Peugeot 508 GT |
É difícil ligar a marca Peugeot a carros grandes – é algo sobre percepção, marca, tradição. Vamos experimentar um belo carro que promete mudar isso.
Falar em Peugeot é o mesmo que fechar os olhos e ver carros bonitos, de design inspirador, mas sempre a figura que o cérebro cria é a de um carro pequeno, compacto. É uma característica que a marca acabou incorporando. Se falarmos de seu design, como dissemos, é bonito, mas cansou, como tudo cansa na vida, por isso o momento é crucial para a imagem da empresa, no momento em que a PSA (holding Peugeot/Citroën) faz suas apostas mais claras visando o futuro.
Os sinais são alentadores. Ver a Citroën de volta com seu modelo DS3 ao WRC – Campeonato Mundial de Rally - e o protótipo Peugeot 908 HDi FAP vencer a 59ª edição tradicionalíssima 12 Horas de Sebring no mês passado, provam que a marca vive intenso processo de revitalização. Mas como trazer resultados práticos para as ruas, dando sinais claros aos consumidores de que as coisas estão mudando não apenas nas pistas?
Para isso, a Peugeot fez a lição de casa com seu novo 508: novos motores, investimento pesado na área de transmissões, melhoria no processo de fabricação e refinamento, ingredientes básicos para qualquer montadora pensar num carro melhor, maior, porém mais leve que seu antecessor. E melhor (sem ter a certeza disso, claro), principalmente no investimento e no valor de revenda, sem dúvida, calcanhares de Aquiles da montadora francesa.
O que mais se ouve dos executivos da Peugeot sobre o 508 é sua qualidade. E ele será colocado à prova de que não se trata apenas de um amontoado de eletrônica embalado para presente. Esperamos que com o 508 as coisas sejam diferentes.
A empresa se preocupa bastante com este detalhe crucial, trabalhando intensamente na conscientização de seus consumidores potenciais, onde uma das principais ferramentas deste convencimento foram os exaustivos testes dinâmicos aos quais o 508 foi submetido durante três anos, quando encarou as mais difíceis situações, sacolejando, torcendo, vibrando, tomando chuva, sol, encarando testes duríssimos de durabilidade. Tudo isso para convencer seus compradores de que a Peugeot está de volta, por mais que eles tenham o nível de qualidade do Passat como parâmetro.
Nessa comparação, o 508 adquiriu contornos germânicos bem claros na traseira. Um olhada atenta a seus ângulos de ¾ da traseira remeterá à última Série 5 da BMW, principalmente na área das lanternas traseiras.
Em lugar do design morno do 407, no 508 a aparência geral é mais alerta, mais viva. A frente lembra um Maserati – entendam isso como um elogio – principalmente na grade, característica acentuada pelo desenho em cunha do capô. A versão GT e as outras que trazem faróis bi-xenon terão também iluminação em LED, neste caso, no formato circular, colocando o carro na tendência atual.
O 508 inaugura um novo capítulo no design da Peugeot, deixando no passado os desenhos do 405 e 406, assinados pelo estúdio Pininfarina. O 508 tem mais personalidade, é mais afiado, mas com elegância e capaz de agradar a vários tipos de gostos.
Seu comprimento, um pouco abaixo dos 5 metros, reflete esta evolução, sendo mais de 10 cm maior que o 407, enquanto a versão ‘station wagon’ é ainda um pouco maior e tem ótima capacidade de carga de 1.965 litros, contra os 581 l do sedã.
A oferta de motores é bem variada e interessante, indo de unidades a gasolina de 1.6 l turbinadas, até uma interessante versão com 156 cv, surpreendentemente eficiente. Há também opções diesel, mesmo combustível usado na vitória em Sebring, cujo mais potente da linha é o 2.2 l HDI com 205 cv, que tem performance de um V6, mas com emissões de motor pequeno, reduzidas a um terço em relação à geração anterior, que girava em torno dos 223 g CO2/km e agora está na casa dos 150 g. A Peugeot se sobressaiu no trabalho de isolação acústica do chassi e a sensação dentro do carro é que o motor 2.2.l está desligado, não se sente nenhuma vibração.
Exclusivamente na versão GT que testamos, a suspensão dianteira é Multi-Link, ao contrário da McPherson do restante da linha. Sinal de que a Peugeot quer ter de volta seus consumidores interessados na esportividade, que migraram para outras marcas. O câmbio exclusivamente automático é muito preciso e a sensação de dirigibilidade é ótima, resultado do trabalho de economia de peso do conjunto. A ergonomia também ajuda bastante e não tem mais a neutralidade anterior, o acabamento é de alta qualidade, assim como os materiais empregados.
A estratégia comercial da Peugeot é bem ambiciosa para a Europa. O 508 GT será oferecido a R$ 78 mil, bem abaixo de seus rivais potenciais. A versão perua custará um pouco mais.
As versões mais baratas não terão tantos opcionais, nem o toque de ‘finesse’ aplicado no GT. A interferência dos pisos irregulares e o nível de ruído também não serão iguais. O câmbio é manual nas versões de 140 e 163 cv do motor HDi e não tem o mesmo nível de precisão da caixa automática. Mas, o 508 inaugura a era do e-HDi para a Peugeot, com o sistema stop/ start na versão HDi 1.6 l que trabalha em conjunto com o câmbio de seis marchas controlado eletronicamente.
Suas emissões serão de 114 g CO2/km no lançamento, número que deverá cair para abaixo de 100 g/km até o final do ano, ajudado pela adoção das entradas de ar ativas, que se fecham automaticamente para reduzir o arrasto aerodinâmico. Ironicamente, o modelo tem um dos piores coeficientes de penetração aerodinâmica.
O espaçoso e confortável interior mostra acabamento muito bom, de classe, além de trazer dezenas de porta-objetos, muito úteis principalmente em trajetos mais longos. Dá para dizer que é uma referência na classe, colocando-se como o melhor, incluindo-se aí o Passat na comparação. O 508 traz todas as modernidades exigidas atualmente por motoristas exigentes, como o ‘head-up display’ colorido, ar-condicionado quadri-zone, faróis com regulagem automática e banco do motorista com massageador. É um carro feito para executivos, completo e bem equipado.
Quando a Peugeot colocará este carro à venda? Primeiramente ele será colocado na frota da empresa, até porque ele inaugura uma nova era para a companhia numa classe tão competitiva e exigente. É natural que a Peugeot se cerque de segurança antes de colocar seu produto nos salões das concessionários e sob o exigente crivo de sua clientela. Não se trata de lançar uma versão melhorada de A4 ou de um BMW Série 3. Aqui é onde tudo começa para a Peugeot nesta nova incursão.
Mas a Peugeot está numa nova era, mais confiante e completamente ciente de onde quer e pode chegar. Com sua nova linha 508 e suas variantes, significa que não precisará vender tanto quanto vendia seus pequenos carros de rentabilidade menor. Num bom ano o 407 vendia por volta de 20 mil unidades.
Neste caso a meta é 6.000 unidades, com os bem sucedidos 3008 e 5008 preenchendo o resto do número. Significa também menos carros no mercado de usados e melhores preços de revenda. No final, a Peugeot pretende competir com o Passat enquanto inaugura uma nova era, um novo design e novas aspirações. O 508 é uma ótima ferramenta para isso.
PEUGEOT 508 GT HDI 200 AUTO
PREÇO: R$ 77 mil (na Europa)
MOTOR: 4 cil. 2.179 cc turbodiesel, 204 cv @ 3.500 rpm, 46,7 kgfm @ 2.000 rpm
TRANSMISSÃO: Seis marchas automático, tração dianteira
SUSPENSÃO: Estruturas Multi-Link na frente e traseira
PESO/MATERIAL: 1.736 kg/aço
COMPRIMENTO/LARGURA/ALTURA: 4.792/2.068/1.456 mm
DESEMPENHO: 0 a 100 km/h em 8,2 s, 230 km/h, 20 km/l, 150g CO2/km
Fonte: carmagazine
Disponível no(a):http://carmagazine.uol.com.br
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