas não foi só no mitológico "The Brickyard". Segunda melhor estreante na corrida (o brasileiro Mário Romancini cruzou a linha de tijolos em 13º), a jovem piloto da HVM Racing conquistou o prêmio de "Rookie of the Year", ou Estreante do Ano, somando-se a uma lista que já teve Jackie Stewart, Rick Mears, Eddie Cheever, Nigel Mansell, Jacques Villeneuve, Christian Fittipaldi, Juan Pablo Montoya, Hélio Castroneves e Danica Patrick, entre outros.
As aventuras de Simona não pararam por aí: na prova seguinte, disputada no Texas, ela atingiu o muro e viu seu carro pegar fogo. "Foi muito assustador, mas saí sem problemas", conta a piloto, que superou o trauma e terminou o ano com 242 pontos, na 19ª colocação geral.
Em 2011, passado o "ano de aprendizado", Simona de Silvestro surge desta vez como uma pedra no sapato para os principais candidatos ao título. Logo na primeira prova do ano, em São Petersburgo, foi a quarta colocada e deu sufoco a Tony Kanaan - o baiano da KV foi terceiro. Após três corridas, já é a nona da classificação geral, e ainda busca sua primeira vitória.
Nesta entrevista exclusiva ao Terra, Simona de Silvestro fala sobre sua trajetória no automobilismo dos EUA, da experiência de correr fora da Europa e da convivência com outros pilotos da Suíça - em especial, dos primos Sebastien Buemi (Fórmula 1) e Natacha Gachnang (que disputou a FIA GT1 em 2010). Além disso, mostra empolgação com a volta ao Brasil ("acho que me diverti muito fora da pista em São Paulo") e se esquiva das perguntas sobre as cantadas entre os pilotos na Indy. Confira:
Terra: Sendo da Suíça, nós imaginamos que você começou a correr assistindo a competições europeias, principalmente a Fórmula 1. A Fórmula 1 inspirou seu início de carreira de alguma forma?
Simona de Silvestro: Sim, eu cresci assistindo a Fórmula 1, e ela me inspirou a ser piloto.
Terra: Como você decidiu começar a correr? E como foi para você correr no automobilismo americano no fim de 2005?
Simona de Silvestro: Eu tinha terminado meu primeiro ano de Fórmula Renault na Itália, e não tínhamos orçamento para outra temporada. Então olhei em volta e encontrei uma grande oportunidade de correr na Fórmula BMW dos EUA (em 2006). Aproveitei a chance, e foi a escolha certa.
Terra: Você alcançou feitos importantes na Atlantic Series, principalmente em 2009. O que você aprendeu de mais importante deste período?
Simona de Silvestro: Acho que o mais importante que aprendi foi a acreditar em mim - e isso eu realmente posso fazer. Tinha uma grande equipe me apoiando, o Team Stargate Worlds. Eles me deram as ferramentas certas para que eu acreditasse em mim, e acho que essa combinação nos fez alcançar o sucesso.
Terra: A primeira corrida da última temporada foi em São Paulo, e foi também sua primeira corrida na Indy. Como foi aquela corrida para você?
Simona de Silvestro: Foi uma loucura, porque de repente eu estava correndo contra pessoas que eu assistia enquanto crescia. São Paulo foi uma ótima corrida: eu realmente aproveitei a pista e a cidade. Acho que me diverti muito fora da pista em São Paulo. Estou realmente ansiosa pela prova desta temporada. Além disso, foi minha primeira corrida na Fórmula Indy e eu cheguei a liderar por alguns instantes. Aquilo foi muito legal.
Terra: Em 2010, você teve um grande desempenho nas 500 Milhas de Indianápolis, inclusive com o prêmio de Estreante do Ano. Como você descreve a experiência?
Terra: Indianápolis é incrível. O mês todo é uma loucura. Você passa mais tempo na pista do que faz normalmente. Fiquei muito feliz depois do treino de classificação - acho que foi a parte que me deixou mais ansiosa em toda a experiência em Indianápolis. Fiquei muito aliviada depois daquilo. Na corrida, ganhar o prêmio de Estreante do Ano, que tantos pilotos incríveis já conquistaram, e me tornar parte desta lista... É uma sensação incrível.
Terra: Por outro lado, você teve um acidente impressionante no Texas, justamente na corrida após as 500 Milhas. O que você pode dizer daquele fim de semana?
Simona de Silvestro: Sim, foi um pouco estranho. Tivemos um ápice em Indianápolis, e uma queda no Texas. Foi uma pena, porque estávamos correndo bem, e aquele grande incêndio aconteceu. Foi muito assustador, mas saí sem problemas. Espero que não aconteça novamente.
Terra: Como você avalia sua primeira temporada na Fórmula Indy?
Simona de Silvestro: Acho que minha primeira temporada foi muito positiva, especialmente nos circuitos de rua - estivemos andando na frente. O principal para mim foi aprender o máximo que pude, e a HVM Racing me deu essa oportunidade. Conseguimos bons resultados, e fiquei muito feliz com minha temporada.
Terra: Você acha que mulheres que pilotam sofrem com algum tipo de rejeição, preconceito ou comportamento machista de pilotos homens?
Simona de Silvestro: Não. Acho que se você é uma mulher pilotando e está na pista, você é considerada simplesmente um piloto.
Terra: Você já teve que lidar com alguma cantada ou aproximação inusitada por parte de um piloto?
Simona de Silvestro: Na verdade, não.
Terra: E para você, como é correr com outras mulheres, como Danica Patrick, Bia Figueiredo, Milka Duno e Sarah Fisher (as duas últimas, ainda fora da atual temporada)?
Simona de Silvestro: Acho que ótimo. Sabe como é, somos todas pilotos.
Terra: O que há de mais interessante sobre estar na Fórmula Indy? Qual a melhor história que você se lembra da temporada 2010?
Simona de Silvestro: Para mim, os treinos de classificação em Indianápolis foram inacreditáveis. O último piloto suíço a participar da Indy 500 foi Clay Regazzoni (no final da década de 70), e ser o próximo piloto da Suíça a fazer isso, a integrar o grupo de 33 pilotos que competiram em Indianápolis, foi especial para mim.
Terra: Você tem algum contato com Sebastien Buemi ou Natacha Gachnang?
Simona de Silvestro: Na verdade, não. Acho que somos todos muito ocupados.
Fonte: terra.com.br
Disponível no(a):http://esportes.terra.com.br
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