11 de abr. de 2011

M#r4@ Sobre Rodas - O Filme



Nicholas Cage, muscle cars e uma bela atriz: equação explosiva e conhecida. Quem ouve, pensa imediatamente no inesquecível 60 Segundos, no Mustang Eleanor rasgando o asfalto em uma tarde ensolarada, na Angelina Jolie de dreads loiros, na música Painted In My Heart, do The Cult. Se disser que usaram esta equação para o filme que entrou há uma semana em cartaz nos cinemas, Fúria Sobre Rodas
(Drive Angry), acreditem: eu estaria cometendo uma enorme injustiça com a expectativa de vocês.
Na história, Cage é Milton, um bad-ass meio bundão retornado do inferno. Ele teve a esposa assassinada em um culto de fanáticos liderado por Jonah King (Billy Burke), e agora luta contra o tempo para evitar que sua neta tenha o mesmo destino. Ele conta com a ajuda da garçonete Piper (Amber Heard), que se junta a Milton por um pretexto besta qualquer. Paralela a esta história, temos o personagem ambíguo conhecido como Contador, interpretado por William Fitchner: ele precisa levar Cage de volta ao inferno. Se tivesse feito isso logo de cara, salvaria as nossas noites de um filme de quinta. Mas não veríamos os muscle cars, o que seria uma pena.

Bem, sabem qual o problema? Ele é um filme indeciso. Tenta ser “B” à la Tarantino com uma pitada de Velozes e Furiosos e Constantine, mas falta tudo. A fotografia é mal dirigida, nem de longe ameaça o visual “lixo style” das produções de Quentin. Há várias tentativas de sarcasmo e humor trash – você dá umas risadinhas aqui e ali – mas, novamente, fica a milhas do diretor de Cães de Aluguel.
Algumas sacadas teriam de tudo para ser hilariantes, como a cena na qual Nicholas mata uma dúzia de bandidos enquanto trepa com uma loira e bebe do gargalo de um Jack Daniels – tudo em slow motion. Mas o bolo murchou ao sair do forno: na sessão, você nota várias boas idéias, e lamenta por todas serem mal produzidas. É como uma piada excelente, mas contada por aquele seu amigo crente, programador e viciado em Star Trek, no meio de um churrasco – e ele não bebe.
E daí, sem avisar, do nada, o filme fica sério. Como se o diretor tivesse cansado de tentar contar piadinhas. E aí meu amigo, o barato descamba de vez: vira uma Sessão da Tarde, com sequências intermináveis e previsíveis de bangue-bangue e bate-bate. A companhia de Cage ao longo da jornada, a belíssima Amber Heard, é uma boa distração aos olhos – como o Dodge Charger 440 e o Chevy Chevelle 454 que acompanham a dupla. Mas numa boa? Ela não é engraçada, nem cool, nem bad girl o suficiente para o papel. O estereótipo ideal de Heard é a típica loira gostosa de besteirol americano, que fala pouco e mostra muito, mas neste filme, ela só tenta parecer valentona – sem as mesmas bolas de Jodie Foster em Valente, ou da própria Angelina Jolie em 60 Segundos. Não convenceu.

Quem convenceu, e salvou o longa, foi William Fichtner, o Contador. Sua atuação é muito boa, com um timing muito fino de sarcasmo. Ele rouba a cena em quase todos os takes que divide com Cage. Com ele estão as melhores risadas do filme.
E os carros? Ah, aí sim!! Ou não. Temos uns baita carros, em sequências de perseguição previsíveis. A empolgação de vê-los surgindo (“po@#@, um Charger! Nossa, um Chevelle!”) é bem mais excitante do que as cenas de ação em si (“dãrd… já vi isso em filmes de 1985). Uma pena.

Este é o típico filme que, durante a sessão, você confere o celular para ver que horas são. E quando termina, sente aquele “ok, da hora”, e simplesmente vai embora. Não tem aquela vontade do “quero mais”. Você não espera os créditos terminarem pra ver se tem mais um docinho escondido sob a mesa.
Se ele assumisse alguma coisa, teria boas chances. Um suspense denso e macabro, um filme de ação daqueles que prende a sua respiração e deixa os seus músculos tensos, ou um trash daqueles cheios de absurdos e erros propositais de sequência. Mas uma coisa só. Fúria Sobre Rodas tenta ser tudo isso. E quando tudo é tudo, tudo é nada.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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