7 de abr. de 2011

Freelander 2: quando o básico é ótimo

Land Rover aposta na tradição para fazer frente aos concorrentes asiáticos e alemães
Ricardo Sant'Anna
Land Rover
Freelander 2 é o modelo de entrada da Land Rover, mas tem qualidades suficientes para fazer bonito frente aos concorrentes asiáticos
Tradição, palavra definida no dicionário como um “conjunto de usos, ideias e valores morais transmitidos de geração em geração”. E disso a Land Rover entende, marca que ganhou fama mundial com utilitários esportivos de visual rústico e com fama de brigões. O passar dos anos, porém, trouxe a necessidade da marca britânica criar modelos mais adequados ao cenário urbano. Assim nasceu o Freelander em 1998, que hoje está em sua segunda geração e recebeu uma discreta reforma visual para a linha 2011. Autoesporte avaliou a versão intermediária SE do utilitário, vendida a partir de R$ 143.900.

O jipinho sai de fábrica equipado com o mesmo motor 3.2 a gasolina de 233 cavalos em todas as versões. Os seis cilindros caem como uma luva no utilitário de 1.775 kg e acabam se tornando o primeiro trunfo do Land Rover de entrada. Trabalha bem desde as baixas rotações, sem transmitir ruído ou vibração aos ocupantes. Mas vale abaixar o vidro só um pouquinho para ouvir o ronco encorpado que sai pelas saídas de escapamento. O desempenho é bom nas primeiras marchas, com os 32,3 kgfm de torque disponíveis logo cedo, por volta das 3.200 rpm.

Land Rover
Equipado com motor de 6 cilindros em linha de 233 cv, o Freelander 2 chega aos 100 km/h em 8,9 segundos, de acordo com a Land Rover
O torque garante boas “chacoalhadas” a cada arrancada mais brusca. E o câmbio automático de seis velocidades permite buscar um melhor desempenho com as trocas manuais. Embora não tenha dupla embreagem, as passagens são rápidas e suaves, sem trancos. A sexta dá conta de economizar combustível na estrada e deixa a rotação próxima dos 2.000 rpm a 120 km/h. Mas não pense em economizar gasolina, pois o Freelander bebe tanto quanto agrada. Segundo a Land Rover, o consumo urbano fica em 6,4 km/l, enquanto o rodoviário é de 12,3 km/l, considerando o padrão europeu, tanto quanto às normas quanto à gasolina sem etanol.

Land Rover
A altura em relação ao solo (21 cm) assusta, mas a suspensão trata de passar segurança quando se anda mais forte. O Freelander 2 agarra muito bem nas curvas, o que também é mérito do controle de tração. A boa estabilidade é mérito das rodas de aro 19”, da versão HSE e da suspensão tipo independente nas quatro rodas. O comportamento é bastante dinâmico, mas embora o carro não seja nada barato, sofre com alguns buracos e valetas. Devido à calibragem dos amortecedores, os ocupantes sentem alguns impactos e a famosa “batida seca” incomoda de vez em quando.

Alto, o Freelander tem boa posição de dirigir, mas não lembra nem de longe um carro compacto, como os novos utilitários se esforçam para parecer no modo de condução. Ao volante, não resta dúvida: a sensação é de estar a bordo de um utilitário. Mas isso traz privilégios como uma ótima visibilidade por todos os lados. O tamanho, porém, atrapalha em alguns momentos no trânsito da cidade. Fazer uma baliza não é nada fácil, mesmo com a ajuda do retrovisor que se abaixa e com o sensor de estacionamento. Estacionar no shopping também requer habilidade extra.

Land Rover
O painel do Freelander é bastante ergonômico e assusta menos do que o de outros modelos da marca, repleto de botões. Uma tela de cristal líquido de 7” na parte superior do painel traz diversas informações do carro e do som Alpine, além de um navegador com instruções no português de Portugal. O ar-condicionado, acredite, é analógico, mas poderia ser digital pelo valor do Freelander. As mudanças visuais em relação ao modelo antigo são sutis, mas causam bom efeito. A grade dianteira não está mais integrada ao para-choque, que agora tem os faróis auxiliares quadrados. O visual se mantém ao estilo “quadradão” da Land Rover, que não costuma ousar em seus carros. Há uma legião de fãs da montadora pelo mundo, mas também quem critique o conservadorismo britânico. Fato é que a tradição faz do Freelander uma ótima opção para rodar na cidade, bem superior aos asiáticos da moda. Mas não se esqueça: ele cobra mais por isso.
Land Rover
Monitor ao centro do painel oferece sistema de navegação. Ergonomia e espaço interno são bons, mas jipinho fica devendo ar condicionado digital

Fonte: revistaautoesporteDisponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/

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